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Presos Fase I (1936-1954)

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Fotografias de presos do Tarrafal (exposição)

Notas biográficas

As notas biográficas dos presos políticos que passaram pelo Campo de Concentração do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, pretendem disponibilizar aos leitores e aos investigadores elementos sobre as suas vidas, com especial relevância para os períodos e as circunstâncias em que nele foram encarcerados pela polícia política do regime de Salazar e Caetano.

Sabemos, no entanto, que nos faltam muitas informações e que os retratos que se apresentam são, quantas vezes, incompletos ou tendo mesmo, eventualmente, incorreções ou omissões que perturbam o seu entendimento.

Com recurso aos arquivos, às obras de memórias, aos familiares, aos estudos, académicos e de investigação, às entrevistas, reportagens e exposições conhecidas, tentámos reunir informação segura e isenta sobre cada um dos presos, acreditando que a sua publicação colmatará lacunas que persistem, contribuirá para aprofundar a visão, individual e global, do que foi o Tarrafal e ajudará ao esclarecimento de muitas questões que ainda permanecem difusas ou sem resposta suficiente.

Permitirá, também, o resgate de todos aqueles que durante trinta anos, de uma maneira ou de outra, passaram por aquele campo concentracionário e que importa não olvidar.

Abatino da Luz Rocha

Abatino da Luz Rocha
Nasceu em Silves, em 05-10-1905. Corticeiro, participou na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, pertencendo ao núcleo comunista. Preso e entregue, em 22-02-1934, pela Polícia de Faro à PVDE, «por fazer propaganda de ideias subversivas por meio de reuniões de uma célula comunista em Silves» e «fabricar bombas explosivas», passou pela 1.ª esquadra e seguiu, no dia 24, para a Casa de Reclusão da Trafaria. Condenado, em 30-05-1934, a 12 doze anos de degredo, ficando à disposição do Governo, embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde adoeceu com a febre biliosa, que o deixou magríssimo. Contribuiu para a construção de filtros de pedra vulcânica e porosa a fim de minorar, de forma artesanal, os efeitos da água insalubre dada aos presos. Regressou em 01-02-1946, entrou no Aljube e, no dia seguinte, seria entregue às Cadeias Civis Centrais de Lisboa. Transferido para Peniche, participou, em 20-09-1946, numa fuga coletiva através de uma claraboia existente nas casamatas. Radicou-se em Marrocos, vivendo com o nome «Cabrita».

Abicin Schuman

Abicin Schuman
Nasceu em 28-12-1893, na Polónia. Químico, foi detido em 02-07-1941, «por emigração clandestina e indocumentado», levado para Caxias e libertado em 04-10-1941. Preso pela PVDE em 22-02-1943, nas Caldas da Rainha, localidade onde lhe tinha sido fixada residência, e encaminhado para o Aljube, acusado de falsificar passaportes com os quais pretendia trazer a família de França, já que a mulher e os filhos se encontravam num campo de concentração em Lyon. Embarcou, em 12-06-1943, para o Tarrafal, sem julgamento. Regressou em 01-02-1946, ingressou no Aljube e, no mesmo dia, seguiu para Caxias. Voltou, em 14-08-1946, ao Aljube, a fim de dar entrada na sua enfermaria. Libertado em 04-12-1946, saiu de Portugal a bordo do navio «Lourenço Marques»?.

Abílio Augusto Belchior

Abílio Augusto Belchior
Nasceu em 01-01-1898, em Urros, Moncorvo. Marmorista no Porto, foi detido em 02-01-1932, por fazer parte da Confederação Geral do Trabalho. Libertado em 13-02-1932, seria novamente preso em 14-04-1932, acusado de participar em «atentados dinamitistas» no Porto. Em 22-06-1932, oi-lhe fixada residência na ilha Terceira, para o que entrou na Penitenciária de Lisboa em 16-07-1932, a aguardar embarque para os Açores, o qual não se concretizou». Voltou, em 26-07-1933, à Cadeia da Relação do Porto para ser julgado pelo TME, o que só aconteceu em 23-06-1934, indiciado de «fazer uso de bombas explosivas de grande potência». O Cadastro Político indica que foi preso por ter colocado uma bomba de rastilho «junto da porta da residência do Sr. Francisco Passo, adjunto desta Polícia no Porto». Condenado a 14 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, ingressou no Aljube de Lisboa em 19-03-1935 e, quatro dias depois, embarcou para Angra do Heroísmo no vapor «Carvalho Araújo». Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde integrou o grupo dos libertários e faleceu em 29-10-1937, com 39 anos de idade, vítima de ausência de tratamento antipalúdico.

Abílio da Silva Almeida

Abílio da Silva Almeida
Nasceu em 10-03-1907, em Oliveira de Frades, Viseu. Soldador, foi detido, «para averiguações», em 05-11-1942, enviado para o Aljube e libertado quatro dias depois, em 09-11-1942. Preso pela PIDE em 02-04-1947, novamente «para averiguações», seguiu para o Forte de Caxias e embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou incriminado, provavelmente por estar envolvido na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Tarrafal, vigiado por guardas da PIDE. Restituído à liberdade cerca de um mês depois, em 20-05-1947, permaneceu, com residência fixa, na Cidade da Praia, de onde regressou em 10-09-1947. Apresentou-se na sede da PIDE em 18-09-1947 e ficou em liberdade condicional até 01-08-1948, data em que aquela passou a definitiva.

Abílio Ferreira Ramada ou Abílio Fernandes Ramada

Abílio Ferreira Ramada ou Abílio Fernandes Ramada
Nasceu em 21-03-1911, em Lugar da Quinta, Boticas. Trabalhador, foi preso em 25-07-1935, no Posto de Valença, por ter sido expulso de Espanha, dando entrada naquela Comarca. Transferido, em 30-07-1935, para Vila Nova de Cerveira e confiado, em 06-08-1935, ao Subdelegado do Procurador da República. Entregue, em 31-07-1941, pela Comarca de Boticas à Delegação do Porto da PVDE, ficou à ordem do TME, pelo qual foi julgado em 13-08-1941 e condenado a dez anos de degredo. Recorreu da sentença, mas, em 31-08-1941, entrou no Forte de Caxias para ser deportado, em 04-09-1941, para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, seria libertado em 20-12-1945, ficando a aguardar embarque. Regressou a Lisboa, no vapor «Guiné», em 01-02-1946.

Abílio Gonçalves

Abílio Gonçalves
Nasceu em 16-10-1911, em Vinhó, Arganil. Em Lisboa, foi marçano e aprendeu o ofício de padeiro, tornando-se amassador. Filiado na Aliança Libertária Portuguesa, integrou a direção da Associação de Classe dos Manipuladores de Pão e pertenceu à sua Comissão Administrativa. Empregado numa padaria da Rua D. Pedro V, participou na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, sendo preso nesse dia, acusado de ter à guarda bombas de dinamite e material de propaganda. Espancado durante os interrogatórios e transferido para o Presídio Militar da Trafaria, o TME, de 24-03-1934, condenou-o a dez anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo, onde sofreu novas torturas e conheceu a a cela disciplinar designada «poterna». Enviado, em 23-10-1936, para o Tarrafal, suportou dezenas de dias de internamento na «frigideira». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, saiu em liberdade, partiu para Moçambique e, depois, estabeleceu-se na Suazilândia. Voltou depois do 25-04-1974, reatando ligações com os libertários. Faleceu em 20-01-2004, com 92 anos, em Pinheiro de Loures, onde estabelecera um restaurante e residia.

Abílio Gonçalves

Abílio Gonçalves
«O Garradas» Nasceu em 18-05-1884, em Silves. Corticeiro, anarcossindicalista desde jovem, era bom orador e destacou-se na sua associação de classe. A viver e a trabalhar no Barreiro, nomeadamente na fábrica Cantinho & Marques, envolveu-se nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Capturado nos dias subsequentes, havendo informações contraditórias quanto à data, acusado de participar numa reunião e ter na sua posse bombas de dinamite, a utilizar naquele movimento revolucionário, seria condenado, em 05-02-1934, a dez anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo, e seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, quando tinha 52 anos. Em Cabo Verde, passou, como castigo, pela prisão da Vila do Tarrafal, destinada aos locais, suportou a «frigideira» e sobreviveu a várias biliosas. Considerado uma pessoa original, rija, algo vaidosa, irreverente e com ligações à Organização Prisional Libertária, sendo um velho militante das lutas sindicais, foi libertado em 16-11-1945, por estar abrangido pela amnistia de 18-10-1945. Regressou em 01-02-1946, com a saúde muito abalada. Faleceu em 1948.

Abílio Guimarães

Abílio Guimarães
Nasceu em 15-11-1896, no Porto. Carpinteiro, com residência naquela cidade, onde tinha uma oficina, foi preso em 1930 e terá sido deportado para Timor, acusado de envolvimento num atentado bombista em preparação. Em 1937, encontrava-se degredado em Moçambique e, «em virtude da propaganda comunista que ali desenvolvia», enviado para Lisboa, tendo-se evadido «do navio em que vinha, simulando um suicídio e sendo capturado quando já em terra fugia à ação da Polícia». Preso e entregue pela Polícia Marítima à PVDE em 18-11-1937, entrou na 1.ª esquadra, seguiu, em 27-12-1937, para Peniche, regressou, em 07-04-1938, à 1.ª esquadra e, dois meses depois, passou para o Forte de Caxias. Considerado «um elemento extremamente perigoso, manipulador de bombas consequentemente indesejável», seguiu para o Tarrafal em 01-04-1939, sem nunca ter sido julgado ou condenado. Integrou o grupo dos libertários e, abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa, no barco «Guiné», em 01-02-1946, saindo em liberdade. Retornou ao Porto, onde faleceu em 24-09-1972.

Abílio Monteiro de Macedo

Abílio Monteiro de Macedo
Nasceu em 03-04-1886, em S. Filipe, Cabo Verde. Diplomado com o Curso Superior do Comércio, era comerciante, proprietário agrícola e armador em Cabo Verde. Republicano convicto e ativista político na I República, tendo sido fundador e proprietário do jornal «A Voz de Cabo Verde», pertencia à Associação Comercial Barlavento da ilha de São Vicente e protestou contra a inépcia da administração colonial portuguesa em assegurar o abastecimento do arquipélago, referindo a hipótese de recurso aos britânicos para garantir esses meios. Na Carta-Relatório dirigida ao ministro das Colónias, Francisco José Caeiro, datada de 30-09-1942, por Henrique Galvão, inspetor superior colonial, encarregado de inquirir sobre a situação das fomes de 1942 no Arquipélago e o papel dos comerciantes locais, afirma-se, textualmente, que este era «um comerciante de passado escuro e ideologia política avançada». Foi encarcerado no Tarrafal entre 10-09-1942 e 26-10-1942, embora fora do Campo, sendo, posteriormente, sujeito a outras medidas de coação, como a de «residência fixa». Faleceu em 1965, na cidade da Praia, com 79 anos de idade.

Acácio José da Costa

Acácio José da Costa
Nasceu em 1905, em Sacavém. Serralheiro nas Oficinas Gerais dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, aderiu ao PCP em 1933. Participou, na madrugada de 28-02-1935, na afixação, no Barreiro e Lavradio, de tarjetas «Contra a guerra imperialista e o fascismo», «Contra a ditadura de Salazar», pelo apoio ao «Socorro Vermelho Internacional» e pela «Jornada de 7 horas sem redução de Salários». Simultaneamente, foram hasteadas bandeiras vermelhas e uma, com a foice, o martelo e as iniciais do P.C.P. surgiu no topo da chaminé das oficinas da CP. Responsabilizado pela ação e interrogado, no Barreiro, em 10-03-1935, foi entregue, em 16-03-1935, à PVDE. Levado para uma esquadra, passou pelo Aljube e Peniche. Condenado, em 15-02-1936, a 18 meses de detenção, continuou em prisão preventiva depois de, em 06-09-1936, ter terminado a pena estabelecida pelo TME. Enviado, em 14-10-1936, para Caxias, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Regressou em 01-10-1944, reentrou em Caxias e foi libertado em 12-10-1944, regressando ao Barreiro. Faleceu em 28-11-1986, com 81 anos.

Acácio Tomás de Aquino

Acácio Tomás de Aquino

Nasceu em 09-11-1899, em Lisboa. Pedreiro, pertenceu às Juventudes Sindicalistas e à CGT, sendo seu secretário entre 1919 e 1933. Dirigente anarcossindicalista, foi detido em agosto de 1923, inculpado de distribuir manifestos. Com a Ditadura Militar, passou à semiclandestinidade e integrou o comité de ação da CGT que decretou a greve geral revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Preso em 11-12-1933, sob a acusação de distribuir explosivos a militantes insurrecionais, seria condenado, em 09-03-1934, a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Seguiu, em 08-09-1934, para Angra de Heroísmo e, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde conheceu a «frigideira», destacando-se na Organização Libertária Prisional e preparou, voluntariamente, as lápides dos que faleciam. Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça. Apesar da pena estar cumprida em março de 1946, continuou encarcerado por lhe faltar pagar vinte contos de multa. Regressou em 10-11-1949 e a liberdade definitiva foi-lhe concedida em 22-11-1952. Após o 25-04-1974, participou no renascer do movimento libertário e na reativação do jornal «A Batalha». Faleceu em 30-11-1998, em Lisboa, com 99 anos. 

O segredo das prisões atlânticas
Memórias
Autor: Acácio Tomás de Aquino
Edição: A Regra do Jogo, 1978

Adelino Alves

Adelino Alves
Nasceu em 17-11-1891, em Sintra. Funcionário público no Instituto de Orientação Profissional e contabilista ligado aos ferroviários, colaborava, desde 1933, com Manuel Vieira Tomé num movimento grevista revolucionário de caráter político, precedido de uma greve geral. Integrou comissões de angariação de fundos para as famílias dos ferroviários afastados do serviço e, envolvido nos preparativos do 18 de janeiro de 1934, coube-lhe preparar a sabotagem da via-férrea e provocar um descarrilamento entre as estações de Sabugo e do Cacém, o que não se concretizou, ficando-se pelo corte dos fios telegráficos e telefónicos no Alto do Ulmeiro. Preso em 16-04-1934, tendo na sua posse cerca de 900 exemplares do jornal republicano «A Verdade», ficou incomunicável. Condenado, em 01-09-1934, a 10 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, seguiu, em 23-09-1939, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, foi transferido para o Tarrafal, onde estava associado ao grupo dos republicanos e conheceu a «frigideira». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 16-12-1945 e ficou a aguardar embarque para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Adelino Fonseca

Adelino Fonseca
Nasceu em 11-09-1891, no Barreiro. Ajudante de motorista, com residência em Lisboa, foi preso em 21-07-1937, «para averiguações». Conduzido, incomunicável, para uma esquadra, seguiu, em 06-11-1937, para o Tarrafal, sem ter sido acusado, julgado ou condenado. Regressou em 01-10-1944 e levado para o Forte de Caxias, foi libertado em 12-12-1944, sete anos depois da sua detenção.

Adolfo Teixeira Pais

Adolfo Teixeira Pais
«O Cantador de Fado» ou «O Diabo» Nasceu em 07-07-1912, em Lisboa. Empregado comercial, foi detido pela PSP em 26-02-1933, quando pertencia às Juventudes Comunistas, levado para o Governo Civil e entregue à Polícia de Defesa Política e Social. Julgado pelo TME em 02-03-1934, seria libertado em 21-12-1934. Preso em 24-04-1935, «por extremista», quando era soldado recruta no Regimento de Artilharia de Costa N.º 1 - Trafaria, entrou na 1.ª esquadra, foi transferido, em 16-05-1935, para Peniche, voltou, em 12-07-1935, ao Governo Civil e saiu em liberdade em 22-07-1935, já licenciado. Preso em 19-02-1936, «enquanto comunista», permaneceu numa esquadra e, em 15-04-1936, seguiu para Peniche. Em 14-10-1936, passou para Caxias, antecâmara da deportação para o Tarrafal, para onde embarcou em 17-10-1936, e aí ficaria nove anos, sem julgamento e castigado com vários internamentos na «frigideira». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa em 01-02-1946, saindo em liberdade. Referenciado como eletricista, voltou a ser enclausurado em 18-08-1952 «por emigração clandestina». Recolheu à Cadeia de Castelo de Vide, sendo entregue, para ser julgado, ao Tribunal daquela Comarca.

Alberto Emílio de Araújo

Alberto Emílio de Araújo
Nasceu em 14-12-1909, em Almada. Professor, aderiu, em 1933, à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e, no ano seguinte, ao PCP, coadjuvando na redação do «Avante!». Em finais de 1935, integrou o Secretariado, devido à detenção dos principais dirigentes: responsável pela imprensa, envolveu-se na formação da Frente Popular Portuguesa (FPP). Deslocou-se a Madrid e, em 22-11-1937, regressado de Espanha, seria capturado pela PVDE e passou, repetidamente, pelo Aljube e outras esquadras, num percurso revelador das torturas a que o submeteram. Transferido, em 20-10-1938, para Caxias, foi condenado, em 29-04-1939, a 24 meses de prisão, faltando cumprir 196 dias. Enviado, em 01-05-1939, para Peniche, regressou, em 16-06-1939, à 1.ª esquadra, para embarcar, em 20-06-1939, para o Tarrafal, onde sofreu violências, humilhações e privações que agravaram a saúde débil e a tuberculose renal de que padecia, suportando dezenas de dias na «frigideira». Considerado «muito culto», ensinava os companheiros e funcionou como «bibliotecário». Libertado em 16-11-1945, regressou, muito doente, em 06-12-1945. Integrou o MUD e colaborou no associativismo almadense. Faleceu em 19-03-1955, com 45 anos, no Hospital de São José.

Alberto Grimeja ou Alberto Grinja

Alberto Grimeja ou Alberto Grinja
Lituano, nasceu em 05-04-1911. Operário, foi preso pela Delegação do Porto da PVDE em 15-07-1939, «para averiguações», por ter entrado no país clandestinamente e indocumentado. Transferido, em 10-06-1949, para Lisboa, passou pela 1.ª esquadra e, em 12-06-1940, seguiu para o Forte de Caxias. Por ter permanecido em Espanha durante a Guerra Civil, «havendo a suspeita de ter estado ao lado dos vermelhos», um despacho do ministro do Interior Mário Pais de Sousa de 10-05-1940 determinou a sua ida para o Tarrafal. Embarcou em 21-06-1940, sem julgamento ou culpa formada, integrando o grupo daqueles que tinham combatido nas Brigadas Internacionais. Regressou de Cabo Verde em 20-02-1945 e ingressou em Caxias, de onde foi libertado em 19-09-1945. Conduzido ao vapor «Klintz», foi-lhe interditada a entrada em território português. Teria família no Brasil.

Albino Afonso Rocha

Albino Afonso Rocha
Nasceu em 23-04-1896, em Viana do Castelo. Canteiro, foi preso pela Delegação do Porto da PVDE em 01-11-1939, «para averiguações», e transferido, em 28-01-1941, para Lisboa: recolheu à 1.ª esquadra e, em 30-01-1941, entrou no Depósito de Presos de Caxias. Segundo a sua «Biografia Prisional», viera de Espanha, onde exerceu «o cargo de tesoureiro do Sindicato da União Geral de Trabalhadores», «tomou parte ativa nos acontecimentos militares em Oviedo, em 1934» e, durante a Guerra Civil, «comparticipou» em ocorrências em Grado. Embarcou, em 27-02-1941, para o Tarrafal, sem ter sido julgado, sendo referenciado por Manuel Francisco Rodrigues como «o socialista que viveu a epopeia asturiana». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 16-12-1945 e ficou a aguardar transporte para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Albino António de Oliveira de Carvalho

Albino António de Oliveira de Carvalho
«O Carvalho das Batatas» Nasceu em 10-12-1884, em Póvoa de Lanhoso. Comerciante, passou 40 anos a caminho das cadeias e esteve deportado em Angola e Cabo Verde. Preso durante a monarquia (1898, 1908, 1909) e na I República (em 1917, 1918 e 1920), foi detido em 19-05-1927, em Tomar, por ter participado no movimento revolucionário de fevereiro e acusado da morte de uma praça da GNR. Enviado, em 14-06-1927, para a Penitenciária, passou por diferentes cárceres até ser deportado, em 29-06-1929, para África, regressando de Angola em 05-11-1934. Retornou à cadeia em 26-11-1934 e, quando libertado, ficou a residir em Alvito, Tomar, onde seria detido em 26-02-1937. Recolheu à 1.ª esquadra, seguiu, em 23-03-1937, para o Aljube e, em 08-08-1937, passou para Peniche, onde permaneceu 21 meses. Reentrou no Aljube em 07-05-1939 e deslocado, em 12-05-1939, para Caxias, embarcou, em 20-06-1939, para o Tarrafal, onde se identificou como republicano e sobreviveu pouco mais de dois anos. Faleceu em 22-10-1941, com 56 anos, vítima de biliosa anúrica, maus-tratos e falta de assistência médica.

Albino Coelho Júnior

Albino Coelho Júnior
Nasceu em 10-07-1897, em Lisboa. Motorista, foi capturado pela PSP de Faro, por andar fugido, e entregue, em 09-12-1936, à PVDE. Levado incomunicável para uma esquadra, entrou, em 15-01-1937, no Aljube, sendo transferido, em 16-03-1937, para Peniche, onde permaneceu até 02-04-1937, por ter sido despronunciado pelo TME. Pouco depois, em 10-04-1937, voltou a ser detido, a pedido do 2.º Tribunal Militar Territorial, e levado para o Aljube, de onde foi libertado em 23-04-1937, por ter sido absolvido por aquele. A última prisão, «para averiguações», aconteceu em 21-07-1937. Reentrou no Aljube e ficou em regime de incomunicabilidade, no «segredo», até que, em 06-11-1937, seguiu para o Tarrafal, onde seria castigado com dias de internamento na «frigideira». Faleceu em 11-08-1940, com 43 anos. Esta deportação poderá estar associada a uma eventual colaboração, enquanto motorista, com o ex-sargento Francisco Horta Catarino na tentativa de assalto à Repartição de Finanças da Lourinhã, ocorrida em 01-08-1936, e da qual resultou a morte de um funcionário.

Alexandrino Rodrigues Fernandes

Alexandrino Rodrigues Fernandes
Nasceu em 10-10-1914, em Castro Marim, Faro. Identificado como trabalhador a residir em Ayamonte, foi entregue pela polícia espanhola no Posto de Vila Real de Santo António em 18-08-1941. Recolheu à cadeia desta Comarca e, em 22-08-1941, passou para a alçada da PVDE, entrando no Aljube. Transferido, em 02-09-1941, para o Forte de Caxias, circulou entre esta cadeia, o Aljube e Peniche até ser enviado, em 20-06-1942, para o Tarrafal, sem julgamento ou culpa formada. Por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné». Saiu em liberdade e declarou ir morar em Vila Real de Santo António.

Alfredo Caldeira

Alfredo Caldeira
Nasceu em 11-07-1908, em Lisboa. Pintor decorador, pertenceu à direção da SNBA e tornou-se, em 1931, militante do PCP, onde integrou, em 1932, o Comité Regional de Lisboa, o Comité Central e o seu Secretariado, com responsabilidades na ORA. Detido em 28-10-1933, em Faro, entrou na Penitenciária, foi transferido para Peniche e embarcou, em 19-11-1933, para Angra do Heroísmo onde, em 20-08-1934, seria condenado em 690 dias de prisão e esteve, por duas vezes, internado no Hospital Militar. Regressou em 08-12-1935 e ingressou na 1.ª esquadra a fim de ser libertado por ter terminado a pena a que fora condenado, o que sucedeu em 10-12-1935. Seria imediatamente preso como «medida preventiva», encaminhado, em 07-01-1936, para Peniche e, em 21-04-1936, entrou no Aljube. Deportado, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde sofreu dias na «frigideira», pertenceu ao Secretariado da OPC e era considerado um «competente pintor das Belas-Artes». Faleceu em 01-12-1938, por falta de assistência médica e após doze dias em agonia, sempre lúcido, na sequência da segunda biliosa. Tinha 30 anos.

Alfredo Garcia

Alfredo Garcia
Nasceu em 24-02-1906, em Tomar. Pedreiro, a residir em Lisboa, foi preso em 13-04-1937, «por extremista», e levado para o «segredo» da Cadeia do Aljube. Passou, em 01-05-1937, para uma esquadra, incomunicável, seguiu, em 07-05-1937, para a 1.ª esquadra e regressou, em 02-06-1937, ao Aljube, a fim de ser deportado, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem julgamento ou processo. Regressou de Cabo Verde em 01-10-1944, recolheu a Caxias e, em 01-11-1944, seria julgado pelo TME. Condenado a dez anos de degredo, ingressou, em 04-12-1944, em Peniche. Posto à disposição do ministério da Justiça em 31-12-1945, continuou naquela cadeia, de onde apenas foi libertado em 20-01-1951.

Alfredo Rodrigues Xisto

Alfredo Rodrigues Xisto
Nasceu em 15-02-1916, em Tortosendo. Soldador, foi detido no Barreiro, «para averiguações», em 24-08-1943, enviado para o Forte de Caxias e libertado em 12-11-1943. Preso em 26-03-1947, «para averiguações», e levado para Caxias, seguiu, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido condenado, provavelmente por estar associado à paralisação dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Campo, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar embarque para Lisboa. Regressou no vapor «Guiné» em 07-11-1947 e apresentou-se na Diretoria da PIDE.

Alípio dos Santos Rocha

Alípio dos Santos Rocha
Nasceu em 03-01-1914, em Lisboa. Montador mecânico, era comunista e participou na Guerra Civil de Espanha, onde terá sido tanquista. Detido no posto fronteiriço de Beirã em 16-04-1941 e entregue à PVDE, recolheu, no dia seguinte, à 1.ª esquadra. Seguiu, em 01-05-1941, para o Aljube, passou por Caxias (15-05-1941) e Peniche (22-06-1941), até ser deportado, em 04-09-1941, para o Tarrafal, sem julgamento ou acusação. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade. Envolvido na «Revolta de Beja», foi preso em 01-01-1962 e entregue pela PSP local à PIDE, acusado de «tentativa de alteração da Constituição por rebelião armada». Ingressou em Caxias, passou, em 07-02-1962, para o Aljube e, em 15-03-1962, reentrou em Caxias, onde conheceu sucessivas punições, com privação de visitas, por infringir regras da «organização prisional». Julgado pelo Tribunal Militar Territorial de Lisboa em 29-07-1964, seria condenado na pena de 2 anos e 3 meses de prisão maior e na medida de segurança de liberdade vigiada por 2 anos. Transferido, em 25-09-1964, para Peniche, ficou em «liberdade vigiada» em 16-08-1965.

Álvaro Augusto Ferreira

Álvaro Augusto Ferreira
Nasceu em finais do século XIX, no Porto. Pintor, com residência em Lisboa, era militante do PCP e foi preso na serra de Monsanto em 24-04-1932, quando ensaiava, com outros ativistas, engenhos explosivos a utilizar nas ações do 1.º de Maio. Entrou no Aljube em 05-05-1932 e, em 24-05-1932, passou para a Penitenciária de Lisboa. Acusado de «comunista e bombista» e de ser um dos responsáveis pela preparação de ações violentas no primeiro quadrimestre de 1932, seria julgado, em 20-10-1934, pelo TME e condenado a 12 anos de degredo. Retornou ao Aljube em 20-03-1935 e, três dias depois, embarcou para Angra do Heroísmo, de onde seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal. Padeceu da ausência de medicação antimalárica, chegou a estar à morte e terá regressado de Cabo Verde por motivos de saúde, nomeadamente para ser operado, já que, em 05-02-1941, foi transferido para o Aljube e enviado para a sua enfermaria, onde permaneceu até 24-12-1941. Libertado, condicionalmente, nesta data, por ter sido indultado.

Álvaro Duque da Fonseca

Álvaro Duque da Fonseca
Nasceu em 24-11-1909, na Cidade da Praia, Cabo Verde. Estudante, integrou a direção da FJCP. Preso em 17-09-1932, numa reunião do PCP, foi submetido a «apertado interrogatório», torturado e espancado. Desertor, por não se apresentar, em agosto, em Mafra, seria entregue, em 15-12-1932, às autoridades militares. Evadiu-se em 06-02-1933 e refugiou-se em Madrid. Julgado pelo TME de 16-12-1933, ficou abrangido pela amnistia de 05-12-1932 quanto à ação política. Regressou, clandestinamente e reassumiu funções políticas e doutrinárias. Preso em 27-02-1935, quando era procurado há muito, passou por uma esquadra, Aljube (27-03-1935) Peniche (26-05-1935) e, de novo, Aljube (03-03-1936). Condenado, em 04-03-1936, a dois anos de prisão, embarcou, em 23-03-1936, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde sofreu dias na «frigideira» e integrou o Grupo dos Comunistas Afastados. Considerado «bastante culto», regressou em 01-10-1944 e seguiu para Caxias. Libertado em 12-10-1944, aderiu, em 1946-1947, à Fraternidade Operária Lisbonense. Partiu para Angola e, depois, para Moçambique, onde foi assassinado, com a mulher, no Dondo, Sofala, em 28-09-1971.

Álvaro Gonçalves

Álvaro Gonçalves
«O Álvaro das Carnes Verdes» ou «O Gonçalves das Carnes Verdes» Nasceu em 1899, em Lisboa. Cortador de carnes e militante do PCP, liderou, em 1931, a passagem da Associação de Classe dos Trabalhadores em Carnes Verdes de Lisboa da CGT para a CIS onde, em setembro de 1933, desempenhou funções diretivas e se envolveu na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Continuou ligado ao sindicalismo ilegal e, em 17-04-1934, seria preso por andar fugido e ser «agente de ligação» de José de Sousa. Ficou incomunicável, esteve em Peniche e, em 19-02-1935, entrou no Aljube para ser julgado, no dia seguinte: condenado em seis anos de desterro, reentrou, a 22-02-1935, em Peniche. Interpôs recurso, mas o TME, em sessão de 20-03-1935, confirmou a sentença e, em 08-06-1935, seguiu para Angra do Heroísmo. Transferido, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde passou pela «frigideira», perfilhou as posições de José de Sousa e integrou o Grupo dos Comunistas Afastados. Regressou em 01-10-1944 e libertado de Caxias em 12-10-1944, continuou a residir em Lisboa.

Américo da Cunha

Américo da Cunha
«O Neco» Nasceu em 17-12-1917, em Viseu. Serralheiro, foi entregue na PVDE em 19-05-1942, quando era soldado, a fim de ser encarcerado no Tarrafal durante um ano, conforme despacho do Subsecretário de Estado da Guerra, Santos Costa. Enviado para o Aljube e transferido, sucessivamente, para o Forte de Caxias (04-06-1942), Aljube (12-06-1942) e Caxias (18-06-1942), embarcou, em 20-06-1942, para Cabo Verde. Regressou do Tarrafal em 12-08-1943, tendo sido libertado nesta data.

Américo Fernandes

Américo Fernandes
Nasceu em 10-01-1903, em Vieira de Leiria. Picador de limas, militava no PCP desde 1933. Aquando da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, envolveu-se nas ações de Benfica e interveio no arremesso de bombas contra a máquina do comboio de passageiros que circulava entre o Calhariz e o Rossio. Preso em 07-03-1934, passou pela 7.ª esquadra, 1.ª esquadra (23-03-1934) e Aljube (19-04-1934). Condenado, em 14-08-1934, a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, embarcou, em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde conheceu a «frigideira», «se fez músico, gramático, poeta e compositor», autor de «Os ceifeiros» e «O cavador», aparece referenciado junto de anarquistas e libertários. Ficou à disposição do ministério da Justiça em 31-12-1945 e, por sentença de 23-11-1949, o Tribunal de Execução de Penas concedeu-lhe, por três anos, a liberdade condicional mediante certas condições. Libertado em 19-12-1949, regressou e apresentou-se, em 13-02-1950, na sede da PIDE, onde teria de comparecer nos primeiros sábados de cada mês. Em 17-01-1953, por novo acórdão, foi-lhe concedida a liberdade definitiva.

Américo Gonçalves de Sousa

Américo Gonçalves de Sousa
«O Russo» Nasceu em Lisboa, em 18-07 ou 03-08-1918. Fundidor, aderiu ao PCP quando trabalhava no Arsenal da Marinha. Preso em 07-09-1935 e levado para uma esquadra, circulou entre o Aljube e Peniche. Condenado, em 06-05-1936, a 18 meses de prisão, seguiu, em 17-10-1936, para o Tarrafal onde, cumprida a pena, permaneceu em prisão preventiva e adoeceu com uma biliosa. Regressou em 15-07-1940 e, libertado, continuou a ação política: esteve na reorganização do PCP, participou no II Congresso Ilegal e, quando era dirigente do Comité Local de Lisboa e membro do Comité Central, foi preso em 29-09-1955. Tornou a entrar no circuito prisional entre o Aljube-Caxias-Aljube, de onde se evadiu na madrugada de 26-05-1957. Retornou à clandestinidade até ser detido em 15-12-1961: enclausurado em Caxias, no Aljube e em Peniche, seria condenado, em 23-02-1965, a oito anos e meio de prisão e medida de segurança de internamento de seis meses a três anos, prorrogável, as quais iniciou em dezembro de 1968. Libertado em 20-10-1971. Faleceu em março de 1993.

Américo Martins Vicente

Américo Martins Vicente
Nasceu em 18-07-1905, em Lisboa. Serralheiro-mecânico e militante anarcossindicalista, com residência em Laveiras, foi preso pela PVDE em 07-11-1936, «para averiguações». Levado para uma esquadra, passou, em 13-01-1937, para a 1.ª esquadra, dando início à transferência sistemática de local de reclusão: Aljube (19-01-1937), 18.ª esquadra (22-01-1937), 1.ª esquadra (30-01-1937), Aljube (01-03-1937), Peniche (02-04-1937) e, de novo, Aljube (01-06-1937). Daqui, seria enviado, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde permaneceu cerca de nove anos sem qualquer julgamento ou condenação e integrou a Organização Libertária Prisional. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 12-01-1946, «bastante combalido», e regressou, no vapor «Guiné», em 01-02-1946, tendo deixado uma mensagem de despedida «aos camaradas libertários». Segundo Antónia Gato, esteve entre «os elementos que pugnavam pela integridade dos princípios libertários, «contra o poder do Estado» – em conjugação com os sindicalistas Abílio Guimarães, António Gato Pinto, João Gomes, Joaquim Pedro, José de Almeida, José Correia Pires e José Reboredo – em oposição à orientação política «que vinha sendo seguida sob a influência dos interesses dos comunistas». Depois de Abril de 1974, colaborou na republicação do jornal «A Batalha». Faleceu em 1989.

Ângelo Dias Ministro

Ângelo Dias Ministro
Nasceu em 09-07-1903, em Pardilhó, Estarreja. Carpinteiro, foi preso pela PIDE em 27-03-1947, «para averiguações». Enviado para o Forte de Caxias, seguiu, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem julgamento, provavelmente por estar associado à greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, dinamizada pelo PCP. Tal como os outros presos na mesma circunstância, ficou numa seção diferente daqueles que já se encontravam no Campo, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar embarque e regressou a Lisboa, no vapor «Guiné», em 07-11-1947, apresentando-se na diretoria da PIDE.

Aníbal da Silva Bizarro

Aníbal da Silva Bizarro
Nasceu em 21-02-1908, em Lisboa. Pintor, era militante do PCP e desenvolveu intensa atividade política em meados da década de 1930: controlou células, organizou outras e esteve associado à instalação e funcionamento de tipografias clandestinas. A militância comunista, sob os pseudónimos de «Russo» e «Vítor», foi detetada pela PVDE em dezembro de 1935, sendo preso pela PSP em 11-04-1937. Transferido, em 15-05-1937, para a Cadeia do Aljube, embarcou, em 05-06-1937, sem julgamento, para Cabo Verde. Regressou do Tarrafal em 01-10-1944 e entrou no Forte de Caxias. Julgado pelo TME em 01-11-1944, seria condenado a 23 meses de prisão, depois de ter passado 7 anos e 205 dias em «prisão preventiva». Libertado em 08-11-1944, manteve atividade política, vindo a trabalhar na empresa Philips. Esteve emigrado no Congo.

Aníbal dos Santos Barata

Aníbal dos Santos Barata
Nasceu em 17-01-1909, em Lisboa. Participou, enquanto civil, na revolução de 07 de fevereiro de 1927. Assentou praça na Armada, como voluntário, em 31-05-1927, prestou serviço em Angola e, em 1936, era 1.º Artilheiro no navio «Bartolomeu Dias». Participou na «Revolta dos Marinheiros» organizada pela ORA em 08-09-1936, e foi entregue, no dia seguinte, à PVDE pelos Serviços Centrais da Marinha. Recolheu à 1.ª esquadra, seguiu, em 29-09-1936, para a Penitenciária de Lisboa e seria condenado, em 13-10-1936, a quatro anos de prisão maior, seguidos de oito de degredo. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde contraiu tuberculose e «era o obreiro inexcedível de habilidade» na confeção do guarda-roupa e dos cenários das peças de teatro organizadas entre os deportados. Entregue ao ministério da Justiça em 31-12-1945, terá sido libertado em 16-03-1947. Fez, posteriormente, traduções de livros.

Antonino Francisco

Antonino Francisco
Nasceu em 1905, em Ervedal da Beira, Oliveira do Hospital. Carpinteiro, foi em 25-08-1932, por pertencer à Aliança Libertária de Lisboa. Libertado em 13-10-1932, voltaria a ser preso em 22-03-1933, acusado de ligações anarquistas. Julgado pelo TME em 19-04-1933, embarcou de Peniche para Angra do Heroísmo em 19-11-1933. Regressou em 09-11-1934, sendo libertado no dia seguinte e novamente preso em 04-11-1936. Mantido, incomunicável, numa esquadra, entrou no circuito de transferências entre cárceres, nomeadamente entre a 1.ª esquadra e o Aljube (19-12-1936). Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde sofreu dias de internamento na «frigideira» e, pela violência sofrida, aceitou denunciar os seus ex-camaradas. Para além de integrar o grupo dos «rachados», terá tido momentos de «loucura». Transferido, em 27-03-1941, para Caxias e julgado em 19-07-1941, a pena de degredo alterou-se para dois anos de prisão, dada por expirada. Não foi solto nesse dia, como estipulava o mandado de soltura, continuando em prisão preventiva por determinação da PVDE. Enviado, em 24-07-1941, para Peniche, seria libertado em 25-12-1941.

António Afonso Pereira

António Afonso Pereira
Nasceu em 22-07-1901, em Vila do Bispo. Fiel dos Caminhos-de-Ferro Portugueses e Secretário do Sindicato dos Ferroviários, participou nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, ficando encarregue de mobilizar ferroviários das linhas do Oeste e da Beira Baixa. Talvez por ter tentado a participação dos fatores das estações de Caldas da Rainha e de Leiria, que não aderiram, foi preso em 15-01-1934, três dias antes da eclosão daquele movimento. Condenado, em 19-03-1934, a três anos de desterro, embarcou para Angra do Heroísmo em 23-09-1934 e, dois anos depois, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal. Regressou em 15-07-1940 e saiu em liberdade. Condenado a três anos, cumpriu seis anos e meio.

António Afonso Teixeira

António Afonso Teixeira
Nasceu em 01-12-1895, em Lisboa. Torneiro-serralheiro, com residência na vila do Tarrafal, em Cabo Verde, foi entregue, em 22-09-1937, pelo Governo da Colónia de Cabo Verde à Administração do Campo do Tarrafal, onde deu entrada, «por manter ligações com os deportados políticos», sem ter sido julgado. Transferido, em 23-10-1937, para Lisboa e levado para a 1.ª esquadra, entrou, em 06-11-1937, no Aljube, sendo libertado em 30-11-1937. Transferido, em 26-12-1939, da Polícia Marítima para a PVDE, «por emigração ilegal». Encaminhado para o Aljube, seria libertado em 20-01-1940. Voltou a ser detido em 27-08-1941, «por emigração clandestina», e levado para o Forte de Caxias. Ficou, em 13-09-1941, sob a responsabilidade dos Tribunais Criminais de Lisboa.

António Amorim Luzio

António Amorim Luzio
«O Chaluga» Nasceu em 31-01-1901, em São Paio de Jolda, Arcos de Valdevez. Referenciado como lavrador, foi entregue pela Polícia Marítima à PVDE em 19-01-1936, por ter sido «expulso da América do Norte por indocumentado». Levado para a 1.ª esquadra, saiu em liberdade em 29-01-1936. Encaminhado, em 17-08-1941, da Comarca de Arcos de Valdevez para a Delegação do Porto da PVDE, ficou à ordem do TME. Condenado, em 26-08-1941, a 4 anos de degredo, passou, em 31-08-1941, para Caxias e, em 04-09-1941, seguiu para o Tarrafal. Durante a viagem, evadiu-se do vapor «Guiné» no porto de São Vicente, juntamente com Francisco Maria Dias, tendo sido, posteriormente, recapturado e encaminhado para o Campo de Concentração num vapor que assegurava a cabotagem insular. Fazia parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviados para o Campo por alegadamente possuírem armas proibidas. Novamente julgado em 25-11-1941, viu confirmada a pena anterior. Libertado em 16-03-1945, regressou e apresentou-se na diretoria da PVDE em 29-03-1945.

António Augusto Martins

«Filhito» Comerciante em Cabo Verde, Presidente da Associação Comercial de S. Vicente, protestou contra a inépcia da administração colonial portuguesa em assegurar o abastecimento do arquipélago face à fome reinante, referindo a hipótese de recurso aos britânicos para garantir esses meios. Na Carta-Relatório dirigida ao ministro das Colónias, Francisco José Caeiro, com data de 30-09-1942, assinada por Henrique Galvão, inspetor superior colonial, encarregado de inquirir sobre a situação das fomes de 1942 e o papel dos comerciantes locais, afirma-se que este era «conhecido pela alcunha de «Filhito», antigo democrático convicto e hoje membro, não menos convicto, da União Nacional». Foi encarcerado no Tarrafal entre 10-09-1942 e 10-10-1942, fora do Campo, sendo, posteriormente, sujeito a outras medidas de coação, como a de «residência fixa». Já Salomão Benoliel, Presidente da Associação Comercial de Santiago, entretanto hospitalizado na Cidade da Praia, e Sérgio Barbosa Mendes, «um comerciante que hoje é considerado a pessoa mais rica» da ilha de Santiago, que se encontrava em Lisboa «para onde foi, segundo ele próprio dizia, «comprar gente»», não seguiram para o Tarrafal.

António Augusto Pires

António Augusto Pires
Nasceu em 04-09-1893, em Faro. Sargento-ajudante reformado, com residência em Lisboa, foi julgado pelo TME em 09-02-1938, acusado de ter sido detentor, entre agosto de 1933 e 22-11-1937, de uma pistola e respetivas munições recebidas quando trabalhava na PVDE. Como não as tivesse entregado quando desligado do serviço, seria condenado a dois meses de prisão, pena considerada expiada com a já sofrida. Preso em 07-06-1941, «para averiguações», recolheu ao Aljube e, em 04-09-1941, seguiu para o Tarrafal, sem ter sido julgado e onde chegou a ser punido com dezenas de dias de internamento na «frigideira». Atendendo à anterior ligação à PVDE, tendo ido para Cabo Verde por castigo ou espionagem, e considerado um delator aliado da Direção do Campo, prejudicando com a sua atuação muitos dos presos anarquistas e comunistas, não merecia a confiança destes. Regressou em 17-01-1944, entrou no Hospital Júlio de Matos e, em 02-02-1944, passou para o Forte de Caxias. Libertado em 08-02-1944.

António Augusto Russo

António Augusto Russo
«O Bastardo» Nasceu em 07-03-1905, em Benavente. Trabalhador, foi preso em 21-12-1936, por «deter material explosivo», recolhendo, incomunicável, a uma esquadra. Passou, entre 04-01-1937 e 01-06-37, pelo Aljube e Peniche, seguindo para o Tarrafal em 05-06-1937, sem julgamento ou condenação e onde adoeceu, por mais de uma vez, com a biliosa. Regressou em 15-07-1940, entrou em Caxias e, em 30-07-1940, foi condenado a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Regressou ao Tarrafal pouco depois, em 14-09-1940, continuando associado ao grupo dos libertários. Em 31-12-1945, passou para a tutela do ministério da Justiça e, por sentença do Tribunal de Execução de Penas de Lisboa, de 29-06-1951, obteve a liberdade condicional em 27-07-1951, embarcou em 24-08-1951 e apresentou-se, em 29-09-1951, na sede da PIDE, ficando a residir no Montijo. Por despacho daquele Tribunal, de 29-03-1952, foi autorizado a viver no concelho de Santa Catarina, na Ilha de Santiago. Embarcou para Cabo Verde em 25-06-1952 e, em 13-10-1954, obteve a liberdade definitiva.

António Batista

António Batista
Nasceu em 27-03-1909, na Guarda. Serralheiro mecânico em Lisboa, foi detido em 01-12-1932 na fronteira de Elvas, quando regressava de Badajoz, «por suspeita de ter entendimentos com emigrados políticos em Madrid». Entregue pela Secção Internacional à Secção Político-Social em 04-12-1932, como não se tivesse provado que «aquelas cartas tratavam de assuntos revolucionários», saiu em liberdade em 08-12-1932, abrangido pela amnistia decretada três dias antes. Detido em 01-06-1937, quando marítimo, foi entregue pela PSP, acusado de dar a guardar, num estabelecimento, exemplares do «Avante!». Recolheu à 1.ª esquadra e saiu em 03-07-1937. Em 12-04-1939, encontrava-se na Cadeia de Monsanto e, dois dias depois, passou para a PVDE, acusado de ocupar-se de embarques clandestinos. Levado para o Aljube, seria devolvido, em 15-05-1939, às Cadeias Civis. Preso em 28-06-1939, por ter uma credencial da Secção Portuguesa do PCP dactilografada em francês, havendo a suspeita de receber e embarcar, clandestinamente, «extremistas fugidos à ação desta Polícia», seguiu para o Tarrafal em 19-09-1939, sem julgamento. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, saindo em liberdade.

António Carlos Castanheira

António Carlos Castanheira
Nasceu em 09-09-1904, em Carregal do Sal. Serralheiro, participou na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, na Marinha Grande, sendo preso e entregue pela PSP de Leiria à PVDE em 17-02-1934. Recolheu à 1.ª esquadra e foi condenado, em 14-04-1934, a 5 anos de desterro, embarcando, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo. Transferido, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde adoeceu, por mais de uma vez, com a biliosa e tentou o suicídio por, em abril de 1939, ter denunciado um documento a ser publicado no exterior, da autoria de Mário Castelhano e Luís da Costa Figueiredo. Regressou em 27-01-1944, seguiu para o Hospital Júlio de Matos e, em 02-02-1944, entrou em Caxias. Entrou, então, no circuito de transferência entre cárceres, com várias reentradas na enfermaria do Aljube: Aljube (10-03-1944), Caxias (04-05-1944), Peniche (23-05-1944), Aljube (05-01-1945) e Caxias (10-03-1945). Libertado em 04-10-1945.

António Correia

António Correia
Nasceu em 21-07-1895, em S. Pedro de France, Viseu. Capitão de artilharia e piloto-aviador, combateu na 1.ª Guerra Mundial e radicou-se em Viseu. Republicano antifascista, manifestou ao embaixador de Inglaterra, através de missiva intercetada, o apoio dos republicanos de Viseu à causa dos Aliados. Preso em 11-01-1942 e enviado para o Aljube, seguiu, em 19-01-1942, para a Casa de Reclusão da Trafaria, quando integrava a rede de espionagem anglo-portuguesa do «SOE», mais conhecida por «Rede Shell» (com o pseudónimo «Agente H.327a»). Demitido do Exército por Santos Costa, ministro da Guerra, voltou ao Aljube (08-07-1942), passou para Caxias (28-07-1942) e, em 05-08-1942, embarcou, sem julgamento, para o Tarrafal, onde permaneceu alojado fora do Campo. Regressou em 27-01-1944, recolheu ao Hospital Júlio de Matos, reentrou em Caxias e, em 23-05-1944, seria transferido para Peniche. Por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 01-11-1945. Continuou a intervenção oposicionista, conviveu com seareiros e lecionou até ser localizado e impedido pela PIDE. Faleceu em 1961, na Quinta das Mestras, Vila da Feira, vítima de hemorragia cerebral.

António de Cisneiros Gomes Ferreira

António de Cisneiros Gomes Ferreira
Nasceu em 07-03-1904, em Lisboa. Empregado bancário, foi preso em 17-04-1941, «para averiguações», levado para o Aljube e transferido, em 17-06-1941, para o Tarrafal, sem ter sido julgado. Teria sido enviado para Cabo Verde por espionagem a favor de Inglaterra, não merecendo consideração por parte de presos comunistas devido à forma como os tratava e ser «legionário». Por sua vez, Acácio Tomás de Aquino classifica-o como «fascista», pronto a prestar informações aos carcereiros e à direção do Campo. Transferido, em 15-05-1944, para Aljube, saiu, em liberdade condicional, em 27-05-1944.

António de Jesus Branco ou António de Jesus

António de Jesus Branco ou António de Jesus
«António Lindinho» Nasceu em 25-12-1906, em Carregosa, Vagos. Descarregador no Porto de Lisboa, foi detido em 26-08-1931, «por suspeita de ter tomado parte no movimento revolucionário deste dia» e libertado por «falta de provas». Preso e entregue, em 19-01-1932, pela PSP de Lisboa, «por suspeita de estar implicado numa tentativa de homicídio», ocorrida em dezembro de 1930, em Alferrarede. Enviado ao Juiz da Comarca de Abrantes, entrou, em 17-07-1932, na Seção de Vigilância Política e Social da Polícia Internacional e seria libertado em 08-12-1932, por ter sido amnistiado. Em março de 1935, a PVDE procurava capturá-lo, enquanto «elemento extremista bastante perigoso», estando em ligação com a comissão organizadora do Sindicato Unitário da Indústria do Vestuário. Preso em 12-07-1936, recolheu a uma esquadra, foi transferido, em 20-08-1936, para a 1.ª esquadra e, uma semana depois, entrou no Aljube. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, sem julgamento, onde permaneceu seis anos, acamado e dependente dos companheiros durante os últimos dias. Debilitado pelo paludismo e pela tuberculose, sem a devida assistência médica, faleceu em 28-12-1942, com 36 anos.

António Dias Mendes

António Dias Mendes
«O Gato Negro» Nasceu em 20-02-1908, Alvoco das Várzeas, Oliveira do Hospital. Relojoeiro, foi preso nesta localidade, dando entrada na Delegação da PVDE do Porto em 25-01-1941. Foi presente ao TME em 13-08-1941, desconhecendo-se a acusação, e seria condenado a 13 anos de degredo e transferido, em 31-08-1941, para o Forte de Caxias. Embarcou, em 04-09-1941, para o Tarrafal. Interpôs recurso, mas o TME, em sessão de 25-11-1941, confirmou a pena. Libertado em 03-11-1945, ficou, a seu pedido, a residir em Cabo Verde.

António Diniz Cabaço

António Diniz Cabaço
Nasceu em 29-10-1903, em S. Julião do Tojal. Marinheiro fogueiro, militante do PCP desde 1935, participou na «Revolta dos Marinheiros» organizada pela ORA em 08-09-1936. Foi um dos dois marinheiros que conseguiu escapar, vindo a entregar-se, dias depois, na Escola de Marinheiros. Enviado pelo Comando Geral da Armada à PVDE em 12-09-1936, acusado do crime de «insubordinação», recolheu à 1.ª esquadra e, em 18-09-1936, seguiu para a Cadeia Penitenciária de Lisboa. Condenado pelo TME, de 13-10-1936, a 4 anos de prisão maior, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo, embarcou para o Tarrafal em 17-10-1936, onde chegou no dia 29, quando completava 33 anos de idade, e era conhecido por o «Tojal». Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério da Justiça e permaneceu em Cabo Verde até dezembro de 1951, quando foi transferido para Peniche, onde entrou no dia 25-12-1951. Ingressou, em 19-03-1952, no Forte de Caxias a fim de ser internado na enfermaria. Faleceu em 1998.

António dos Santos Marcelino Mesquita

António dos Santos Marcelino Mesquita
Nasceu em 22-12-1912, em Leiria. Estudante, foi um dos principais anarquistas envolvidos na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934 no distrito de Leiria, sendo o responsável pelo corte de linhas telefónicas e telegráficas que impedissem as comunicações daquela cidade com Lisboa e Porto: a intervenção concretizou-se próximo do sítio conhecido por Cova das Faias e foram serrados três postes (dois telegráficos e um telefónico). Preso, o auto de declarações data de 25-01-1934 e, em 01-02-1934, seria entregue pela PSP de Leiria à PVDE, recolhendo à Casa de Reclusão da Trafaria. Condenado, em 28-02-1934, a cinco anos de desterro, embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, de onde regressou em 15-07-1940, por ter sido amnistiado, e saiu em liberdade. Trabalhou, como jornalista, no vespertino «República», onde foi chefe de redação e, depois, secretário-geral da direção até à sua extinção. Embora tenha abandonado a militância anarquista, continuou como libertário, tornou-se maçon do Grande Oriente Lusitano Unido, presidindo à direção da Escola Oficina n.º 1, em Lisboa. Faleceu em 18-09-1986.

António Enes Faro

António Enes Faro
Nasceu em 17-01-1916, em Mondariz, Pontevedra, Espanha. Pintor-caiador, com nacionalidade portuguesa, mas a residir e a trabalhar na Galiza, foi preso em 04-08-1936, na fronteira de Valença, entregue pelas autoridades espanholas sob a acusação de «extremista», «manter ligações com elementos comunistas espanhóis» e «andar armado aquando dos recentes acontecimentos no País vizinho». Levado para a cadeia da Comarca de Valença, seria enviado, no dia seguinte, para a Delegação do Porto da PVDE, onde foi fotografado. Transferido, em 14-10-1936, para o Forte de Caxias, a fim de embarcar, em 17-10-1936, para o Tarrafal, sem julgamento ou processo. Regressou em 15-07-1940 e saiu em liberdade por ter sido amnistiado, indo residir para Afife. Integrou a lista de anarquistas deportados para o Tarrafal, salientando Acácio Tomás de Aquino que, por ter exercido «uma grande ação, durante os primeiros dias da guerra civil espanhola, a família salvou-o de ser fuzilado, mandando-o para Portugal, onde foi preso».

António Faria Atayde e Melo

António Faria Atayde e Melo
Nasceu em 01-11-1914, em Angola. Desenhador em Lisboa, foi preso pela PVDE em 05-06-1939, à ordem do Tribunal Militar Especial, e recolheu à 1.ª esquadra. Nos sete meses seguintes, entrou e reentrou várias vezes no Forte de Caxias (21-06-1939, 04-11-39, 24-11-1939) e no Aljube (20-10-1939, 09-11-1939, 16-01-1940), num constante desassossego físico e psicológico. Condenado, em 17-01-1940, a 2 anos e 6 meses de degredo, embora se desconheça a acusação. seguiu, em 18-01-1940, do Aljube para Caxias e, em 23-02-1940, embarcou para o Tarrafal. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

António Fernandes Batista

António Fernandes Batista
Nasceu em 13-09-1907, em Coimbra. 1.º artilheiro no navio «Bartolomeu Dias», esteve envolvido na «Revolta dos Marinheiros» organizada pela ORA em 08-09-1936. Entregue, nesse mesmo dia, pelas autoridades da Marinha à PVDE, acusado do crime de «insubordinação». Levado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», transitou, em 16-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa. Condenado, em 13-10-1936, a uma pena de 4 anos de prisão maior celular, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi um dos «dois exímios construtores de instrumentos musicais». Entregue ao ministério da Justiça em 31-12-1945, foi transferido, em 20-05-1951, para Peniche e, em 13-01-1952, entrou na enfermaria do Forte de Caxias, aí permanecendo até 08-03-1952. Obtida alta, regressou a Peniche e saiu em liberdade em 06-04-1952, por mandado da Superintendência dos Serviços da Armada. Faleceu em 12-08-1995.

António Fernandes de Almeida Júnior

António Fernandes de Almeida Júnior
Nasceu em 08-05-1907, em Góis. Empregado do comércio, com residência em Lisboa, era militante do PCP. Preso pela PSP em 18 de janeiro de 1934, acusado de participar, em Xabregas, nas movimentações noturnas associadas à greve decretada para aquele dia e ter na sua posse duas bombas que não chegou a utilizar. Condenado, em 05-02-1934, a dez anos de degredo, ficando à disposição do Governo, embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo. Dois anos depois, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde era conhecido por «António de Góis» e integrou o grupo daqueles que quebraram perante a violência concentracionária, tornando-se num dos «rachados» mais em evidência junto da direção do Campo. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa, no vapor «Guiné», em 01-02-1946, saindo em liberdade.

António Ferreira da Costa

António Ferreira da Costa
Nasceu em 23-12-1904, em Sangalhos. Médico, foi detido pela PVDE em Coimbra, em 02-02-1942, acusado de ligações ao S.O.E. britânico (com o pseudónimo de agente H.560), e enviado, no dia seguinte, para o Aljube. Transitou, em 17-05-1942, para Caxias e, por determinação da diretoria da PVDE, seguiu, em 05-08-1942, para o Tarrafal, ficando «num pavilhão à parte». Recusou distinções e partilhou o quotidiano dos outros encarcerados, tendo um ofício, datado de 26-10-1943, «determinado que devia recolher ao Campo de Concentração da Colónia Penal, ficando no mesmo regímen dos restantes presos». Transferido, em 15-05-1944, para o Aljube, saiu, em 27-05-1944, em liberdade condicional. Dirigiu, em outubro, uma exposição ao ministro do Interior a denunciar as condições em que viviam e morriam os tarrafalistas e a atuação, criminosa, do médico e do diretor do Campo, tendo enviado para os tarrafalistas «milhares de escudos de medicamentos salvadores». Detido em 28-07-1952, passou pelo Aljube e Caxias (01-08-1952). Libertado em 25-09-1952, ficou impedido de exercer medicina em instituições públicas, mas continuou solidário com os presos e suas famílias. Faleceu em 20-07-2000.

António Francisco Almaço ou António Almaço

António Francisco Almaço ou António Almaço
Nasceu em 09-11-1911, em Lisboa. Pintor, foi preso e entregue pela PSP de Lisboa à PVDE em 14-07-1941, «para averiguações». Recolheu à 1.ª esquadra, seguiu, em 26-07-1941, para o Forte de Caxias e, em 04-09-1941, embarcou para o Tarrafal, sem qualquer julgamento e desconhecendo-se a acusação que lhe terão feito. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

António Franco Trindade

António Franco Trindade
Nasceu em 1906, na Ericeira. Litógrafo da Casa da Moeda, era militante do PCP desde, pelo menos, 1932: participou nos preparativos da jornada de luta de 29-02-1932 e integrou o núcleo responsável pelas ações previstas para o 1.º de Maio, com recurso a bombas não utilizadas anteriormente. Detido na serra de Monsanto, em 24-04-1932, e considerado «elemento duma atividade extraordinária e perigosíssimo pela ação revolucionária desenvolvida», embarcou, em 19-11-1933, de Peniche para Angra do Heroísmo. Condenado nos Açores, em 24-08-1934, a 14 anos de degredo, ficando, depois, à disposição do Governo, interpôs recurso, mas o TME confirmou a pena. Embarcou, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde pertenceu à Organização Comunista Prisional e, devido a divergências, juntou-se ao Grupo dos Comunistas Afastados. Subscreveu, Subscreveu, em 09-01-1946, a exposição dirigida por presos políticos no Tarrafal à Comissão Executiva do MUD, onde se apoiava as resoluções tomadas na sessão de 08-10-1945. Saiu, em liberdade condicional, em 30-05-1950, regressou ao Continente e apresentou-se na PVDE em 22-06-1950. A liberdade definitiva só aconteceu em 02-06-1953.

António Gato Pinto

António Gato Pinto
Nasceu em 02-08-1902, em Moura. Alistou-se, em 1924, na GNR, passou, em 1932, para o Regimento de Infantaria n.º 11, sendo afastado por se recusar a atuar contra grevistas. Domiciliou-se no Barreiro, trabalhou nos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, filiou-se no sindicato ferroviário e, inspirado em princípios anarquistas, participou na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Acusado de possuir explosivos, ocultados numa arrecadação da Companhia, seria preso em 23-01-1934, levado para a Cadeia do Barreiro e, depois, para a Casa de Reclusão da Trafaria. Condenado, em 07-02-1934, a 10 anos de degredo, embarcou, em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde participou na Organização Prisional Libertária e criticou a atuação de elementos comunistas. Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério do Interior: em julho de 1949, foi-lhe concedida, sob condições, liberdade condicional, saiu do Campo em setembro, apresentou-se, em Lisboa, em 11-11-1949, e fixou-se em Safara, «doente e envelhecido». A liberdade definitiva data de 06-10-1954. Manteve as convicções libertárias e faleceu em 13-02-1973, em Lisboa.

António Gonçalves Coimbra

António Gonçalves Coimbra
Nasceu em 07-03-1913, em Lisboa. Alistou-se na Armada em 1933 e era militante do PCP aquando da «Revolta dos Marinheiros» despoletada pela ORA em 08-09-1936. Grumete fogueiro no NRP «Bartolomeu Dias», foi entregue pelas autoridades de Marinha à PVDE, acusado do crime de «insubordinação». Seguiu para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», passou, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária e, julgado em 14-10-1936, pelo TME, seria condenado a 4 anos de prisão maior celular, seguida de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo. Interpôs recurso, tendo o TME, reunido em 21-10-1936, confirmado aquela sentença. Integrou, até ser afastado, a Organização Comunista Prisional, concebeu com Hermínio Martins, uma máquina de cortar o tabaco em rama e subscreveu, em 09-01-1946, a exposição dirigida por presos políticos no Tarrafal à Comissão Executiva do MUD, apoiando as resoluções tomadas na sessão de outubro de 1945. Entregue à tutela do ministério da Justiça em 31-12-1945. Por estar muito doente, seria transferido para o Continente em 18-03-1951, embarcando, na Cidade da Praia.

António Gonçalves ou António Gonçalves Calçada

António Gonçalves ou António Gonçalves Calçada
«O Calçada» Nasceu em 11-02-1921, em Monção. Resineiro, foi detido, seguindo, em 24-08-1938, de Monção para a Delegação do Porto da PVDE e ficou à disposição do TME que, em 05-09-1938, o julgou, absolveu e libertou. Em 13-12-1939, tornou a ser enviado de Monção para o Porto, aguardando julgamento pelo TME. Libertado, condicionalmente, em 27-05-1940, continuou a circular entre o Juízo de Direito da Comarca de Monção e aquela delegação, numa quase sobreposição de datas, intervenções e sentenças. Condenado, em 11-08-1940, a três anos de degredo por, em 23-04-1939, no lugar de Segude, fazer uso de arma proibida. Seguiu, em 10-11-1940, para Caxias e, em 14-11-1940, embarcou para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira». Regressou em 20-02-1945, recolheu ao Aljube e entrou na sua enfermaria em 23-02-1945. Teve alta em 28-02-1945 de fevereiro e entregue, nessa mesma data, às Cadeias Civis Centrais de Lisboa, ficando à disposição do Tribunal de Monção que o sentenciara, em 26-08-1940, a dois anos de prisão, que ainda não cumprira.

António Gonçalves Saleiro

António Gonçalves Saleiro
«O Viana» Nasceu em 26-02-1906, em Viana de Castelo. 1.º fogueiro no NRP «Bartolomeu Dias», participou na «Revolta dos Marinheiros» e, em 08-09-1936, foi entregue pelas autoridades de Marinha à PVDE, acusado de «insubordinação». Enviado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», seguiu, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária. Condenado, em 14-10-1936, a quatro anos de prisão maior celular, seguida de oito de degredo ou, em alternativa, a dezasseis anos de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi punido com dezenas de dias de internamento na «frigideira». Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério da Justiça. Transferido, em 14-09-1951, para a Fortaleza de Peniche, aí permaneceu até 27-05-1952, data em que ficou em liberdade definitiva, por mandado da Superintendência dos Serviços da Armada.

António Guedes Oliveira e Silva

António Guedes de Oliveira e Silva
Nasceu em 01-05-1901, em Vila Nova de Gaia. Motorista, foi detido em 06-11-1927, «por suspeita de conspirar contra a ditadura Militar e ser detentor de bombas explosivas», sendo libertado em 25-11-1927. Militante do PCP, voltou a ser preso em 07-11-1937, recolheu, incomunicável, a uma esquadra e, de seguida, entrou no ciclo de transferências entre cárceres: Aljube (17-03-1938), com vários períodos de internamento na enfermaria, Caxias (11-08-1938), 1.ª esquadra (09-12-1938), Caxias (10-12-1938), 1.ª esquadra (28-02-1939), Caxias (05-03-1939) e 1.ª esquadra (14-03-1939). Condenado, em 15-03-1939, a 11 anos de degredo, embarcou, em 01-04-1939, para o Tarrafal, onde viria a falecer, devido a uma biliosa, no dia 03-11-1941. Tinha 40 anos de idade.

António Guerra

António Guerra
Nasceu em 23-06-1913, na Marinha Grande. Empregado do comércio, aderiu, aos 16 anos, ao PCP e, em 1931, participou na criação do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Vidro. Participou, em 18 de janeiro de 1934, na ocupação da estação telégrafo-postal da Marinha Grande e obteve a rendição do posto da GNR. Andou fugido quatro dias, entregou-se e, espancado e torturado, seguiu, em 27-01-1934, para a PVDE de Lisboa. Condenado, enquanto «chefe da rebelião», a 20 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, seguiu, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, para o Tarrafal. Ao fim de sete anos de paludismo, trabalho forçado na «brigada brava», castigos na «frigideira» e alimentação inqualificável, a saúde começou a deteriorar-se. Regressou em 27-01-1944, seguiu para o Hospital Júlio de Matos e, entre 02-02-1944 e 23-05-1944, circulou entre Caxias, Aljube e Peniche. Posto à disposição do ministério da Justiça em 31-12-1945, tentou, no início de 1948, uma fuga. Reingressou no Tarrafal e, praticamente cego, faleceu em 28-12-1948, vítima de tuberculose e paludismo. Tinha 35 anos.

António Joaquim

António Joaquim
Nasceu em 29-07-1900, em Arganil. Carpinteiro, a residir e a trabalhar em Lisboa, foi preso em 04-11-1936, «para averiguações». Levado para o Aljube, entrou no ciclo infernal de transferência entre cárceres: esquadra (17-11-1936), onde ficou incomunicável, Aljube (02-01-1937), Peniche (02-04-1937), esquadra (15-04-1937), mais uma vez em regime de incomunicabilidade, e Aljube (14-05-1937). Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde permaneceu, sem qualquer julgamento ou condenação, mais de sete anos. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade no mesmo dia.

António Jorge Marques ou António Marques

António Jorge Marques ou António Marques
«O Marques da Ajuda» Nasceu em 1893, em Lisboa. Serralheiro, foi preso em 14-09-1927, acusado de envolvimento num movimento revolucionário: deportado para Angola quatro dias depois, regressou em 13-12-1928. Detido em 14-05-1930, por se reunir com «elementos revolucionários», foi solto em 10-06-1930. Procurado, em maio de 1932, por tentativa de libertação de reclusos da esquadra de Alcântara, seria capturado em 05-05-1933, devido às suas ligações e estar encarregado de obter material explosivo. Deportado, em 19-11-1933, para Angra do Heroísmo, acabaria por ser condenado, em 21-08-1934, a 14 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, sentença confirmada pelo TME em sessão de 30-08-1934. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde integrou o grupo dos republicanos e colaborou na produção de gelo. Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério da Justiça e, em 06-07-1949, entrou em Peniche. Saiu em liberdade condicional em 26-04-1951, apesar da pena ter terminado em 01-10-1950. «Bastante envelhecido», «sem familiares próximos», vivendo «numa extrema miséria», apesar de «excelente serralheiro civil», trabalhou com Edmundo Pedro na empresa Vóltio.

António Lopes de Sousa

António Lopes de Sousa
Nasceu em 27-01-1911, em Avis. Carpinteiro, terá aderido, em março de 1937, ao PCP, de onde foi afastado por considerar necessário eliminar Salazar. Preso, em 16-08-1937, acabou associado ao atentado de 04-07-1937, incriminado por José Maria Horta, depois de sistemáticos espancamentos e coagido pela PVDE a envolvê-lo na entrega, inexistente, da bomba. Levado, em 28-08-1937, para a Penitenciária, entrou no ciclo de transferências entre cárceres: Aljube (19-01-1939), Caxias (28-07-1939), Peniche (03-04-1940) e, de novo, Aljube (25-01-1941). Acusado de tentativa de assalto, de diligências no fabrico de explosivos e de ser «o autor do plano do atentado contra S. Ex.ª o Presidente do Conselho, cabendo-lhe as maiores responsabilidades na direção dos atos preparatórios», o que não correspondia à verdade, seria condenado, em 25-01-1941, a 10 anos de degredo. Transferido, em 30-01-1941, para Caxias, embarcou, em 27-02-1941, para o Tarrafal, Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça, foi libertado em 01-01-1950 e regressou em 10-03-1950. O nome não consta, enquanto arguido, da acusação de 29-11-1938, nem dos condenados pelo TME em 14-01-1939.

António Lúcio Bártolo

António Lúcio Bártolo
Nasceu em 04-10-1906, em Vila Flor, Bragança. Motorista, foi preso pela PVDE, «para averiguações», em 04-05-1937 e recolheu ao «segredo do Aljube». Transferido para a 1.ª esquadra (11-05-1937), voltou ao Aljube (12-05-1937) e, em 05-06-1937, seguiu para o Tarrafal, sem ter sido julgado e onde foi vítima, por mais de uma vez, da biliosa. Por não ter olfato, assumiu a difícil e nauseabunda tarefa de despejar diariamente no mar os dejetos dos presos, sempre sob escolta de agentes da PVDE. Regressou em 15-07-1940 e ficou encarcerado no Forte de Caxias, a fim de ser julgado. Condenado, em 30-07-1940, na pena de 24 meses de prisão, dada por expiada, saiu em liberdade em 02-08-1940. Voltou a ser detido em 23-11-1942, «para averiguações», e enviado para o Aljube. Libertado em 10-12-1942. Faleceu em 16-09-1963, em Lisboa.

António Marreiros

António Marreiros
Nasceu em 06-01-1910, em Ferrarias, Silves. Grumete de manobra do navio «Bartolomeu Dias», participou, em 08-09-1936, na «Revolta dos Marinheiros». Entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE, pelo crime de «insubordinação», foi enclausurado na «Mitra» e transferido para a Penitenciária dez dias depois. Condenado, em 13-10-1936, a 5 anos de prisão, seguidos de 10 de degredo ou, em alternativa, a 17 anos e meio de degredo, por estar armado e tentar a sublevação do Afonso de Albuquerque, seguiu, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde integrou a Organização Comunista Prisional, foi castigado com a «brigada brava», trabalhos forçados que se iniciavam às 6 horas da manhã, para terminar às 17 horas, e conheceu a «frigideira», onde penou dezenas de dias. Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério do Interior. O embarque de regresso aconteceu em 28-06-1953 e, em 06-07-1953, entrou em Peniche. Quando foi libertado, em 29-08-1953, tinha 43 anos, os pais já haviam falecido e o filho contava 22 anos e meio. Estabeleceu-se no Pinhal Novo, tomando, por trespasse, uma taberna.

António Nunes

António Nunes
Nasceu em 11-02-1916. Grumete fogueiro no NRP «Bartolomeu Dias», participou na «Revolta dos Marinheiros» e foi entregue, em 08-09-1936, pelas autoridades de Marinha à PVDE, acusado do crime de «insubordinação». Enviado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra da PSP, «Mitra», e transferido, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa, seria julgado, em 13-10-1936, pelo TME. Condenado a 4 anos de prisão maior celular, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi espancado, integrou a «brigada brava» e seria punido com dezenas de dias de internamento na «frigideira». Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério do Interior. O embarque de regresso aconteceu em 13-05-1951 e, em 20-05-1951, entrou em Peniche. Libertado em 06-04-1952, por mandado da Superintendência dos Serviços da Armada.

António Rodrigues da Silva

António Rodrigues da Silva
Nasceu em 07-02-1902, em Lisboa. Carpinteiro, foi preso na capital em 04-11-1936, «para averiguações», acusado de «estar envolvido na preparação do assalto ao cobrador da Alfândega de Lisboa». Levado, incomunicável, para uma esquadra, entrou no ciclo de transferências entre prisões: Aljube (14-12-1936), Peniche (02-04-1937), 1.ª esquadra (26-04-1937), Caxias (14-05-1937) e, do novo, Aljube (01-06-1937). Deportado, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem ter sido julgado, regressou em 01-10-1944, reentrou em Caxias e, em 01-11-1944, seria condenado a dez anos de degredo. Retomou a passagem pelos diferentes cárceres: Peniche (04-12-1944), Aljube (16-06-1945), Caxias (03-07-1947) e, de novo, Peniche (22-12-1945). Posto à disposição do ministério da Justiça em 31-12-1945, foi libertado de Peniche em 03-02-1951. Esteve encarcerado mais de 14 anos consecutivos.

António Sebastião Torrie

António Sebastião Torrie
Nasceu em 19-01-1913, na Régua. Enfermeiro, foi preso pela Delegação da PVDE do Porto em 20-05-1940, «para averiguações», no âmbito do assassinato do proprietário e capitalista António da Silva Freitas Gonçalves, ocorrido naquela cidade, na Rua do Bonjardim, 458, sendo acusados pela PVDE, sem provas fundamentadas, três galegos (os irmãos Vásquez Albela) e onze portugueses próximos do PCP. Transferido, em 08-09-1940, para Lisboa, recolheu ao Forte de Caxias. Condenado, em 22-03-1941, na pena de 8 anos de degredo, interpôs recurso e, em sessão de 07-05-1941, o TME alterou aquela para 4 anos de deportação. Embarcou, em 17-06-1941, para o Tarrafal, onde chegou a prestar auxílio de enfermagem aos presos, cooperando com Virgílio de Sousa, o principal enfermeiro entre os deportados. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné», e saiu em liberdade.

António Teodoro

António Teodoro
Nasceu em 12-01-1907, em Silves. Corticeiro, interveio nas lutas sindicais enquanto militante comunista e participou na organização local da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Preso e entregue, em 04-03-1934, pela Polícia de Faro à PVDE, acusado de comprar dinamite para o fabrico de bombas, seria condenado, em 14-05-1934, a 10 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Interpôs recurso, a sentença foi confirmada em 30-05-1934 e, em 23-09-1934, foi deportado para Angra do Heroísmo, nos Açores. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, de onde regressou em 01-02-1946, por estar abrangido pela amnistia de 18-10-1945. Ligado ao PCP, radicou-se na Margem Sul e, procurado, seria capturado no Montijo e enviado pela Câmara Municipal à PIDE em 10-10-1947. Entrou no Aljube e passou para as Cadeias Civis Centrais de Lisboa, para cumprir a medida de segurança imposta. O Tribunal de Execução das Penas, por sentença de 08-07-1949, concedeu-lhe, sob certas condições, a liberdade condicional por quatro anos, sendo libertado de Peniche em 11-07-1949. Regressou a Silves e obteve a liberdade definitiva em 17-07-1953.

António Teodoro da Silva Salvador

António Teodoro da Silva Salvador
Nasceu em 07-01-1916, em Castro Marim. Polícia de pesca, residia em Beja, era militante comunista e integrava, quando foi preso em 27-02-1942, a rede de espionagem anglo-portuguesa do «SOE», mais conhecida por «Rede Shell», sendo o agente H.531. Entregue pela PSP de Beja à PVDE em 06-03-1942, foi levado, incomunicável, para uma esquadra. Transitou, desde 29-04-1942 até 09-09-1942, entre o Aljube e o Forte de Caxias, sendo transferido, em 10-09-1942, para o Tarrafal, sem qualquer julgamento ou acusação, ficando alojado fora do Campo. Regressou em 27-01-1944 e conduzido para o Hospital Júlio de Matos, reentrou, em 02-02-1944, em Caxias. Julgado pelo TME em 05-04-1942, seria condenado em 20 meses de prisão, dada por expiada, e perda dos direitos políticos por 4 anos. Enviado, em 23-05-1944, para Peniche, saiu em liberdade condicional no dia 29 de maio.

António Vicente de Carvalho

António Vicente de Carvalho
Nasceu em 08-01-1910, em Lisboa. Empregado de escritório, foi preso pela PVDE em 13-04-1936, «para averiguações», e levado para uma esquadra. Transferido, sucessivamente, para o Aljube (28-04-1936), Peniche (24-09-1936) e Caxias (14-10-1936), seguiu, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi castigado com dias de internamento na «frigideira». Passou, em 13-12-1938, para Angra do Heroísmo, tornando-se o primeiro preso a sair do Campo a fim de ser julgado, em 17-07-1939, pelo TME. Condenado a dois anos de prisão, já expiada, regressou ao Continente em 24-08-1939 e saiu em liberdade. Detido novamente pela PVDE em 01-06-1940, foi entregue ao 8.º Juízo Criminal de Lisboa. Preso e enviado pela PSP de Lisboa à PIDE em 03-04-1946, recolheu ao Aljube e, em 15-05-1946, seguiu para Caxias, de onde foi libertado em 20-05-1946. Novamente detido pela PSP de Lisboa e remetido, em 02-03-1957, à PIDE, «para averiguações», recolheu ao Aljube, sendo solto em 06-04-1957. A última detenção deu-se em 30-04-1963, «para averiguações», seguindo para o Depósito de Presos de Caxias. Solto em 21-05-1963.

Ariosto Mesquita

Ariosto Mesquita
Nasceu em 1911, em Lisboa. Empregado de escritório, terá ingressado no PCP em 1929. Participou, quando prestava serviço militar no Regimento de Metralhadoras N.º 1, na revolta de 26 de agosto de 1931. Detido e levado para o Forte de Elvas, seria libertado devido à amnistia de 05-12-1932. Fugiu, em 1933, para Espanha: viveu em Madrid e Barcelona e estabeleceu contactos com outros exilados. Regressou, clandestinamente, em abril de 1934, foi capturado em 02-12-1934, «por estar envolvido em vários assuntos de caráter revolucionário», e levado, incomunicável, para uma esquadra. Passou, então, pelo Aljube (07-12-1934) e Peniche (20-03-1935), embarcando, em 08-06-1935, para Angra do Heroísmo. A mãe requereu, em 10-08-1936, que fosse despronunciado ou organizado um processo, mas sendo considerado «elemento conspirador de grande atividade e perigoso, pelo que se conserva preso preventivamente», seria enviado, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde padeceu de malária e sofreu dezenas de dias na «frigideira». Regressou em 15-07-1940, por ter sido amnistiado. Libertado, trabalhou na indústria farmacêutica e, em maio de 1969, encontrava-se a viver em Luanda.

Armando da Cruz Azevedo

Armando da Cruz Azevedo
Nasceu em 08-11-1889, em Lisboa. Com residência declarada em Madrid, seria detido na fronteira de Beirã, Marvão, em 18-12-1941 e transferido, de imediato, para a diretoria da PVDE, em Lisboa. Recolheu, incomunicável, a uma esquadra e seguiu, em 07-01-1942 para o Aljube. Embarcou, em 08-01-1942, para o Tarrafal, sem ter sido julgado e onde «escrevia desde manhã até à noite», «enigmático e misterioso», sem integrar nenhum dos diferentes grupos políticos. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 04-11-1945, ficou a aguardar viagem para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Armando dos Santos Calet

Armando dos Santos Calet
Nasceu em 1908, em Lisboa. Militante do PCP desde a I República, era serralheiro na Fábrica de Material de Guerra, em Braço de Prata, e Secretário Administrativo do Sindicato do Pessoal do Arsenal do Exército. Participou nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, estando envolvido na sabotagem do Cabo Submarino da Companhia Portuguesa Rádio Marconi, cujas cabines ficavam no Portinho da Costa, entre Porto Brandão e Trafaria: interveio, na noite de 17-01-1934, no corte de fios de duas daquelas cabines, andou fugido e foi capturado em 02-08-1934, após o regresso de Espanha, onde se refugiara. Enviado, em 22-11-1934, para o Aljube e transferido, em 20-03-1935, para Peniche, seguiu, em 08-06-1935, para Angra do Heroísmo. Sem nunca ter sido julgado, foi enviado, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira» e integrou a Organização Comunista Prisional. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 11-11-1945, regressou, no navio «Guiné», em 01-02-1946.

Armando Martins de Carvalho

Nasceu c. 1914, em Lisboa. Marceneiro, interveio no movimento sindical e, em 1933, integrou a FJCP. Detido em 04-02-1934, permaneceu incomunicável na 21.ª esquadra (Campolide), passou, em 26-02-1934, para a 1.ª esquadra e, em 03-04-1934, seguiu para o Aljube. Condenado, em 19-12-1934, a 15 meses de prisão, foi transferido, em 19-02-1935, para Peniche e libertado, por ordem do TME, em 11-05-1935. Preso novamente em 17-05-1936, no Barreiro, por «propaganda comunista», recolheu, incomunicável, à 15.ª esquadra (Caminho de Ferro) e, em 03-06-1936, foi enviado para os calabouços do Governo Civil, seguindo, em 28-07-1936, para Peniche. Condenado, em 31-10-1936, a 4 anos de prisão, voltou a entrar no ciclo de mudança de cárcere: 1.ª esquadra (30-10-1936), Aljube (18-11-1936), Peniche (20-11-1936) e, de novo, Aljube (01-06-1937). Enviado, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira». Emitido mandado de soltura em 08-05-1940, não foi cumprido por ordem do diretor da PVDE, por «haver inconveniente na sua libertação». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou, em 01-02-1946. Libertado, manteve atividade política.

Armando Rodrigues dos Santos

Armando Rodrigues dos Santos
«O Rouco» Nasceu em 16-09-1917, na Lapa, Lisboa. Cravador, foi detido pela PIDE, «para averiguações», em 03-04-1947, e enviado para o Forte de Caxias. Transferido, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido condenado, provavelmente por ter participado na paralisação dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Tarrafal, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar embarque e regressou a Lisboa no vapor «Guiné». Apresentou-se, em 07-11-1947, na sede da polícia política.

Armindo do Amaral Guimarães

Armindo do Amaral Guimarães
Nasceu em 09-02-1916, em Aveiro. Alistou-se como voluntário na Armada em 1933, teria ligações ao PCP e, em 08-09-1936, aquando da «Revolta dos Marinheiros» organizada pela ORA, era grumete fogueiro no NRP «Bartolomeu Dias». Entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE, acusado do crime de «insubordinação», seguiu para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», e passou, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa. Condenado, em 14-10-1936, a 4 anos de prisão maior celular, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo, interpôs recurso, mas o TME, em sessão de 21-10-1936, confirmou a sentença, quando já estava embarcado, desde 17-10-1936, com destino ao Tarrafal, onde adoeceu com a biliosa. Aí aprendeu também a tocar viola. Ficou sob a tutela do ministério da Justiça em 31-12-1945 e, em 21-01-1949, seria transferido para a Penitenciária. Libertado em 12-07-1951.

Armindo dos Santos Gama

Armindo dos Santos Gama
Nasceu em 01-05-1925, em Alcântara, Lisboa. Cravador, foi preso pela PIDE, «para averiguações», em 30-03-1947, e enviado para o Forte de Caxias. Transferido, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido condenado, tendo provavelmente participado na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Tarrafal, vigiado por guardas da PIDE. Regressou em 30-09-1947, sendo restituído à liberdade.

Armindo Fausto de Figueiredo ou Armindo Fausto Cardoso de Figueiredo

Armindo Fausto de Figueiredo ou Armindo Fausto Cardoso de Figueiredo
Nasceu cerca de 1911, no Bonfim, Porto. Empregado do comércio, era militante do PCP e foi preso em 09-06-1932, à ordem da Seção de Vigilância Política e Social da Polícia Internacional, quando era soldado, acusado de integrar a organização comunista da sua unidade: em 11-08-1932, sendo-lhe «fixada residência obrigatória em Timor ou em Cabo Verde». Condenado, em 15-07-1933, a dois anos de degredo, ficando à disposição do Governo, passou, em 22-09-1934, para o Aljube, referenciado como «comunista detentor de seis bombas», seguindo, em 19-12-1934, para Peniche e, em 20-03-1935, reingressou no Aljube. Embarcou, em 23-03-1935, para Angra do Heroísmo, e requereu, em julho e agosto, a libertação por haver terminado a pena a que fora condenado, o que foi indeferido pelo ministro do Interior, Henrique Linhares de Lima. Apesar do TME, de 31-07-1936, reunido em Angra, o ter condenado, por acontecimentos reportados a 1932, a seis meses de prisão, dada por expiada, continuou sem ser solto por intervenção da PVDE. Enviado, em 23-10-1936, para o Tarrafal, regressou em 01-10-1944 e entrou em Caxias. Libertado em 09-10-1944, continuou a residir em Lisboa.

Arnaldo Simões Januário

Arnaldo Simões Januário
Nasceu em 06-06-1897, em Coimbra, onde era barbeiro e organizador sindical dos operários. Militante libertário da União Anarquista Portuguesa e colaborador ativo da CGT, escreveu para diversos periódicos. Detido, pela primeira vez, em 1927, ficou privado da liberdade por diversas vezes: passou pelas cadeias do Governo Civil de Coimbra, do Aljube, da Trafaria e sofreu deportações para Angola, Açores e Cabo Verde, acabando internado, em 22-10-1931, no Campo de Concentração de Oekussi-Ambeno, em Timor. Libertado em 1933, regressou a Coimbra, onde assumiu a organização da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Preso em 26-01-1934, acusado de propaganda subversiva e de transportar bombas de dinamite, seria encarcerado no Aljube, onde foi barbaramente torturado, e no Presídio Militar da Trafaria. Condenado, pelo TME, a 20 anos de degredo, seguiu, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo, enfrentando vários dias de castigo na «poterna». Transferido, em 23-10-1936, para o Tarrafal, integrou a direção da Organização Libertária Prisional e faleceu em 27-03-1938, vitimado por uma biliosa anúrica, sem qualquer assistência médica, nem medicamentosa.

Artur da Silva Cardoso

Artur da Silva Cardoso
Nasceu em 28-10-1903, em Lisboa. Caldeireiro, foi entregue pela PSP na sede da PIDE em 09-04-1947, «para averiguações». Enviado para o Forte de Caxias, seria transferido, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem qualquer julgamento, provavelmente devido à greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, preparada pelo PCP. Vigiado por guardas da PIDE, permaneceu, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente daqueles que já se encontravam no Campo. Libertado em 20-05-1947, ficou com residência fixada na Cidade da Praia e aí se conservou até 10-09-1947, quando embarcou para Lisboa. Apresentou-se, em 18-09-1947, na sede da PIDE e ficou em liberdade condicional. Passou à situação de «liberdade definitiva» em 01-08-1948.

Artur da Trindade

Artur da Trindade
Nasceu em 29-11-1896, em Lisboa. Descarregador, foi preso em 10-08-1936, à ordem do TME, levado para a 1.ª esquadra e transferido, em 27-08-1936, para o Aljube. Julgado por aquele tribunal em 24-10-1936, acusado de, no dia 6 de fevereiro, ser portador de uma faca, tendo por agravante o «seu péssimo comportamento constante do processo», seria condenado em 7 anos de degredo para qualquer das colónias, à escolha do Governo. Novamente julgado em 07-11-1936, por ter interposto recurso, viu confirmada a sentença. Transferido, em 07-02-1937, para Peniche, regressou ao Aljube em 01-06-1937. Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde integrava o grupo dos «presos comuns», o que não impediu de ser punido com dias de internamento na «frigideira». Regressou em 01-10-1944 e levado para Caxias, saiu em liberdade em 12-12-1944.

Artur Esteves

Artur Esteves
Nasceu em 21-03 ou 21-04-1904, em Melgaço. Cesteiro, a residir e a trabalhar em Espanha, foi preso no posto fronteiriço do Peso, Melgaço, em 07-09-1936, entregue pelas autoridades espanholas que o detiveram e o expulsaram por estar indocumentado, «ter tomado parte ativa, ao lado dos comunistas, nos recentes acontecimentos revolucionários do País vizinho» e ser filiado no Partido Comunista Espanhol. Levado para a cadeia da Comarca de Melgaço, seria transferido, no dia seguinte, para Valença e, depois, no dia 9, para a Delegação do Porto da PVDE. Enviado, em 15-10-1936, para Caxias, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, sem ter sido julgado. Regressou em 08-02-1940 e saiu em liberdade. Detido novamente, em 12-10-1942, no posto fronteiriço de Valença, foi entregue pelas autoridades espanholas acusado de emigração clandestina. Levado para a cadeia da Comarca, passou, em 26-10-1942, para a jurisdição do Tribunal da Comarca de Melgaço.

Artur Gomes Crescêncio Fernandes Teixeira

Artur Gomes Crescêncio Fernandes Teixeira
«O Alfaiate» Nasceu em 06-03-1901, em Castro Daire. Detido em 1925 e 1926, acusado de bombista e de pertencer à Legião Vermelha. Dirigente da Associação Fraternal da Classe dos Operários Alfaiates de Lisboa e militante do PCP, foi preso em 22-06-1932, «por estar envolvido na organização comunista», habitando as suas sedes clandestinas. Estava para ser deportado para Timor ou Cabo Verde quando foi abrangido pela amnistia de 05-12-1932. Detido novamente, em 22-03-1935, «para averiguações», acabou solto três dias depois. Em 10-03-1937, quando já não teria militância ativa, seria preso, «sob a acusação de promover agitação e propaganda subversivas». Levado, incomunicável, para uma esquadra, passou, em 21-04-1937, para o Aljube. Condenado, em 15-05-1937, a dois anos e meio de degredo, ficando à disposição do Governo, por, em 1932, aquando da sua captura, ter uma pistola e 72 balas. Embarcou para o Tarrafal em 05-06-1937, onde foi castigado com a «frigideira» e permaneceu até 25-09-1944. Regressou em 01-10-1944, seguiu para Caxias e, em 13-12-1944, passou para a tutela das Cadeias Civis Centrais de Lisboa.

Artur Inácio Bastos

Artur Inácio Bastos
Nasceu em 30-04-1904, em Lisboa. Estofador, integrou, em 08-07-1926, o grupo de 31 indivíduos presos por serem «conhecidos na polícia como agitadores e legionários». Conduzido aos calabouços do Governo Civil, terá emigrado para o Brasil, de onde seria expulso em 1928. Combateu em Espanha pela República, frequentou a Escola de Carabineros de Castellón de la Plana e, em 1939, refugiou-se em França, ficando internado no campo de Gurs. Referenciado como «carabineiro do exército marxista espanhol», foi detido na fronteira, em Beirã, em 21-01-1941, «por estar incurso na Circular Confidencial 742 dos S.S. [Serviços Secretos]». Levado para a 1.ª esquadra, seguiu, em 06-02-1941, para Caxias e, em 20-02-1941, passou para o Governo Militar de Lisboa. Preso novamente em 23-09-1941, entrou na 1.ª esquadra e circulou por Caxias (28-10-1941), Peniche (02-11-1941) e Aljube (27-12-1941). Deportado, em 08-01-1942, para o Tarrafal, sem julgamento ou condenação, regressou em 01-02-1946, abrangido pela amnistia de 18-10-1945. Libertado, voltaria a ser detido em 31-03-1949, por suspeita de «atividades subversivas», levado para Caxias e, transferido, em 29-04-1949, para o Aljube. Solto em 24-05-1949.

Artur Rodrigues Paquete

Artur Rodrigues Paquete
Nasceu em 28-05-1906, em Almancil, Loulé. Emigrou, em 1927, para Espanha e, em 1930, seguiu para França, onde viveu até 1938. Aderiu à CGT e filiou-se, em 1935, no PCF. Trabalhou como mineiro em Saint-Étienne, manteve contactos com a Federação dos Emigrados Portugueses, sediada em Paris e, por intermédio do PCF, entrou, em 31-05-1938, em Espanha, integrando a 14.ª Brigada, 2.º Batalhão, 1.ª Companhia. Participou em combates, pediu a admissão ao PCE e desempenhou as funções de comissário do «Centro de Desmobilização dos Camaradas Portugueses» em Torelló, Barcelona. Em dezembro, deslocou-se, com os portugueses das Brigadas Internacionais, para Puig-Alt de Ter. Atravessou os Pirenéus no início de 1939, esteve nos campos de internamento de Argelès-sur-Mer e de Vernet d'Ariège e seria preso no posto fronteiriço de Beirã, em 06-05-1941, quando regressava a Portugal. Passou pelo Aljube (03-06-1941), Caxias (08-07-1941) e Peniche (06-08-1941) e, em 20-06-1942, seria deportado para o Tarrafal, sem julgamento. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e saiu em liberdade. Terá voltado para França, onde tinha família.

Augusto Alves Macedo

Augusto Alves Macedo
Nasceu em 01-07-1914, em Tomar. Estudante, foi enviado pela Polícia de Investigação Criminal à PVDE em 28-07-1937. Recolheu, incomunicável, a uma esquadra, e iniciou o percurso por outros cárceres: Aljube (04-10-1937), Caxias (15-11-1937) e 1.ª esquadra (06-05-1938). Condenado, em 07-05-1938, a oito meses de prisão, pena dada por expiada, reentrou, em 13-05-1938, em Caxias e seria solto em 06-07-1938. Preso de novo em 02-12-1939, entrou no Aljube e, em 08-02-1940, passou para Caxias. Condenado, em 18-05-1940, a 4 anos de prisão e transferido, em 15-06-1940, para o Aljube, constava do seu cadastro que, «apesar de ter sido já condenado no TME por exercer atividade comunista», «não se regenerou, continuando sempre a trabalhar ativamente na propaganda, ligado a elementos de preponderância dentro da organização comunista». Seria, à data da captura, «controleiro do Comité Regional do PCP». Enviado, em 21-06-1940, para o Tarrafal, tentou fugir em maio de 1943, sendo «torturado cruelmente», e totalizou dezenas de dias na «frigideira». Por dissidências com a Organização Prisional Comunista, passou a integrar o Grupo dos Comunistas Afastados, regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Augusto Costa

Augusto Costa
Nasceu em 25-03-1901, em Marrazes, Leiria. A viver na Marinha Grande, era oficial vidreiro na empresa «Santos Barosa», onde era o responsável pela célula do PCP, esteve envolvido na criação do Sindicato Vidreiro e participou na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934: fez parte da brigada que escoltou os soldados da GNR, e o respetivo sargento comandante, que se tinham rendido aos revoltosos. Entregue pelo Comando da PSP de Leiria à PVDE em 01-02-1934, seria condenado a 5 anos de desterro e deportado, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo. Requereu, em 30-06-1936, para ser amnistiado, tendo, no entanto, sido transferido para o Tarrafal em 23-10-1936. Faleceu em 22-09-1937, menos de um ano após a sua chegada ao Campo, em resultado das terríveis condições ali encontradas, das torturas, das doenças e da crónica falta de assistência médica e medicamentosa. Tinha 36 anos de idade.

Augusto da Costa Valdez

Augusto da Costa Valdez
Nasceu em 01-02-1914, em Almada. Empregado de escritório e militante do PCP desde 1934, com responsabilidade em tipografias clandestinas. Detido em 15-05-1935, «por político», percorreu esquadras e os cárceres de Aljube e de Peniche, sendo libertado em 19-10-1935, por haver terminada a pena de 5 meses de prisão imposta pelo TME. Reentrou na clandestinidade, sendo preso em 13-01-1938, «por fazer parte da organização comunista» e ficou, incomunicável, numa esquadra. Condenado, em 02-04-1938, a 4 anos de prisão, entrou no Aljube em 04-06-1938 e passou, em 22-07-1938, para Peniche, de onde tentou, em 18-11-1938, a fuga num barco. Recapturado, seria espancado, torturado e transferido, em 23-11-1938, para Caxias, de onde se evadiria em 19-03-1939. Detido em 27-05-1939, seguiu para o Aljube e, em 20-06-1939, embarcou para o Tarrafal por ser «um perigoso agitador». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e saiu em liberdade. Em 1948, começou a trabalhar no jornal «A Bola». Preso em 01-07-1959, «por atividades subversivas», seria libertado em 14-07-1959. Casapiano, faleceu em 1988.

Augusto da Cruz

Augusto da Cruz
«O Ricardo» Nasceu em agosto de 1919, em Freixianda, Vila Nova de Ourém. Serrador, foi preso em 30-06-1942 e entregue na Delegação do Porto da PVDE pelo tribunal da Comarca de Viseu. Ficou à ordem do TME que o condenou, em 10-07-1942, a 12 anos de degredo. Transferido, em 30-08-1942, para a Diretoria da PVDE, foi enviado para o Forte de Caxias, até embarcar, em 10-09-1942, para o Tarrafal, onde integrava o grupo dos «presos comuns». Adoeceu com febres altas e aprendeu a ler e a escrever com a ajuda dos deportados políticos. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné», saindo em liberdade.

Augusto Damas

Augusto Damas
Nasceu em 24-06-1909, em Pereiro, Penafiel. Jornaleiro, deu entrada na Delegação do Porto da PVDE em 29-05-1940, ido de Pinhel, para julgamento no TME, o que só sucedeu em 11-08-1940. Acusado de, no mês de agosto de 1939, «ter feito uso de 2 cartuchos de dinamite», seria condenado na pena de 3 anos de degredo em local a determinar pelo Governo. Transferido, em 10-11-1940, para o Forte de Caxias, embarcou, em 14-11-1940, para o Tarrafal. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Augusto Joaquim Raimundo

Augusto Joaquim Raimundo
Nasceu em 1889, em Pereiros, Carrazeda de Ansiães. Latoeiro, deu entrada na sede da PVDE em 08-08-1940, ido de Carrazeda de Ansiães, e permaneceu na 1.ª esquadra à ordem do TME. Transferido para Caxias (09-08-1940) e para o Aljube (05-12-1940), seria julgado em 07-12-1940 e condenado a 8 anos de degredo, acusado de, «desde data indeterminada até 15 de setembro de 1940, ter sido detentor de pistola automática de calibre 7,65 m/m». Conforme consta do seu registo prisional, «era detentor e muitas vezes portador da referida arma, com que ameaçava as pessoas pacíficas, tornando-se necessária a intervenção da GNR, por o considerar desordeiro e perigoso». Como não se tivesse provado «a falta de intenção criminosa e de culpa» e «atendendo a que o réu já sofreu uma condenação a pena maior por crime de homicídio foi condenado na pena acima referida». Reentrou, em 10-12-1940, em Caxias e, em 27-02-1941, seguiu para o Tarrafal. Libertado em 20-12-1945, por estar abrangido pela amnistia de 18-10-1945, ficou a aguardar embarque e regressou em 01-02-1946.

Basílio Lopes Pereira

Basílio Lopes Pereira
Nasceu em 25-12-1893, na Marmeleira, Mortágua. Advogado, foi preso em 26-04-1930, no Porto, acusado de «agente de ligação entre os elementos revolucionários de Coimbra e Viseu». Deportado, em 08-07-1930, para Angra do Heroísmo, participou, em abril de 1931, na «Revolta das Ilhas». Refugiou-se em Espanha, regressou clandestinamente e envolveu-se na Revolução de 26 de agosto de 1931. Detido em 01-11-1932, em Lisboa e amnistiado, seria libertado em 08-12-1932. Detido novamente em 11-03-1933, ficou livre em 20-03-1933. Encontrava-se fugido à polícia em setembro de 1934, tendo sido sentenciado em 08-05-1935, à revelia, a sete anos de desterro. Capturado em 26-09-1938 e julgado, em 27-06-1939, viu a pena de desterro alterada para cinco anos. Esteve em Peniche e Caxias e, a 23-02-1940, seguiu para o Tarrafal, onde integrou o grupo conotado com os republicanos e chegou a estar numa barraca fora do Campo. Regressou em 10-06-1942 e saiu em liberdade. Preso em 24-11-1949, por dois dias, foi candidato da Oposição pelo círculo de Aveiro em 1953. Faleceu em 25-05-1959, em Lisboa.

Benjamim Inácio Garcia

Benjamim Inácio Garcia
Nasceu em 13-02-1917, em Lisboa. Carpinteiro de moldes do Arsenal da Marinha, seria militante do PCP e foi detido, em 05-09-1935, «por ordem superior». Levado para uma esquadra, passou por Peniche (29-11-1935) e pelo Aljube (24-03-1936) e seria libertado em 10-04-1936, por ter sido absolvido pelo TME. Preso em 08-03-1937, «para averiguações», recolheu ao Aljube, passou por esquadras (06-04-1937, 11-05-1937) e retornou ao Aljube em 02-06-1937. Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou condenado, e onde adoeceu com a febre biliosa. Regressou em 01-10-1944, muito debilitado pela tuberculose, levado para o Forte de Caxias e julgado, em 01-11-1944, pelo TME. Depois de uma prisão preventiva de 7 anos e 238 dias, seria condenado na pena de 23 meses de prisão, dada por expiada. Libertado em 07-11-1944.

Bento António Gonçalves

Bento António Gonçalves
Nasceu em 02-03-1902, em Fiães do Rio, Montalegre. Torneiro mecânico no Arsenal da Marinha, tornou-se militante do PCP em 20-09-1928 e, em 21-04-1929, era eleito Secretário-Geral. Detido em 29-09-1930 e enviado, em 08-10-1930, para S. Julião da Barra, foi desterrado para Lajes do Pico e, em 15-02-1931, transferido para as ilhas do Sal e do Fogo. Regressou em fevereiro de 1933, entrou na clandestinidade, interveio no VII Congresso da Internacional Comunista e foi preso em 11-11-1935, após o regresso de Moscovo. Transferido, em 20-12-1935, para o Aljube, seria deportado, em 08-01-1936, para Angra do Heroísmo, condenado a 6 anos de desterro e enviado, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde sobressaiu na organização prisional dos comunistas, nos debates ideológicos e orientações político-partidárias. Dotado de conhecimentos e capacidades técnicas, contribuiu para a construção de engenhos úteis ao quotidiano e dirigiu a oficina de serralharia, tendo sido criticado pelo voluntarismo em evidenciar que os deportados não eram desqualificados. Apesar das condições vividas, Manuel Firmo nunca o ouviu «pronunciar uma palavra menos correta, mesmo em relação aos próprios carcereiros» e «tão-pouco o vi exaltar-se». Faleceu em 11-06-1942, aos 40 anos, vítima da biliosa e sem a devida assistência médica.

Bernardino Augusto Xavier

Bernardino Augusto Xavier
Nasceu em 1903 ou 1904, em Santo André, Estremoz. Serralheiro mecânico das oficinas dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, no Barreiro, integrou, em julho de 1933, um Comité de Ação formado no seio da CGT. Participou na preparação da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, fazendo parte do comité local da Confederação e era um dos responsáveis pela aquisição, transporte e distribuição de materiais para o fabrico de bombas. Destacado para o Porto, a fim de colmatar, sem sucesso, falhas organizativas, estava no Barreiro aquando da sua eclosão, sem ter tido qualquer ação significativa. Julgado, à revelia, em 10-10-1934, seria condenado a 3 anos de desterro. Preso, «como revolucionário bombista», e entregue pela Administração do Concelho do Barreiro à PVDE em 02-02-1935, ficou incomunicável. Transferido, em 11-02-1935, da 1.ª esquadra para o Aljube e, no dia 22, para Peniche, seria deportado, em 08-06-1935, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, para o Tarrafal, havendo, entre outros presos, desconfianças sobre a sua atuação. Regressou em 17-07-1940, recolheu a Caxias e foi libertado em 16-06-1941.

Bernardo Casaleiro Pratas

Bernardo Casaleiro Pratas
Nasceu em 20-02-1899, em Coimbra. Serralheiro dos Serviços Municipalizados de Coimbra, era sindicalista e militante da União Anarquista Portuguesa. Participou na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, sendo um dos autores do rebentamento, na noite de 17 para 18, de duas bombas nos transformadores de energia da Central Elétrica de Coimbra. Preso em 21-01-1934, foi confiado, em 30-01-1934, à PVDE. Condenado, em 09-02-1934, a 20 anos de degredo, embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde foi castigado com dias de internamento na «frigideira» e seria atingido pela biliosa. Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça, permaneceu no Campo até quase ao seu encerramento provisório: por fim, trabalhava na padaria da vila do Tarrafal e regressava para pernoitar. Transferido, em 31-12-1953, para Peniche, entrou, em 16-01-1956, sob prisão, no Sanatório Sousa Martins, na Guarda, devido à tuberculose que contraira em Cabo Verde. Foi-lhe concedida a liberdade condicional pelo prazo de três anos, mediante condições, em 15-11-1956. Retomou a vida familiar em Coimbra e faleceu em 12-08-1989, com 90 anos.

Boaventura Gonçalves

Boaventura Gonçalves
Nasceu em 05-01-1907, em Silves. Operário da construção civil, participou na revolta de 26 de agosto de 1931, foi preso, nesse mesmo dia, pela PSP e conduzido à Cadeia Nacional. Deportado para Timor, embarcou, em 02-09-1931, no navio Pedro Gomes. Abrangido pela amnistia de 05-12-1932, desembarcou, em 09-06-1933, no Cais da Rocha do Conde de Óbidos e apresentou-se, em 12-06-1933, na polícia política. Quando estava como empregado de comércio e era responsável por uma tipografia clandestina do PCP, foi detido, em 12-07-1936, pela PVDE. Conduzido para uma esquadra, passou, em 17-08-1936, para a 1.ª esquadra e, em 27-08-1936, para o Aljube, embarcando, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde padeceu da biliosa. Integrou a Organização Comunista Prisional e, na sequência de divergências no seu seio, transitou para o Grupo dos Comunistas Afastados. Regressou em 01-10-1944, seguiu para Caxias e, em 01-11-1944, seria julgado e condenado pelo TME em 24 meses de prisão, quando já levava mais de 8 anos de encarceramento e deportação. Libertado em 08-11-1944.

Cândido Alves Barja

Cândido Alves Barja
Nasceu em 24-04-1910, em Castro Verde. 1.º artilheiro no navio «Bartolomeu Dias», seria militante do PCP e participou na «Revolta dos Marinheiros» organizada pela ORA em 08-09-1936. Entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE, acusado do crime de «insubordinação», recolheu ao 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», e seria transferido, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa. Condenado, em 13-10-1936, a cinco anos de prisão maior celular, seguidos de dez de degredo ou, em alternativa, a 17 anos e meio de degredo, embarcou para o Tarrafal em 17-10-1936. Faleceu em 26-09-1937, com 27 anos, devido às graves carências higiénicas, trabalho forçado, maus-tratos e tortura. Num espaço de apenas quatro dias, morreriam no Tarrafal mais cinco presos.

Cândido da Conceição Vieira da Silva

Cândido da Conceição Vieira da Silva
«O Pimenta» Nasceu em 22-05-1905, em Cividade, Braga. Eletricista, terá organizado um Comité Regional do PCP na Guarda. Preso pela Delegação do Porto da PVDE em 19-05-1940, «para averiguações», no âmbito do assassinato do proprietário e capitalista António da Silva Freitas Gonçalves, ocorrido naquela cidade, na Rua do Bonjardim, 458, sendo acusados pela PVDE, sem provas fundamentadas, três galegos (os irmãos Vásquez Albela) e onze portugueses próximos do PCP. Foi transferido, em 08-09-1940, para Lisboa e enviado para o Forte de Caxias. Julgado pelo TME em 22-03-1941 e condenado na pena de 4 anos de prisão correcional, seguiu, em 17-06-1941, para o Tarrafal. Libertado em 24-11-1945, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, ficou a aguardar embarque para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Cândido Fernandes Plácido de Oliveira

Cândido Fernandes Plácido de Oliveira

Nasceu em 24-09-1896, em Fronteira. Casapiano, desportista, treinador, selecionador nacional, jornalista e Inspetor Superior dos Correios de Lisboa, integrou, durante a 2.ª Guerra, sob as referências «Pax», «H.204» e «H.700», a rede de espionagem inglesa «Shell», criada pelo SOE (Special Operations Executive), tendo a seu cargo a montagem de uma rede de radiotelegrafistas e de grupos de resistência, em caso de invasão de Portugal pela Alemanha. Preso em 01-03-1942, foi espancado e torturado pela PVDE, enviado para Caxias e, em 20-06-1942, seguiu para o Tarrafal, sem julgamento, onde assegurou a transmissão de informações entre os presos e o exterior, por viver do lado de fora do Campo e não estar obrigado a trabalhos forçados. Regressou em 01-01-1944 e levado para o Hospital Júlio de Matos, passou pelo Aljube e Caxias, até sair em liberdade condicional em 27-05-1944. Durante a deportação, a rede secreta por si organizada manteve-se em funcionamento. Fundou, em 1945, o jornal «A Bola», através do qual ajudou ex-tarrafalistas que o procuravam. Faleceu em 23-06-1958, em Estocolmo. 

Tarrafal-Pântano da Morte
Memórias
Autor: Cândido de Oliveira
Edição: Editorial República, Lisboa, 1974

Cândido Francisco Pólvora

Cândido Francisco Pólvora
Nasceu em 13-12-1899, em Arraiolos. Entregue pela Comarca de Montemor-o-Novo na sede da PVDE em 27-01-1940, para ser julgado pelo TME, foi enviado para a Cadeia do Aljube, passou, em 31-01-1940, para o Forte de Caxias e, em 29-03-1940, entrou na 1.ª esquadra para ser sentenciado no dia seguinte. Acusado de «ser detentor de arma proibida», seria condenado na pena de 8 anos de degredo numa das colónias e reentrou, em 11-08-1940, em Caxias. Embarcou, em 21-06-1940, para o Tarrafal fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Carlos da Conceição Galan

Carlos da Conceição Galan
Nasceu em 03-12-1913, em Lisboa. Descarregador, foi preso em 16-10-1936, «por motivo político». Levado, incomunicável, para uma esquadra e posto à disposição da Seção Política e Social da PVDE em 28-10-1936, entrou no circuito de transferência de cárcere: 1.ª esquadra (30-10-1936), Aljube (18-11-1936), Peniche (20-11-1936) e, novamente, Aljube (27-01-1937). Condenado, em 27-01-1937, a dois anos de prisão e perda dos direitos políticos por cinco anos, reingressou em Peniche (19-02-1937) e no Aljube (01-06-1937). Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal onde, por ter reclamado da apreensão de produtos que levava consigo, foi enviado, temporariamente, para a prisão da Vila do Tarrafal destinada aos locais, já que ainda estava por construir o «segredo» / «frigideira». Também sofreu espancamentos e seria punido, por várias vezes, com internamento na «frigideira», totalizando uma centena de dias. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 06-01-1946 e regressou a Lisboa, no vapor «Guiné», em 01-02-1946.

Carlos Ferreira

Carlos Ferreira
Nasceu em 1907, em Ventosa, Alenquer. Carpinteiro, foi detido cinco vezes durante a I República (1922, 1923, 1924, 1925), acusado de agitador, bombista, ligações à Legião Vermelha e suspeita de envolvimento no atentado a Carlos Reis, estando, ainda, referenciado como filiado na Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas Deportado para a Guiné em 29-05-1925, participou na revolta de abril de 1931 e, fracassada aquela, fugiu para Dakar onde, em 27-05-1931, embarcou com destino a Las Palmas. Terá regressado a Lisboa, onde trabalhava como empregado do comércio, sendo detido em 12-05-1933, por conspirar e deter uma pistola. Voltou a ser capturado em 06-10-1933, por se ter «evadido das colónias». Devido aos antecedentes políticos e continuar «a desenvolver a sua atividade revolucionária», sendo considerado «elemento nocivo à ordem pública», seguiu, sem processo, para Angra do Heroísmo em 19-11-1933. Transferido, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde foi castigado com dias de internamento na «frigideira» e construiu os caixões dos que faleciam. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 11-11-1945, regressou, em 01-02-1946.

Carlos Guedes Leal

Carlos Guedes Leal
Nasceu em 08-07-1893, no Porto. Tipógrafo, pertenceu à Federação Maximalista Portuguesa. Detido em 16-03-1928, por ser «conivente na impressão de manifestos clandestinos», seria libertado no dia seguinte. Preso em 25-01-1932, «por ter ideias avançadas», acompanhar o movimento revolucionário de 3 de fevereiro de 1927 e ser portador do panfleto «Grito dos Estudantes do Porto», foi solto em 26-03-1932. Capturado, dois dias depois, por «provocar tumultos» e «fazer alusões desprestigiosas» para a polícia política, ficou encarcerado até 26-04-1932. Preso, mais uma vez, em 09-05-1935, inculpado de realizar reuniões em sua casa e de propaganda antirreligiosa, saiu em liberdade em 27-06-1935. Detido em 11-10-1936 e solto dois dias depois. Sempre preso pela Delegação do Porto, a sexta detenção, em 04-11-1937, aconteceu por possuir armas de guerra e «diversos jornais clandestinos». Condenado em 06-07-1938 a 8 anos de degredo, foi transferido, em 25-09-1938, para Caxias. Interpôs recurso, mas o TME, de 11-03-1939, confirmou a pena e, em 01-04-1939, seguiu para o Tarrafal, onde Manuel Francisco Rodrigues o recorda como «o poeta vassoureiro mais irónico, mordaz, iracundo e irreverente». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, saindo em liberdade.

Carlos Luís Correia Matoso

Carlos Luís Correia Matoso
Nasceu em 15-07-1908, em Vila do Bispo, distrito de Faro. Estudante de Agronomia, aderiu à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e, depois, ao PCP. Detido, uma primeira vez, em 1931. Preso em 24-04-1932, na Serra de Monsanto, foi-lhe fixada residência obrigatória em Peniche, para onde seguiu da Penitenciária de Lisboa em agosto de 1932 e de onde terá fugido. Julgado, à revelia, pelo TME em 20-10-1934, foi condenado a dez anos de degredo. Depois de anos de clandestinidade, seria preso pela PVDE em 11-05-1938, aquando do assalto policial a uma tipografia no Rego. Até 19-06-1939, circulou por esquadras, Aljube, Caxias e Peniche. Julgado pelo TME, em sessão de 10-05-1939, viu a pena de 20-10-1934 ser agravada para doze anos e, em 20-06-1939, seguiu, para o Tarrafal, onde suportou outras violências, como a «frigideira», e integrou o núcleo dirigente da Organização Comunista Prisional. Libertado em 20-12-1945, regressou «acabrunhado, tristonho, perdida a sua magnífica exuberância antiga». Emigrou, em maio de 1946, para o Brasil, onde reconstruiu a sua vida e formou família. Suicidou-se em 03-03-1959, em Petrópolis.

Carlos Martins Sovela

Carlos Martins Sovela
Nasceu em 1918, em Silves. Corticeiro, participou, com apenas 16 anos, na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Integrando o grupo conotado com os anarquistas, percorreu, nesse dia, as fábricas de Silves, «instigando os operários a abandonar o trabalho», o que foi conseguido. Fugiu para a serra e seria julgado, à revelia, pelo TME de 14-04-1934, sendo condenado a 2 anos de prisão. Capturado em finais de agosto de 1934 e entregue, em 29-08-1934, à PVDE, por andar fugido e ter sido sentenciado, foi transferido para a Fortaleza de Peniche em 20-09-1934 e embarcou, em 08-06-1935, para Angra do Heroísmo. Apesar de ter requerido, em 16-12-1935, a sua transferência para o Continente, acabou por ser enviado, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde sobreviveu, em 1937 e 1938, a duas biliosas. Regressou em 15-07-1940 e saiu em liberdade, por ter sido amnistiado. Voltou a Silves e, ainda na década de 1940, radicou-se, tal como outros ex-tarrafalistas, na Margem Sul.

Carlos Pereira Ribeiro

Carlos Pereira Ribeiro
Nasceu em 24-08-1912, em Manaus, Brasil. Serralheiro, sem residência em Portugal, foi preso no posto fronteiriço de Beirã em 29-07-1941 e entregue, no dia seguinte, à PVDE, recolhendo à Cadeia do Aljube. Transferido, em 12-09-1941, para o Forte de Caxias, passou, em 15-11-1941, para o Aljube e, em 17-11-1941, embarcou para o Tarrafal, onde integrou o grupo dos libertários. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 11-11-1945, regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Casimiro Júlio Ferreira

Casimiro Júlio Ferreira
Nasceu em 04-02-1909, em Lisboa. Funileiro, era militante do PCP e foi detido em 07-11-1931, acusado de «andar a afixar manifestos comunistas», nomeadamente «prospetos de propaganda do jornal clandestino «Avante»». Nessa ocasião, a Polícia de Defesa Política e Social considerou-o «um elemento sem categoria no meio comunista», «um estranho a qualquer organização revolucionária» e «um completo ignorante em assuntos comunistas», restituindo-o à liberdade em 26-11-1931, «depois de ser identificado no Posto Antropométrico». Preso em 18 de janeiro de 1934, acusado de tomar parte no movimento revolucionário marcado para esse dia, reunindo em Xabregas com outros elementos e ser portador de «bombas explosivas de que não chegou a utilizar-se». Julgado em 05-02-1934, o TME condenou-o a dez anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde adoeceu com a febre biliosa. Faleceu em 23-09-1941, com 32 anos.

Celínio Celiná Gomes

Celínio Celiná Gomes
«O Salinas» Nasceu em 04-02-1921, em Lisboa. Ajudante de caldeireiro, foi entregue na sede da PIDE pela PSP de Lisboa, em 28-03-1947, «para averiguações». Ficou na Cadeia do Aljube até ser transferido, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido condenado, tendo provavelmente participado na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Tarrafal, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 30-09-1947.

Cesário Ramos

Cesário Ramos
Nasceu em 21-06-1895, em Lisboa. Maquinista, foi entregue pela PSP na sede da PIDE, em 09-04-1947, «para averiguações». Enviado para o Forte de Caxias, dois dias depois, em 11-04-1947, seguiu para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou condenado, provavelmente por estar associado à paralisação dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Tal como os outros deportados na mesma circunstância, ficou numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Campo, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 20-05-1947, ficou com residência fixa na Cidade da Praia e aqui se conservou até 10-09-1947, data em que embarcou para Lisboa. Apresentou-se na diretoria da PIDE em 18-09-1947 e ficou em liberdade condicional. A liberdade definitiva deu-se em 01-08-1948.

Cipriano Nunes Soares

Cipriano Nunes Soares
Nasceu em 04-12-1924, em Almada. Serralheiro mecânico, foi preso pela PIDE em 29-03-1947, «para averiguações», enviado para o Forte de Caxias e transferido, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido submetido a julgamento. Provavelmente, terá participado na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, dsencadeada pelo PCP. Vigiado por guardas da PIDE, permaneceu, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente daqueles que já se encontravam no Campo. Libertado em 20-05-1947, ficou com residência fixa na Cidade da Praia e aqui se conservou até 10-09-1947, data em que embarcou para Lisboa. Apresentou-se na diretoria da PIDE em 18-09-1947 e ficou em liberdade condicional. A liberdade definitiva deu-se em 01-08-1948.

Clementino Benoliel de Carvalho

«O Carvalhinho» Nasceu em 01-09-1897, na Ilha da Boa Vista, Cabo Verde. Gerente da firma António Miguel de Carvalho & Cª, de Cabo Verde, foi um dos comerciantes que protestou contra a inépcia da administração colonial portuguesa em assegurar o abastecimento do arquipélago, referindo a hipótese de recurso aos britânicos para garantir os meios para debelar a fome que se abatera sobre as populações. Na Carta-Relatório dirigida ao ministro das Colónias, Francisco José Caeiro, com data de 30-09-1942, por Henrique Galvão, inspetor superior colonial, encarregue de inquirir sobre a situação das fomes de 1942 no Arquipélago e o papel dos comerciantes locais, Clementino Carvalho é integrado no grupo considerado perigoso. Seria enviado para o Tarrafal entre 02-09-1942 e 10-10-1942, ficando fora do Campo e, posteriormente, foi sujeito a outras medidas de coação, como a de «residência fixa». Faleceu em 05-12-1977, com 80 anos, tendo sido enterrado no Cemitério Judaico de Lisboa.

Constantino da Costa

Constantino da Costa
Nasceu em 26-11-1905/06, em Vila Cova, Fafe. Padeiro, a trabalhar em Lisboa, foi detido em 19-05-1931, «por ter distribuído manifestos subversivos» que lhe foram entregues no Sindicato dos Padeiros, sendo libertado em 23-06-1931. Voltou a ser preso, agora pela Delegação do Porto da PVDE, cidade onde residia, em 10-11-1937, «para averiguações», sendo condenado, em 22-08-1938, a 18 meses de prisão: saiu em liberdade condicional em 06-04-1939. Preso pela mesma Delegação em 20-05-1940, no âmbito do assassinato do proprietário e capitalista António da Silva Freitas Gonçalves, ocorrido na Rua do Bonjardim, 458, Porto, sendo acusados pela PVDE, sem provas fundamentadas, três galegos (os irmãos Vásquez Albela) e onze portugueses próximos do PCP. Internado, entre 12 de julho e 9 de agosto, no Hospital de Santo António, seguiu, em 08-09-1940, para Caxias. Condenado pelo TME, em sessão de 22-03-1941, a 15 anos de degredo, embarcou, em 17-06-1941, para o Tarrafal e entregue, em 31-12-1945, à tutela do ministério da Justiça. Embarcou na cidade da Praia com destino ao Continente em 06-07-1949, por ter sido libertado.

Custódio da Costa

Custódio da Costa
Nasceu em 10-01-1904, na freguesia de Esgueira, Aveiro. Padeiro anarcossindicalista, foi preso em 30-05-1932, por distribuir manifestos de incitamento à greve geral, e solto em 15-06-1932. Em 1933, representou a Federação da Alimentação no Conselho Confederal da CGT e envolveu-se na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Integrou o Comité de Ação e estava encarregado de detonar uma bomba no Miradouro da Senhora do Monte, o que não sucedeu devido à inesperada mobilização policial. Preso em 04-02-1934 e julgado pelo TME em 08-03-1934, seria condenado a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Recorreu da sentença, mas esta foi confirmada por acórdão de 15-03-1934. Embarcou para Angra do Heroísmo em 08-09-1934, seguindo, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde pertenceu à Organização Libertária Prisional. Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça, saiu em liberdade condicional em 01-09-1949, mediante condições e, em 10-11-1949, desembarcou em Lisboa. A liberdade definitiva ser-lhe-ia concedida em 24-10-1952. Terá entrado para a Marinha Mercante e interveio, após o 25 de Abril de 1974, no ressurgir do movimento libertário. Faleceu em 22-11-1980.

Custódio Rodrigues Ferreira

Custódio Rodrigues Ferreira
Nasceu em 13-09-1893, em Lisboa. Descarregador, era vigiado desde, pelo menos, junho de 1930, e foi detido em 30-01-1931, «por estar implicado em manejos revolucionários». Evadiu-se da Esquadra da Pampulha em 05-02-1931, permaneceu em Lisboa e seria capturado e entregue pela PSP em 25-06-1932, por andar fugido e ser considerado um «elemento perigosíssimo». Recolheu, incomunicável, a uma esquadra e, em 24-10-1932, por parecer do Diretor da Secção Política e Social e despacho do ministro do Interior, foi-lhe fixada residência obrigatória em Timor. Condenado, em 14-08-1934, a 10 anos de degredo, ficando, depois, à disposição do Governo, embarcou, em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde foi punido com dezenas de dias de internamento na «frigideira» e fez parte do grupo dos republicanos. Incluído, por alguns deportados, no grupo dos «rachados», prestando informações à direção do Campo. Libertado, por ordem do ministro da Justiça, em 10-12-1946.

Damásio Martins Pereira

Damásio Martins Pereira
Nasceu em 21-10-1905, em Lisboa, onde trabalhava como servente ou calceteiro. Preso em 26-08-1931 e deportado para Timor em 02-09-1931, regressou em 09-06-1933, por estar abrangido pela amnistia de 05-12-1932. Detido novamente e entregue pela PSP de Lisboa em 23-09-1934, acusado de tentar subornar um soldado servente da 2.ª Companhia do Batalhão de Metralhadora n.º 1, foi libertado em 22-10-1934, com a indicação de que devia ficar «sob as vistas» da PVDE. Preso em 09-04-1937 e enviado, incomunicável, para uma esquadra, seria transferido para a 1.ª esquadra e, depois, para o Aljube. Sem julgamento, embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde trabalhou duramente no regime de trabalhos forçados, mesmo depois de adoecer com paludismo e biliosa. «Franzino, magro, baixo», fez muitos dos passeios que circundavam as casernas e as valetas e, sem assistência médica, nem medicamentosa, que o médico lhe recusava intencionalmente nas frequentes idas à consulta, aconselhando-o a que continuasse a trabalhar, só baixou à enfermaria nos últimos três dias de vida. Faleceu em 11-11-1942, com 37 anos de idade.

Daniel Evaristo dos Santos

Daniel Evaristo dos Santos
Nasceu em 17-96-1915, em Rio Maior. Trabalhador, foi entregue, em 09-02-1939, na PVDE pelo Administrador de Rio Maior e ficou à ordem do TME. Recolheu à 1.ª esquadra, entrou, em 03-03-1939, no Forte de Caxias, e reingressou naquele posto policial em 10-03-1939, a fim de ser julgado no dia seguinte. Condenado na pena de 5 anos de degredo, «numa das colónias à escolha do Governo», embarcou, em 01-04-1939, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira» e acabou por se alojar no «porta-aviões», sem que prejudicasse os deportados políticos. Tratar-se-ia de um preso comum, condenado, em 07-10-1939, no Tribunal da Comarca de Rio Maior, por «ter esbofeteado o pai», na pena de um ano de prisão, indemnização ao ofendido, e pagamento de emolumentos aos peritos que realizaram os exames médicos e ao defensor oficioso. Regressou em 20-02-1945, saindo em liberdade.

Demétrio Garcia Alvarez

Demétrio Garcia Alvarez
«Pedro» Nasceu na aldeia de Chas (Oimbra), Orense, Espanha, em 16-05-1912. Lavrador, fugido, desde 1937, do Forte de San Cristóbal de Pamplona, onde já estava preso há dois anos, refugiou-se em Cambedo da Raia, Chaves, onde vivia a irmã. Aderiu, em 1946, à guerrilha galega antifranquista. Envolvido nos acontecimentos de 20-12-1946, quando aquela aldeia ficou cercada pela Guarda Civil Espanhola, GNR, Guarda Fiscal, Exército e PIDE, rendeu-se após a resistência inicial. Torturado em Chaves e entregue, em 22-12-1946, à Delegação do Porto da PIDE, continuou a ser regularmente seviciado. Julgado, em 12-12-1947, pelo TMT daquela cidade, seria condenado a 10 anos de prisão maior celular, seguidos de doze de degredo ou, em alternativa, a 28 anos de degredo. Dos 63 presos indiciados no processo, foi o que sofreu a pena mais pesada e um dos dois a ser enviado para o Tarrafal, com José Pinheiro Barbosa, para onde embarcou em 11-06-1948 e era apresentado como preso comum. Regressou, posteriormente, à Cadeia Civil do Porto. Libertado em 19-02-1965, exilou-se em França e faleceu em julho de 1990.

Diniz Lopes da Cruz ou Luís Lopes ou António Lopes da Silva

Diniz Lopes da Cruz ou Luís Lopes ou António Lopes da Silva
«O Afonso Costa» Nasceu em 15-02-1900, na Amora, Seixal. Jornaleiro, foi preso em 05-03-1941, em Sobral da Adiça, por «emigração clandestina e refratário às leis militares», transferido, em 08-03-1941, para a Cadeia de Moura e enviado à GNR em 29-03-1941. Entregue pela PSP de Santarém à PVDE em 21-10-1941, recolheu à 1.ª esquadra e passou, sucessivamente, por Caxias (28-10-1941), Peniche (02-11-1941), Aljube (14-11-1941). Embarcou, em 17-11-1941, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviado para o Campo como «preso comum». Libertado em 20-12-1945, abrangido pela amnistia de 18-10-1945, ficou a aguardar embarque para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no vapor Guiné.

Domingo Domingues Quintas ou Domingos Rodrigues Quintas

Domingo Domingues Quintas ou Domingos Rodrigues Quintas
Nasceu em 15-10-1914, em Grijó. Estudante e 1.º cabo do Regimento de Artilharia Pesada, vivia em Ferrol, Galiza, e foi entregue, em 28-08-1936, no posto fronteiriço de Valença à Guarda Fiscal e à PVDE. Recolheu à cadeia da Comarca de Valença e, em 05-09-1936, passou para a Delegação da PVDE do Porto e, de seguida, para Caxias. Embarcou em 17-10-1936, com o pai e o irmão, para o Tarrafal, sem julgamento ou processo, onde não integrou nenhum dos grupos políticos, apesar de ter convivido mais com os comunistas. Visto como fazendo parte do grupo dos «Galegos», não aceitou, o «indulto do Natal de 1939», recusando-se a assinar o «termo de responsabilidade» que lhe fora apresentado. Regressou em 15-07-1940, por ter sido amnistiado. Preso novamente pela PVDE em 07-08-1940 e entregue no Quartel-General da 1.ª Região Militar, recolheu à Companhia Disciplinar de Penamacor. Reenviado para o Tarrafal por despacho do subsecretário de Estado da Guerra, Santos Costa, embarcou em 12-06-1943. Regressou em 01-02-1946.

Domingos Alves de Oliveira

Domingos Alves de Oliveira
Nasceu em 22-08-1880, em Vila Praia de Âncora. Negociante, foi preso e entregue pelo Administrador do Concelho de Valongo à Delegação do Porto da PVDE em 19-06-1937. Julgado pelo TME em 29-06-1938 e condenado a 4 anos de degredo, passou, em 20-09-1938, para o Forte de Caxias. Embarcou, em 01-04-1939, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviado para o Campo como «preso comum». Regressou em 20-02-1945, saindo em liberdade.

Domingos dos Santos

Domingos dos Santos
«O Calabrez» Nasceu em 01-05-1915, em Lisboa. Serralheiro do Arsenal do Exército, era procurado desde fevereiro de 1933 por estar identificado como fazendo parte do Comité Regional de Lisboa da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas. Detido em 11-04-1933, acusado de ser responsável por intensa atividade partidária, sindical e estudantil, embarcou, por ordem do Governo, para Angra do Heroísmo em 19-11-1933. Condenado, em 25-08-1934, pela Seção dos Açores do TME, a 300 dias de prisão, já cumpridos, pena atenuada pela circunstância de ser menor de idade, regressou em 09-11-1934. Libertado no dia seguinte, integrou, em 1935, o Secretariado da FJCP e foi um dos dois Delegados ao Congresso da Internacional Comunista Juvenil que se realizou em Moscovo. No ano seguinte, ficou a controlar aquela organização e, em 30-04-1937, tornou a ser preso, passou pelo «segredo» do Aljube e seguiu, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde se tornou no «primeiro caso de loucura que constatávamos no acampamento». Regressou em 15-07-1940 e entrou em Caxias. Solto em 27-09-1940 e «entregue na mesma data ao Pai», quando tinha 25 anos.

Domingos Martins

Domingos Martins
«O Ovelha» Nasceu em 14-06-1910, em Outeiro do Rei, Vale de Cambra. Serralheiro, deu entrada na sede da PVDE em 04-04-1940, enviado pelo TME, ficando na 1.ª esquadra à sua ordem. Transferido, sucessivamente, para Caxias (05-04-1940), 1.ª esquadra (29-06-1940) e Caxias (01-07-1940). Acusado de ter utilizado uma pistola «Browning» de calibre 7.65 e ser detentor de sete cartuchos com bala para a mesma arma, seria julgado pelo TME em 29-06-1940 e condenado a 4 anos de degredo. Recorreu da sentença, a qual viria a ser confirmada por acórdão de 13-07-1940. Embarcou, em 14-09-1940, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviados para o Campo por possuírem, apenas, armas proibidas. Segundo Manuel Francisco Rodrigues, «não fala nunca» e era muito prestável em construir pequenos objetos do quotidiano e em «consertar tudo o que esteja partido, fazer novo do velho». Libertado em 08-12-1945, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou, em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Domingos Tavares

Domingos Tavares
Nasceu em 06-08-1916, em Lisboa. Comerciante, foi preso em 28-10-1937, «para averiguações», e recolheu ao «segredo» do Aljube. Transferido, em 13-11-1937, para o regime de incomunicabilidade, passou, depois, pelos vários cárceres: 1.ª esquadra (14-12-1937), Forte de Caxias (18-12-1937), 1.ª esquadra (31-03-1938), Caxias (19-04-1938) e 1.ª esquadra novamente (25-04-1938). Julgado pelo 2.º Tribunal Militar Territorial em 26-04-1938, seria condenado a cinco anos de degredo. Reentrou no Forte de Caxias (06-05-1938), regressou à 1.ª esquadra (21-05-1938), seguiu, em 23-05-1938, para Angra do Heroísmo e, em 18-04-1939, embarcou para o Tarrafal, onde deu entrada em 18-05-1939 e foi castigado com dias de internamento na «frigideira». Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Edmundo Gonçalves

Edmundo Gonçalves
Nasceu em 19-02-1900, em Lisboa. 2.º sargento, foi detido em 13-04-1929, em 20-12-1929 e em 30-04-1930, por estar envolvido em conspirações militares. Libertado em 10-06-1930, «por nada se ter provado», seria encarcerado em 17-07-1930, «por ser considerado indesejável», e entregue ao ministério da Guerra. Sem ter sido «organizado processo», seguiu para Cabo Verde: amnistiado em 05-12-1932, apresentou-se na Seção de Vigilância Política e Social em 18-01-1933. Detido de novo em 09-06-1935, «acusado de ter aliciado sargentos e assistido a reuniões políticas», foi encerrado, em 25-06-1935, no Aljube, e libertado, por falta de provas, em 15-07-1935. Preso em 06-12-1936, circulou entre a 1.ª esquadra (02-01-1937), Caxias (22-03-1937) e Aljube (17-04-1937). Condenado, em 23-04-1937, a 4 anos de desterro, embarcou para o Tarrafal em 05-06-1937, data em que seria demitido do Exército. Integrou o grupo dos republicanos e permaneceu no Campo sete anos e um dia, sofrendo de uma tuberculose pulmonar e de uma úlcera no estômago. Este «republicano de esquerda» faleceu em 13-06-1944, «mirrado, seco, esquelético e sem qualquer assistência médica ou medicamentosa». Tinha 44 anos de idade.

Edmundo Pedro

Edmundo Pedro
Nasceu em 08-11-1918, em Samouco, Alcochete. Com 13 anos, quando trabalhava no Arsenal da Marinha, aderiu à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas. Detido em 17-01-1934, passou pelo Governo Civil, Aljube (25-04-1934), e Peniche (19-12-1934). Libertado em 22-01-1935, seria preso pela Seção Política e Social em 20-02-1936, enquanto dirigente daquela organização. Recolheu a uma esquadra e circulou pelos principais presídios: Aljube (02-04-1936), Peniche (28-04-1936) e Caxias (14-10-1936). Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, sem ter completado 18 anos e sem julgamento, de onde tentou fugir em maio de 1943 e, por isso, foi espancado e castigado com sessenta dias na «frigideira». Rompeu com o PCP, regressou a Lisboa em 28-08-1945, reentrou no Aljube e, em 06-10-1945, seria condenado a 22 meses de detenção, «dada por expiada com a preventiva de 9 anos e 229 dias». Solto em 10-10-1945, participou no «Golpe de Beja». Entregue pela GNR de Tavira à PIDE em 01-01-1962, seria condenado, em 29-07-1964, a 3 anos e oito meses de prisão e libertado em 30-11-1965. Aderiu, em 1973, ao PS. Faleceu em 27-01-2018, com 99 anos. Edmundo Pedro, Memórias - um combate pela liberdade, Âncora edições, 2007.

Eduardo Valente Neto

Eduardo Valente Neto
Nasceu em 1898-9, em Pardilhó, Estarreja. Marítimo (fragateiro), filiado no PCP desde, pelo menos 1932, seria detido em 24-04-1932, na Serra de Monsanto, quando assistia à instrução de lançamento de bombas a utilizar no 1.º de Maio. Considerado um «elemento perigoso e desembaraçado», foi-lhe fixada, em 10-08-1932, residência obrigatória em Cabo Verde ou em Timor, dando entrada na Penitenciária, onde ficou a aguardar a oportunidade de embarque. Acusado de «bombista», o TME de 20-10-1934 condenou-o a dez anos de degredo, com prisão no local. Interpôs recurso, mas a sentença foi confirmada na sessão de 03-11-1934. Transferido, em 19-12-1934, do Aljube para Peniche, regressou àquele cárcere em 20-03-1935, embarcou, em 23-03-1935, para Angra do Heroísmo e seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde adoeceu com a febre biliosa e foi um dos obreiros na filtração das águas insalubres a partir das pedras vulcânicas porosas, revelando-se «um camaradão sempre bem-disposto». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa, no vapor «Guiné», em 01-02-1946, saindo em liberdade.

Eduardo Vieira Marques

Eduardo Vieira Marques
Nasceu em 09-02-1886, em Lisboa. Artista de teatro (Ponto), foi detido durante a I República, em 01-10-1921, «por delito político». Preso em 25-08-1936, «sob a acusação de fazer espionagem a favor da Espanha vermelha», mantendo, voluntariamente, ligações com alguns espanhóis a quem terá fornecido informações. Levado, incomunicável para uma esquadra, seguiu, em 22-09-1936, da 29.ª esquadra para o Aljube. Deportado para o Tarrafal, por proposta do Subdiretor da PVDE e concordância do seu Diretor, embarcou, em 17-10-1936, no vapor «Loanda». Estava conotado com os presos republicanos, encontrando-se, por vezes, alojado numa barraca fora do Campo. Foi o primeiro deportado a regressar ao continente, onde chegou em 26-04-1938. Libertado neste dia.

Élio Correia Amorim

Élio Correia Amorim
Nasceu em 25-09-1906, em Arrifana, Vila da Feira. Comerciante, foi preso em 03-03-1942 pela Delegação do Porto da PVDE, quando integrava a rede de espionagem anglo-portuguesa do «SOE» (Special Operations Executive, Seção H), mais conhecida por «Rede Shell». Transferido, em 11-03-1942, para Lisboa e encaminhado para Caxias, andou de cárcere em cárcere: Aljube (19-05-1942), Porto (21-05-1942), Aljube (23-05-1942) e Caxias (03-07-1942). Embarcou, em 05-08-1942, para o Tarrafal, ficando alojado fora do Campo. Regressado em 01-01-1944 e levado para o Hospital Júlio de Matos, reentrou, em 07-01-1944, em Caxias e, em 04-05-1944, seguiu para o Aljube, de onde saiu em liberdade condicional em 27-05-1944. Entregue pela PSP na Delegação do Porto da PVDE em 01-08-1945, foi solto três dias depois. Preso pela Subdiretoria da PVDE do Porto em 13-11-1949 e entregue, em 19-11-1949, nos Tribunais Criminais daquela cidade. Preso pela mesma Subdiretoria em 28-04-1950, por «provocação a um chefe de Brigada» da PIDE e solto em 05-05-1950.

Erich Willy Rindfleisch

Erich Willy Rindfleisch
Nasceu em Stettin, Alemanha. Marinheiro, com 34 anos, foi preso pela PVDE em 28-09-1939, «por indocumentado». Levado para a 1.ª esquadra, seria transferido, em 25-11-1939, para o Aljube e, em 12-01-1940, para Caxias. Deportado para o Tarrafal por despacho do ministro, Mário Pais de Sousa, datado de 21-05-1940, por no seu registo prisional constar «ter desertado do vapor Las Palmas, de que era tripulante, encontrando-se indocumentado, tendo-se recusado a abandonar Portugal e embarcar para a sua Pátria. É considerado um indivíduo suspeito e indesejável, tendo tido um péssimo comportamento no D. P. de Caxias». Embarcou para o Tarrafal em 21-06-1940 e, provavelmente, é o alemão identificado como «Fred». Instalado no «porta-aviões», barraca onde os «rachados» gozavam de algumas concessões, intentou, em 28-05-1941, uma fuga por mar com Willi Kalleske. Capturado, seria, então, interrogado, selvaticamente espancado a cavalo-marinho e encerrado na «frigideira». Regressou em 27-01-1944 e levado para o Hospital Júlio de Matos, passou, em 02-02-1944, para Caxias. Transferido para Peniche em 09-02-1944, foi libertado nesse mesmo dia. Ficou com residência fixada nesta localidade.

Ernesto da Graça Marques

Ernesto da Graça Marques
Nasceu em 14-04-1911, em Lisboa. Identificado como trabalhador, com residência em Almada, foi detido em 28-10-1937, «para averiguações», e levado, incomunicável, para uma esquadra. Percorreu, seguidamente, os diferentes cárceres: 1.ª esquadra (14-12-1937), Forte de Caxias (28-12-1937), 1.ª esquadra (31-03-1938), Forte de Caxias (19-04-1938) e, novamente, 1.ª esquadra (25-04-1938). Julgado, em 26-04-1938, pelo 2.º Tribunal Militar Territorial, seria condenado a 5 anos de degredo. Retornou, em 06-05-1938, ao Forte de Caxias, passou novamente, em 21-05-1938, pela 1.ª esquadra e, em 23-05-1938, seguiu para Angra de Heroísmo. Transferido, em 18-04-1939, para o Tarrafal, onde entrou um mês depois e seria punido com dias de internamento na «frigideira». Regressou em 20-02-1945, saindo em liberdade.

Ernesto José Ribeiro

Ernesto José Ribeiro
Nasceu em 11-03-1911, em Lisboa. Servente de pedreiro e militante do PCP, participou nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, nomeadamente na recolha de bombas explosivas e na realização de um comício relâmpago no Cais da Rocha do Conde de Óbidos, de forma a publicitar o movimento junto dos operários da Administração do Porto de Lisboa. Entregue, em 29-01-1934, pelo Comando da PSP de Lisboa à Secção Política e Social da PVDE, acusado de guardar «em sua casa 15 bombas para serem empregadas no movimento revolucionário de 18/1/934, não chegando a fazer uso delas» e de possuir «arma proibida». Julgado pelo TME em 08-03-1934 e condenado a 14 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, embarcou, em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo. Seguiu dois anos depois, em 23-10-1936, para o Tarrafal onde, sem cuidados médicos, viu a saúde deteriorar-se, padecendo de anúria. Ficou anúrico durante três dias e faleceu em 08-12-1941, com 30 anos de idade.

Eurico Martins Pires

Eurico Martins Pires
Nasceu em 02-05-1915, em Lisboa. Empregado do comércio, foi preso em 23-02-1938, «para averiguações», recolhendo, incomunicável, a uma esquadra. No espaço de um ano, até ser julgado pelo TME, transitou entre a 1.ª esquadra (05-03-1938, 28-02-1939, 14-03-1939) e Caxias (11-08-1938, 08-03-1939). Julgado em 15-03-1939, seria condenado a 10 anos de desterro, com prisão por um ano no lugar escolhido. Embarcou, em 01-04-1939, para o Tarrafal e, em 31-12-1945, passou para a tutela do ministério da Justiça. Foi um dos subscritores da exposição dirigida por presos políticos no Tarrafal à Comissão Executiva do Movimento de Unidade Democrática, datada de 09-01-1946, onde se saudava e apoiava as resoluções tomadas na sessão de outubro de 1945. Libertado em 11-09-1948, embarcou, dois dias depois, para Lisboa.

Eurico Pinto Mateus

Eurico Pinto Mateus
Nasceu em 24-11-1908, em Lisboa. Estucador. Desenvolveu, no início da década de 1930, intensa atividade sindical, integrou a Comissão Intersindical e militou no PCP. Entretanto, abraçou o anarco-sindicalismo, por estar «mais de acordo com os princípios estabelecidos pelo proletariado», e foi delegado da classe dos estucadores ao Conselho Administrativo do Sindicato da Construção Civil. Preso, em 21-10-1932, «por ter entregue manifestos anarquistas», era considerado pela Polícia de Defesa Política e Social como tendo «uma relativa cultura e facilidade em falar e escrever», desenvolvendo, «apesar de bastante novo», «enorme atividade de ideias social-revolucionárias». Julgado pelo TME em 17-06-1933 e absolvido, foi solto. Pertenceu ao Comité de Ação da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, não tendo concretizado a distribuição das armas prevista para esse dia. Exilou-se em Espanha, onde integrou o Secretariado da Federação dos Anarquistas Portugueses Exilados. Expulso de Espanha, seria detido em 04-03-1937 e levado para o Aljube, onde recolheu à enfermaria. Passou, de seguida, por uma esquadra, regressou ao Aljube e seguiu, em 06-11-1937, para o Tarrafal. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Felicíssimo António Ferreira

Felicíssimo António Ferreira
Nasceu em 06-04-1895, em Lisboa. Pintor decorador, a residir e a trabalhar em Espanha, seria preso em 18-08-1936, na fronteira de Valença, por ter sido expulso daquele país «por indesejável». Levado para a cadeia da Comarca de Valença e transferido, no dia seguinte, para a Delegação do Porto da PVDE, seguiu, em 15-10-1936, para Caxias e, em 17-10-1936, embarcou para o Tarrafal. Para tal, terá contribuído haver no seu cadastro nove prisões em Lisboa, «oito por desordem e agressão» e «a restante aquando do movimento revolucionário de 7 de fevereiro, tendo sido deportado para Angola», e não qualquer ação em Espanha, de que não se fez prova nos autos. Testemunhos de tarrafalistas, menorizam a consciência política deste «luso-galaico», que «albergava uma alma de criança» e gostava de pintar e de declamar. Regressou do Tarrafal em 08-02-1940, saindo em liberdade. Preso pela PSP de Santarém e entregue à PVDE em 21-02-1941, acusado de fazer «propaganda subversiva», foi transferido, em 06-03-1941, para uma esquadra de Lisboa, em regime de incomunicabilidade. Solto em 18-03-1941.

Felipe José da Costa

Felipe José da Costa
Nasceu em 19-12-1896, em Lisboa. Pintor, pertenceu às Juventudes Sindicalistas. Detido em 28-03-1928, foi deportado para a Guiné em 04-05-1928, de onde se evadiu. Capturado em 08-07-1928, passou, em 21-08-1928, para Moçambique. Transferido para Cabo Verde, foi-lhe então fixada residência em Timor, escapando-se na viagem. Detido em 18-02-1932, evadiu-se, em 04-04-1932, do Aljube. Acusado da morte do guarda António Lopes, seria condenado a 28 anos de prisão. Enquanto anarquista, envolveu-se, em Almada, na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Regressado de Espanha e capturado em 31-07-1934, seria, em 30-10-1934, absolvido do crime de assassinato. Recolheu ao Limoeiro e voltou, em 29-03-1935, a estar dependente da PVDE. Condenado, em 15-05-1935, a 5 anos de desterro, interpôs recurso e a pena passou, em 25-05-1935, para 4 anos. Embarcou, em 08-06-1935, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde sofreu internamentos na «frigideira» e era alvo de perseguições constantes. Deveria ter sido solto em 15-10-1940, mas ficou em prisão preventiva. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e solto em 30-12-1945, regressou em 01-02-1946. Detido em 28-03-1947, recolheu ao Aljube e saiu em 14-05-1947.

Fernando Alcobia

Fernando Alcobia
Nasceu em 15-02-1914, em Lisboa. Vendedor de jornais, era militante da Federação das Juventudes Comunistas Portugueses e do PCP. Em 16-06-1935, numa ação política, chegou a ser detido, mas conseguiu fugir por um seu camarada, José Machado Pinto, ter disparado contra o agente da PSP. Refugiou-se em Espanha e preso pela Guarda Civil, por estar indocumentado, foi entregue à Guarda Fiscal de Elvas. Levado para a PVDE em 03-12-1935, por ser cúmplice naquele homicídio, recolheu a uma esquadra. Transferido, em 27-12-1935, para Peniche, iniciou o circuito entre cárceres: 1.ª esquadra (04-02-1936), Peniche (18-03-1936), Aljube (06-05-1936), outra esquadra (23-07-1936), 1.ª esquadra (14-08-1936) e Cadeia do Aljube (27-08-1936), de onde procurou evadir-se através da «abertura de um buraco na parede da casa de banho da sala n.º 3». Transferido para a 1.ª esquadra (27-08-1936), regressou, em 08-09-1936, ao Aljube e, em 17-10-1936, sem julgamento, embarcou para o Tarrafal, onde suportou a «frigideira», o trabalho forçado na «brigada brava» e constantes maus-tratos. Atravessou períodos de grande sofrimento, sem qualquer assistência médica, até 15-12-1939, quando adoeceu com uma biliosa. Faleceu em 19-12-1939, com 25 anos.

Fernando Carvalho da Cruz

Fernando Carvalho da Cruz
Nasceu em Monte Pedral, Lisboa. Estudante, foi detido com 21 anos, por estar filiado na Federação das Juventudes Comunistas Portugueses. Levado para a 1.ª esquadra, entrou, em 14-11-1934, no Aljube e, em 20-03-1935, seria julgado pelo TME e condenado a 4 anos de prisão. Transferido, em 05-04-1935, para Peniche, embarcou, em 08-06-1935, para Angra do Heroísmo e, a 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal. Embora tenha terminado o cumprimento da pena em 05-09-1938, continuou em prisão preventiva. Incluído no indulto de Natal de 1939, recusou-se a assinar o termo de responsabilidade que lhe foi apresentado e continuou encarcerado: «Por informação do Diretor da C. P. é considerado como elemento extremista sem a menor tendência de regeneração». Amnistiado, regressou em 15-07-1940 e saiu em liberdade. Ficou a residir em Lisboa fixando-se posteriormente em Moçambique, onde casou com a cabo-verdiana Alda Benedita Duque Levy. Faleceu em 1974.

Fernando Macedo de Sousa

Fernando Macedo de Sousa
Nasceu em 22-02-1912, em Lisboa. Empregado de escritório, pertencia à Federação das Juventudes Comunistas Portugueses desde 1931 e foi detido em 09-07-1933, quando participava numa reunião da sua Comissão Central no Sindicato dos Compositores Tipográficos. Condenado, em 22-01-1934, a 18 meses de prisão, seria transferido, em 09-02-1934, do Aljube para Peniche, internado, em 16-06-1934, no Hospital de S. José, levado, em 20-06-1934, para a 1.ª esquadra e, em 17-08-1934, seguiu para Peniche, de onde saiu em 29-12-1934, por ter terminado a pena. Retomou a atividade partidária e trabalhou em tipografias clandestinas associadas ao Socorro Vermelho Internacional e à Comissão Intersindical. Procurado desde julho de 1936, foi capturado em 02-07-1937, recolheu, incomunicável, a uma esquadra e passou, em 12-05-1937, para a Cadeia do Aljube. Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem ter sido julgado, onde se afastou das orientações do PCP e integrou o Grupo dos Comunistas Afastados. Libertado em 24-11-1945, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, ficou a aguardar embarque para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no navio «Guiné». Faleceu alguns anos depois de Abril de 1974.

Fernando Quirino

Fernando Quirino
Nasceu em Lisboa, provavelmente em 1911. Serralheiro mecânico no Arsenal da Marinha, militou na Federação das Juventudes Comunistas Portugueses, a que aderiu em 1929, e no PCP. Em representação daquela, partiu, em agosto de 1931, para Moscovo, onde frequentou a Escola Leninista e permaneceu dezassete meses: executou tarefas, redigiu relatórios, assistiu a reuniões da Internacional Comunista e relacionou-se com outros representantes do PCP. Regressou em novembro de 1932 e, procurado, foi capturado em 09-07-1933. Transferido, em 19-11-1933, do Aljube para Peniche, embarcou, por ordem do Governo, para Angra do Heroísmo. Condenado nos Açores, em 20-08-1934, a 690 dias de prisão, seria mandado restituir à liberdade pelo TME em 25-07-1935, por ter terminado a pena: continuou encarcerado à disposição da PVDE, por «se tratar de um elemento bastante perigoso», decisão confirmada pelo ministro do Interior. Deportado, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde adoeceu, por mais de uma vez, com a febre biliosa, conheceu a «frigideira» e integrou o Grupo dos Comunistas Afastados. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 12-01-1946, regressou em 01-02-1946.

Fernando Vicente

Fernando Vicente
Nasceu em 24-04-1914, no lugar de Paul, Torres Vedras. 2.º artilheiro da Armada, foi um dos reorganizadores da ORA no início de 1936, pertenceu ao seu Secretariado e participou na sublevação de 08-09-1936, estando indiciado como um dos sete praças e marinheiros que a dirigiram. Preso pela GNR em Cacilhas, levado para o Forte de Almada e entregue pelo Comando Geral da Armada à da PVDE em 11-09-1936, ingressou, incomunicável, numa esquadra. Entrou, em 18-09-1936, na Penitenciária, sendo condenado, em 13-10-1936, a seis anos de prisão, seguidos de dez de degredo ou, em alternativa, a vinte anos de degredo. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde seria castigado com dias de internamento na «frigideira». Regressou em 28-06-1953, com uma mala carregada de livros, e entrou, em 06-07-1953, em Peniche. Libertado em 24-12-1953, retomou a militância no PCP. Já muito doente, seria preso em 18-09-1963, levado para o Aljube e sujeito à tortura do sono e da estátua. Transferido, em 20-02-1964, para Caxias, foi libertado em 14-03-1964. Faleceu em 22-01-1965.

Firmino Lopes de Matos

Firmino Lopes de Matos
Nasceu em 13-02-1908, em Lisboa. Caldeireiro, foi preso no posto fronteiriço de Beirã, em 14-11-1940, levado para a 1.ª esquadra e, em 20-11-1940, seguiu para o Aljube. Transferido, em 27-12-1940, para o Reduto Norte do Depósito de Presos de Caxias, embarcou, em 17-06-1941, para o Tarrafal, sem ter sido julgado. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade neste dia.

Florindo da Silva Santos Júnior

Florindo da Silva Santos Júnior
Nasceu em 28-04-1910, em Lisboa. Serralheiro, preso pela PIDE, «para averiguações», em 10-04-1947 e enviado para a Cadeia do Aljube. Embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou incriminado, tendo, presumivelmente, participado na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, dinamizada pelo PCP. Tal como os outros presos na mesma circunstância, ficou em instalações diferentes diferente dos que que já se encontravam no Campo. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar embarque e regressou, em 07-11-1947, no vapor «Guiné». Apresentou-se, então, na sede da PIDE e saiu em liberdade.

Francisco António Rato

Francisco António Rato
Nasceu em 10-08-1890, em Beja. Sapateiro, foi preso pela PSP de Beja e entregue à PVDE em 23-11-1935, enquanto «comunista». Levado para uma esquadra, passou pelo Aljube (04-02-1936), 25.ª esquadra (11-02-1936), Aljube (22-02-1936), Peniche (28-04-1936) e 1.ª esquadra (14-07-1936). Condenado, em 15-07-1936, a 20 meses de prisão, regressou, em 17-04-1936, a Peniche e retomou o circuito entre presídios: 1.ª esquadra (27-10-1936), Aljube (18-11-1936) e Peniche (20-11-1936), de onde saiu em 21-11-1937. Entregue pela PSP de Beja à PVDE em 15-03-1942, quando integrava o Comité Regional de Beja do PCP e a rede de espionagem anglo-portuguesa do «SOE» - «Rede Shell». Entrou no Aljube, seguiu para Caxias (18-06-1942) e, em 20-06-1942, embarcou para o Tarrafal, sem julgamento, ficando alojado fora do Campo. Regressou em 27-01-1944, entrou no Hospital Júlio de Matos e, em 02-02-1944, ingressou em Caxias. Condenado, em 05-04-1944, a 3 anos de prisão, seguiu, em 27-04-1944, para Peniche, de onde foi solto em 06-10-1945. A PSP de Beja voltou a entregá-lo à PIDE em 04-04-1947, sendo libertado em 21-10-1947.

Francisco António Rodrigues Barbas

Francisco António Rodrigues Barbas
Nasceu em 28-07-1893, em S. Vicente. Vendedor ambulante, foi entregue pela PSP de Évora à PVDE em 17-08-1938 e recolheu à 1.ª esquadra. Iniciou, então, o périplo por vários cárceres: Caxias (29-09-1938), Peniche (22-10-1938), Aljube (09-12-1938), enfermaria do Aljube (13-12-1938 a 27-01-1939) e Caxias (25-02-1939). Julgado pelo TME em 12-04-1939 e condenado a 4 anos de prisão, passou pela 1.ª esquadra (12-04-1939) e Caxias (15-04-1939), onde regressou, acusado de mau comportamento no Aljube, fazer propaganda contra o Estado Novo e agredir com brutalidade outro preso. Embarcou para o Tarrafal em 23-02-1940, onde manteve uma postura violenta para com alguns presos, chegando à agressão, e cumpriu dias de internamento na «frigideira». Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Francisco Augusto

Francisco Augusto
«O Martins» ou «O Bigodinho» Nasceu em 25-04-1910, em Covas, Vila Nova de Cerveira. Carpinteiro, foi entregue pela PSP na PIDE, «para averiguações», em 09-04-1947. Levado para Caxias, embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou incriminado, provavelmente por estar envolvido na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Tarrafal, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 20-05-1947, ficou na Cidade da Praia a aguardar embarque para Lisboa, o que aconteceu em 10-09-1947. Apresentou-se, em 18-09-1947, na sede da PIDE, ficou em liberdade condicional e obteve a liberdade definitiva em 01-08-1948. Preso novamente pela PIDE em 24-01-1951, «para averiguações», foi enviado para a Cadeia do Aljube. Libertado em 03-01-1951.

Francisco Augusto da Silva Carvalho

Francisco Augusto da Silva Carvalho
Nasceu em 19-01-1920, em Monte Pedral, Lisboa. Servente, foi entregue pela PSP de Lisboa na PIDE, «para averiguações», em 09-04-1947. Enviado para Caxias, embarcou para o Tarrafal dois dias depois, em 11-04-1947, sem qualquer condenação. Terá participado na greve desencadeada nas construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, preparada pelo PCP. Vigiado por guardas da PIDE, permaneceu, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferenciada daqueles que já se encontravam no Campo. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar embarque e regressou no vapor «Guiné», apresentando-se, em 07-11-1947, na sede da PIDE.

Francisco Batista

Francisco Batista
Nasceu em 25-10-1896, em São Martinho de Candoso, Guimarães. Cordoeiro, a residir em Lisboa, foi preso em 20-04-1937, «por extremista». Recolheu, incomunicável, a uma esquadra, passou, em 02-05-1937, para a 1.ª esquadra, e seguiu, em 02-06-1937, para o Aljube, a fim de embarcar, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem julgamento. Regressou em 15-07-1940 e entrou no Forte de Caxias. Julgado em 30-07-1940 e condenado a 24 meses de prisão, pena dada por expiada, saiu em liberdade em 02-08-1940. Preso novamente em 30-10-1944, quando era guarda da noite, «para averiguações». Levado, incomunicável, para uma esquadra, entrou no Aljube em 05-01-1945 e, em 26-04-1945, passou para Caxias, sendo libertado em 04-10-1945. Referenciado como empregado industrial, tornou a ser detido em 05-03-1947, «para averiguações», e encaminhado para Caxias. Entregue, em 16-05-1947, aos Tribunais Criminais de Lisboa (Tribunal Plenário) e julgado em 07-03-1949, pelo 4.º Juízo Correcional de Lisboa, seria absolvido.

Francisco Batista da Silva

Francisco Batista da Silva
Nasceu em 17-12-1901, em Portalegre. Gerente da Shell em Viseu, foi preso nesta cidade, em 21-01-1942, quando integrava a rede de espionagem anglo-portuguesa do «SOE» (Special Operations Executive, Seção H), mais conhecida por «Rede Shell», onde era o agente H.327. Levado para a sede da PVDE, onde deu entrada no dia seguinte, ficou «a aguardar destino». Entrou, nesse mesmo dia, no Aljube e, depois, foi sendo sucessivamente deslocado: Caxias (27-02-1942), Aljube (10-03-1942) e, de novo, Caxias (03- 07-1942). Embarcou, em 05-08-1942, para o Tarrafal, sem ter sido julgado, ficando instalado fora do Campo. Regressou em 01-01-1944, entrou no Hospital Júlio de Matos e, uma semana depois, voltou às constantes transferências de cárcere: Caxias (07-01-1944), Aljube (13-01-1944), Caxias (02-02-1944) e Peniche (23-05-1944). Foi solto em 29-05-1944, na situação de liberdade condicional.

Francisco do Nascimento Esteves

Nasceu em 19-02-1914, em Lisboa. Operário torneiro de metais, era militante do PCP e seria detido em 27-06-1934, quando participava numa reunião. Transferido, em 17-08-1934, para Peniche, aí permaneceu até 18-01-1935, quando deu entrada no Aljube. Julgado pelo TME no dia seguinte e condenado a seiscentos dias de prisão, regressou a Peniche, sendo solto em 22-02-1936, por «haver terminado a pena imposta pelo Tribunal». Alistado, em março de 1936, como soldado recruta no Batalhão de Aerosteiros, foi «mandado apresentar em Peniche, onde ficou detido», tendo a Repartição do Gabinete do ministério da Guerra solicitado à PVDE informações sobre si. Preso, em 02-05-1937, pela Secção Política e Social da PVDE, «para averiguações», recolheu, incomunicável, a uma esquadra, transitou, em 11-05-1937, para a 1.ª esquadra e, no dia seguinte, entrou no Aljube. Sem ter sido julgado ou condenado, embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde adoeceu com a biliosa. Faleceu, vítima do paludismo, da inexistência de assistência médica e farmacêutica e das condições prisionais, em 21-01-1938, com 23 anos de idade.

Francisco do Nascimento Gomes

Francisco do Nascimento Gomes
Nasceu em 28-08-1909, em Vila Nova de Foz Côa. Condutor da Companhia Carris do Porto e militante do PCP, foi detido pela Delegação do Porto da PVDE em 31-07-1936 e solto em 12-10-1936. Preso novamente pela mesma Delegação em 11-10-1937, quando era membro do Comité Regional do Porto do PCP, seria condenado, em 08-08-1938, a 6 anos de degredo e transferido, em 26-09-1938, para Caxias. Interpôs recurso e o TME, em sessão de 15-03-1939, alterou o tempo de degredo para três anos. Embarcou, em 01-04-1939, para o Tarrafal, onde integrou a OCP, foi punido com dezenas de dias de internamento na «frigideira» e barbaramente espancado após uma tentativa de fuga, em maio de 1943. Mesmo antes de morrer, sofreu dois meses ininterruptos de castigo na «frigideira», a pão-e-água em dias alternados. Faleceu em 15-11-1943, com 34 anos de idade, vítima do paludismo que o levaria à biliosa, agravados pelos maus-tratos e ausência de assistência médica e medicamentosa. Já tinha cumprido o tempo de prisão e de deportação a que fora condenado.

Francisco Domingues Quintas

Nasceu em 30-04-1890, em Grijó. Industrial talhante, de orientação socialista e simpatizante libertário, vivia e trabalhava em Ferrol, juntamente com filhos Domingos e Patrício. Entregue, em 28-08-1936, no posto fronteiriço de Valença, à Guarda Fiscal e à PVDE, foi identificado como tendo tomado «parte ativa no movimento revolucionário comunista». Levado para a cadeia da Comarca de Valença, seria transferido, em 05-09-1936, para a Delegação da PVDE no Porto e, de seguida, para Caxias. Sem qualquer julgamento ou condenação, embarcou em 17-10-1936, com os filhos, para o Tarrafal, onde se identificou com o «grupo dos galegos» - portugueses que viviam e trabalhavam na Galiza - expulsos de Espanha. Embora nunca tivesse sido magarefe, foi ele quem matou, de forma muito rude, os primeiros animais abatidos pelos deportados. Faleceu em 22-09-1937, com 47 anos de idade, vítima de febre palustre e sem qualquer tratamento médico e medicamentoso. Não chegou a completar um ano de Tarrafal, integrando o grupo dos seis deportados que morreram entre 20 e 24-09-1937.

Francisco Gómez Moreno

Francisco Gómez Moreno
«O Serrenho» Nasceu em 12-10-1910 (ou 02-10-1909), em El Almendro, Huelva. Comerciante, foi entregue pela Guarda Fiscal no Posto de Vila Real de Santo António em 04-05-1940, por estar indocumentado, enviado para a cadeia da Comarca daquela Vila e expulso em 15-05-1940, ficando proibido de entrar no país. Preso pela PIDE em 24-03-1948 e levado para a Cadeia do Aljube, onde passou três períodos de internamento na sua enfermaria (27-07-1948 a 03-08-1948, 16-11-1948 a 15-12-1948 e 7-02-1949 a 11- 03-1949). Condenado no 1.º TMT de Lisboa, em 23-05-1949, a 6 anos de prisão maior celular, seguidos de degredo por 10 ou, em alternativa, na pena fixa de 20 anos de deportação, interpôs recurso, mas o Supremo Tribunal Militar confirmou a sentença em 03-06-1949. Entregue, em 15-09-1949, às Cadeias Civis Centrais de Lisboa, deu entrada no Tarrafal em 27-09-1949, provavelmente por ser ativista antifranquista. Em 22-05-1960, seria entregue na PIDE pela Penitenciária de Lisboa, enviado para Caxias e solto em 24-05-1960. Abandonou o país nesta data, ficando interdito de regressar.

Francisco José Pereira

Francisco José Pereira
Nasceu em 08-06-1909, em Lisboa. 1.º artilheiro do navio «Bartolomeu Dias» e militante comunista da ORA, participou, em 08-09-1936, na «Revolta dos Marinheiros». Acusado do crime de «insubordinação», foi entregue, nesse mesmo dia, pelas autoridades de Marinha à PVDE, levado para o 3.º Posto da 14.ª Esquadra, «Mitra», na zona oriental de Lisboa, e transferido, em 18-09-1936, para a Penitenciária de Lisboa. Condenado, em 13-10-1936, a 5 anos de prisão maior celular, seguidos de 10 de degredo ou, em alternativa, a 17 anos e meio de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Faleceu em 20-09-1937, vítima de «febre biliosa» e sem qualquer prestação de cuidados médicos ou medicamentosos, tornando-se no primeiro deportado a morrer. Mais cinco tarrafalistas seriam vítimas do mesmo mal entre 20 e 24 de setembro de 1937.

Francisco Manuel Ferreira

Francisco Manuel Ferreira
Nasceu em 12-03-1904, em Évora. Pedreiro, seria preso em Vilar Formoso, em 04-03-1942, levado para a sede de PVDE e enviado, em 06-03-1942, para o Aljube. Transferido, em 04-05-1942, para Peniche, retornou, em 08-09-1942, ao Aljube, a fim de embarcar, em 10-09-1942, para o Tarrafal, sem ter sido julgado e onde era conhecido como «o cortador de Évora». Terá lutado em Espanha do lado republicano e, em 1945, teve de passar para o Pavilhão C4, «um lugar reservado para receber os prisioneiros que enlouqueciam», devido ao seu estado de saúde emocional. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné», e saiu em liberdade.

Francisco Maria Dias

Francisco Maria Dias
«O Russo» Nasceu em 20-09-1909, em Freineda, Almeida. Jornaleiro, com residência em Freineda, foi entregue, em 16-07-1941, no Posto de Vilar Formoso pelo Julgado Municipal de Almeida e transferido, no dia seguinte, para a Delegação do Porto da PVDE, onde ficou à disposição do TME. Condenado, em 12-08-1941, a 6 anos de degredo, passou, em 31-08-1941, para o Forte de Caxias e, em 04-09-1941, embarcou para o Tarrafal. Durante a viagem, evadiu-se do vapor «Guiné» no porto de São Vicente, juntamente com António Amorim Luzio, tendo sido, posteriormente, recapturado e encaminhado para o Campo num vapor que fazia as carreiras das Ilhas. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 08-11-1945, regressou, no vapor «Guiné», em 01-02-1946.

Francisco Miguel Duarte

Francisco Miguel Duarte
«Chico Sapateiro» Nasceu em 18-12-1907, em Baleizão, Beja. Aprendiz de sapateiro em Serpa, participou no associativismo local e, em 1931, refugiou-se em Espanha. Regressou em 1932, aderiu ao PCP e, em 1935, partiu para Moscovo, onde frequentou a Escola Leninista. Voltou em 1937, entrou na clandestinidade e integrou o Secretariado e o Comité Central. Franzino, discreto e pouco expansivo, foi dos presos políticos que mais tempo esteve encarcerado, totalizando 21 anos. Detido cinco vezes (10-10-1938, 01-12-1939, 25-06-1947, 03-11-1950 e 23-07-1960), passou por esquadras, entrou e reentrou no Aljube, em Caxias e Peniche. Deportado, por duas vezes, para o Tarrafal (21-06-1940 a 01-02-1946 e 17-01-1951 a 26-01-1954): a primeira, por ser considerado «um elemento com graves responsabilidades dentro da organização comunista»; na segunda, permaneceu até ao encerramento do Campo em 1954, sendo o último preso a abandoná-lo. Cumpriu medidas de segurança, sofreu castigos em celas disciplinares e foi violentamente torturado, nunca prestando declarações na polícia. Evadiu-se quatro vezes (Caxias, 1939 e 1961; Peniche, 1950 e 1960) e, no início dos anos setenta, esteve ligado à ARA. Faleceu em 21-05-1988, no Seixal, com 81 anos. Francisco Miguel – Das prisões à liberdade, Org. Fernando Correia, Edições avante!, 1986.

Francisco Silvério Mateus

Francisco Silvério Mateus
Nasceu em 27-01-1903, em Vila Franca de Xira. Pedreiro, aderiu ao PCP na década de 1930 e interveio nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, cabendo-lhe atuar junto das fábricas de Benfica e inutilizar a rede elétrica. No dia 18, participou no lançamento de duas bombas contra a locomotiva do comboio que, à meia-noite, costumava passar pela Estação de Benfica. Preso em 24-02-1934 e julgado em 14-08-1934, seria condenado a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Interpôs recurso, o TME, em sessão de 01-09-1934, confirmou a sentença e, em 23-09-1934, embarcou para Angra do Heroísmo. Seguiu, em 23-10-1936, para Cabo Verde, onde integrou a OCP e, depois, a Organização dos Comunistas Afastados. Subscreveu a exposição dirigida por presos políticos do Tarrafal à Comissão Executiva do MUD de apoio às resoluções tomadas na sessão de 08-10-1945. Posto à disposição do ministério da Justiça em 31-12-1945, o Tribunal de Execução das Penas concedeu-lhe, em 23-12-1949, a liberdade condicional. Regressou em 13-02-1950 e obteve a liberdade definitiva em 13-12-1952.

Franklim Ferreira Azevedo ou Franklin Ferreira Mendes

Franklim Ferreira Azevedo ou Franklin Ferreira Mendes
Nasceu em 19-01-1901, em Famalicão. Ferroviário, a residir e a trabalhar no país vizinho, foi preso pelo Posto de Valença em 01-08-1936, «por tomar parte no movimento comunista em Espanha». Referenciado como sendo objeto de um «cadastro secreto», foi levado para o Comando Militar de Valença, seguiu, em 05-08-1936, para a Delegação do Porto da PVDE e, em 14-10-1936, passou para o Forte de Caxias, a fim de ser deportado, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Regressou em 08-02-1940, saiu em liberdade e declarou ir residir para Telhada, Vila Nova de Famalicão. Referenciado enquanto pedreiro, seria entregue, em 21-12-1948, pelas autoridades espanholas no Posto de Valença, acusado de emigração clandestina. Recolheu à cadeia desta Comarca e entregue, no dia seguinte, ao Tribunal de Melgaço.

Frederico da Silva Pereira

Frederico da Silva Pereira
Nasceu em 30-11-1917, em Almada. Eletricista, foi preso pela PIDE, «para averiguações», em 29-03-1947, e enviado para o Forte de Caxias. Transferido, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido submetido a julgamento, provavelmente por estar associado à greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, dinamizada pelo PCP. Tal como os outros presos na mesma circunstância, ficou numa seção diferente daqueles que já se encontravam no Campo, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar embarque. Regressou, em 07-11-1947, no vapor «Guiné».

Gabriel Pedro

Gabriel Pedro
«O Samouco» Nasceu em 22-04-1898, em Lisboa. Marítimo e fragateiro, participou, durante a I República, em atentados e assaltos, refugiando-se, em fevereiro de 1926. em Luanda, passando depois por Bolama, na Guiné, e seguindo para a Cidade da Praia, em Cabo Verde, onde seria capturado e enviado para Lisboa. Passou pelos calabouços do Governo Civil, do Limoeiro e do Forte de Monsanto e, em 1927, foi deportado para a Guiné, acusado de pertencer à Legião Vermelha. Fugiu, procurou asilo em Espanha, regressou e detido, seria deportado, em maio de 1928, para a Guiné, onde permaneceu até à «Revolta das Ilhas» (1931). Fixou-se em Sevilha, filiou-se no Partido Comunista Espanhol e, em 1932, formalizou a ligação ao PCP. Durante a greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, participou nos acontecimentos de Xabregas e de Chelas: preso em 29-01-1934 e levado para a Trafaria, seria condenado, em 08-03-1934, a 10 anos de degredo. Embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde foi perseguido, integrando a «brigada brava» e totalizando mais de uma centena de dias na «frigideira». Tentou a fuga em maio de 1943, foi capturado e «torturado cruelmente». Libertado em 09-12-1945, regressou em 01-02-1946, instalou-se em Almada e emigrou para França. Mais tarde, Em 1970, já com 72 anos, regressou a Portugal para integrar a ARA, participando na colocação de explosivos no navio «Cunene». Faleceu em 02-02-1972, em Paris. Pai de Edmundo Pedro.

Gavino Rodrigues

Gavino Rodrigues
Nasceu em 28-12-1910, em Vila Real de Santo António. Trabalhador, participou nos preparativos locais da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934 e veio a ser acusado de ter transportado, em dezembro de 1933, malas com bombas a utilizar naquele dia. Preso e entregue pelo Comando da PSP de Faro à PVDE em 03-02-1934, foi levado para a 1.ª esquadra, em Lisboa. Condenado, em 16-04-1934, a 10 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, seguiu, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, embarcou no «Loanda» para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa, no navio «Guiné», em 01-02-1946, saindo em liberdade. Voltou a residir em Vila Real de Santo António e faleceu em 08-08-1976.

Gil Cornélio Gonçalves

Gil Cornélio Gonçalves
Nasceu em 16-09-1893, em Elvas. Tenente, participou na «Revolução de Fevereiro de 1927» e estaria degredado na Madeira quando se iniciou a «Revolta das Ilhas» (1931), a que aderiu. Demitido do Exército, foi-lhe fixada residência na Ilha de S. Nicolau, em Cabo Verde: abrangido pela amnistia de 05-12-1932, regressou e apresentou-se em 17-01-1933. Entregue pela PSP de Setúbal à PVDE em 24-11-1933, acusado de manter ligações com deportados em Cabo Verde, saiu em liberdade em 12-05-1934. Detido em 16-04-1938 e levado para o Aljube, foi solto em 11-05-1938. Reintegrado, em 1939, seria preso em 25-03-1940, ficando detido até 03-06-1940. Preso em 27-02-1942, quando era comerciante e integrava a rede anglo-portuguesa do «SOE» (Special Operations Executive, Seção H), mais conhecida por «Rede Shell». Transferido da Delegação do Porto da PVDE para Lisboa, passou pelo Aljube (31-07-1942) e Caxias (02-08-1942), embarcando, em 05-08-1942, para o Tarrafal, onde ficou alojado fora do Campo e estava associado ao grupo dos republicanos. Regressou em 01-01-1944, deu entrada no Hospital Júlio de Matos, transitou para Caxias (07-01-1944) e para Peniche (23-05-1944), de saiu em 29-05-1944. Maçon, faleceu em 16-11-1966, em Lisboa.

Guilherme da Costa Carvalho

Guilherme da Costa Carvalho
Nasceu em 11-06-1921, no Porto. Aderiu ao PCP em 1943, ingressou, em 1945, na clandestinidade e integrou, entre 1957 e 1973, o Comité Central. Preso quatro vezes (20-10-1948, 11-04-1959, 14-11-1960, 07-05-1963), evadiu-se duas (03-01-1960 e 04-12-1961) e conheceu o Aljube, Caxias, Peniche e Tarrafal, totalizando dezasseis anos nesses cárceres. Quando tinha como profissão «proprietário», embarcou, em 15-09-1949, para o Tarrafal, onde foi o único preso a ter visitas durante a primeira fase de funcionamento do Campo. Os pais, pessoas de posses, prestaram homenagem aos presos falecidos, colocaram flores em todas as campas, fotografando-as uma a uma, e tiraram retratos de grupo, a fim de, no regresso, informarem as famílias da situação dos deportados. Transferido, em 21-05-1951, para Peniche, foi libertado em 30-08-1954. Preso mais três vezes, seria durante a última captura, em 1963, que a saúde se agravou, intencionalmente, por falta de assistência médica. Libertado em 16-02-1972, na fase terminal da doença, para não morrer na cadeia. Faleceu no Instituto Português de Oncologia de Lisboa em 24-03-1973, com 52 anos.

Heinrich Kahn

Comerciante em Cabo Verde, pertencia à Associação Comercial Barlavento da ilha de São Vicente e foi um dos que protestou contra a inépcia da administração colonial em assegurar o abastecimento do arquipélago, referindo a hipótese de recurso aos britânicos para garantir esses meios e obviar à fome que grassava. Na Carta-Relatório dirigida ao ministro das Colónias, Francisco José Caeiro, com data de 30-09-1942, por Henrique Galvão, inspetor superior colonial, encarregue de inquirir sobre a situação das fomes de 1942 no Arquipélago e o papel dos comerciantes locais, afirma-se textualmente que este era «um judeu alemão bastante misterioso que vive nas boas graças do Consulado de Inglaterra, faz propaganda contra o seu país e tem poderes para atirar para a lista negra comerciantes portugueses seus concorrentes». Enviado para o Tarrafal entre 10-09-1942 a 26-10-1942, embora ficando na parte de fora do Campo, seria sujeito a outras medidas de coação, como a de «residência fixa». Outros dois comerciantes que estavam nas mesmas circunstâncias (Salomão Benoliel e Sérgio Barbosa Mendes), não chegaram a ser enviados para o Campo.

Henrique Artur dos Santos Ochsemberg

Henrique Artur dos Santos Ochsemberg
Nasceu em 23-04-1914, em Lisboa. Grumete artilheiro, militou na Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas, integrava, desde novembro de 1933, a ORA e participou, em 1934, no «Pleno da Organização Revolucionária da Armada». Preso a bordo da fragata D. Fernando e entregue pelo Comando Geral da Armada à PVDE em 17-05-1935, seguiu para uma esquadra e, em 30-05-1935, passou para a Cadeia do Aljube. Entraria, então, no circuito de transferências entre presídios: 1.ª esquadra (07-10-1935), Peniche (23-10-1935), 1.ª esquadra (09-12-1935), Peniche (26-12-1935) e Caxias (14-10-1936). Condenado, em 14-12-1935, a 23 meses de prisão, embarcou para o Tarrafal em 17-10-1936, onde foi um dos protagonistas da primeira tentativa de fuga, em 02-08-1937. Estreou a «frigideira», acabada de instalar e, violentamente espancado, ficou com uma lesão irreversível na cervical. Terminada a pena em 07-04-1937, continuou em prisão preventiva. Requereu, em 09-12-1937, a libertação, a qual seria indeferida por despacho do ministro, Mário Pais de Sousa, datado de 02-02-1938. Regressou em 15-07-1940, na sequência de uma amnistia, e saiu em liberdade. Manteve a atividade política.

Henrique Vale Domingues Fernandes

Henrique Vale Domingues Fernandes
Nasceu em 24-08-1913, em Lisboa. Grumete de manobras, a prestar serviço a bordo do aviso de 1.ª classe «Bartolomeu Dias» desde 31-08-1936, era membro da ORA e tinha ligações ao PCP. Participou na «Revolta dos Marinheiros» e, em 08-09-1936, foi entregue pelas autoridades de Marinha à PVDE, acusado do crime de «insubordinação». Recolheu ao 3.º Posto da 14.ª Esquadra, «Mitra», seguiu, em 18-09-1936, para a Penitenciária de Lisboa e seria condenado, em 14-10-1936, a quatro anos de prisão, seguidos de oito de degredo ou, em alternativa, a dezasseis anos de degredo. Interpôs recurso, tendo o mesmo tribunal, por decisão de 21-10-1936, confirmado a sentença. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde colaborou na prestação de serviços de enfermagem aos outros presos, ficando conhecido como enfermeiro-ajudante. Faleceu em 07-01-1942, com apenas 28 anos de idade.

Herculano Jorge Marini Bragança

Herculano Jorge Marini Bragança
Nasceu em 20-01-1908, em Portalegre. Mecânico agrícola, com residência em Portalegre, foi preso pela PSP local, acusado de, em 12-06-1937, ter matado um irmão com uma pistola. Enviado, em 12-12-1938, pelo Comando da PSP de Portalegre à PVDE, recolheu à 1.ª esquadra à ordem do TME. Julgado no dia 14-12-1938 e condenado em 9 anos de degredo, seguiu, em 18-12-1938, para Peniche. Transferido, em 27-12-1938, para o Aljube, de forma a ser entregue, no dia seguinte, ao Delegado do Procurador da República da Comarca de Portalegre. Regressou ao Aljube em 07-07-1939, ido da Comarca de Portalegre, e requereu, em 26-07-1939, a sua permanência no Continente já que pedira revisão do seu processo. Seguiu, em 19-09-1939 para o Tarrafal, onde fez parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviados para o Campo por atos de delito comum. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou, no vapor «Guiné», em 01-02-1946, saindo em liberdade.

Herculano Marques Gouveia

Herculano Marques Gouveia
Nasceu em 13-12-1890, em Carvalhal Redondo, Nelas. Integrou, em 1917, o Corpo Expedicionário Português enquanto soldado da 4.ª Companhia. Comerciante, foi preso pela PSP de Lisboa em 01-05-1933 e entregue, no dia seguinte, à PVDE, «por suspeita de estar envolvido no lançamento de algumas bombas explosivas no Largo do Terreiro do Trigo», onde residia. Libertado em 10 de maio, voltou a ser preso em 22-03-1937, «para averiguações». Levado, incomunicável, para uma esquadra, passou, em 28-04-1937, da 27.ª esquadra (Pedrouços) para a Cadeia do Aljube e, em 05-06-1937, embarcou para o Tarrafal sem ter sido julgado. Apesar de combatente da 1.ª Guerra, sofreu maus-tratos e vexames dos militares, afetando o seu frágil estado emocional. Regressou em 01-10-1944 e ficou detido em Caxias. Julgado pelo TME em 01-11-1944 e condenado a 6 anos de degredo, seguiu, em 04-12-1944, para Peniche. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 01-11-1945, depois de mais de oito anos e meio de prisão efetiva.

Hermínio Martins

Hermínio Martins
Nasceu em 18-08-1914, na Lousã. Grumete fogueiro, foi entregue pelas autoridades de Marinha à PVDE em 08-09-1936, acusado do crime de «insubordinação», por estar envolvido na «Revolta dos Marinheiros». Enviado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra da PSP, «Mitra», seria transferido, em 18-09-1936, para a Penitenciária de Lisboa. Condenado, em 13-10-1936, a 5 anos de prisão maior celular, seguidos de 10 anos de degredo ou, em alternativa, a 17 anos e meio de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde sofreu dias de internamento na «frigideira», padeceu, por várias vezes, da biliosa e concebeu, entre outras, uma máquina de cortar o tabaco em rama. Regressou em 17-12-1950, doente, ficando internado na Cadeia Penitenciária de Lisboa. Segundo memória familiar, o regresso só teria sido possível com o auxílio dos pais de Guilherma da Costa Carvalho, tendo o casal chegado a visitar a família na Lousã e tirado fotografias. Devido ao estado de saúde, esteve internado nos sanatórios do Caramulo e de Torres Vedras, onde veio a falecer pouco tempo depois.

Hernâni dos Santos Pinto

Hernâni dos Santos Pinto
Nasceu em 25-02-1918, em Macieira de Cambra, Vale de Cambra. Motorista, foi entregue pelo «Grupo de Companhias de Trem Automóvel» à PVDE, em 23-03-1942, e enviado para o Aljube. Punido, em despacho do subsecretário de estado da Guerra, Santos Costa, com 60 dias de pena de prisão disciplinar agravada e na indemnização do Estado, na importância de 3500$00, por avarias causadas no automóvel de que era condutor, deveria, segundo a mesma deliberação, ser encarcerado durante um ano no Tarrafal caso não pagasse a referida importância. Após o cumprimento dos 60 dias de prisão, foi entregue na PVDE a fim de aguardar embarque para Cabo Verde, já que não tinha depositado a referida importância. Transferido, em 10-04-1942, para o Forte de Caxias e, em 24-04-1942, para Peniche, regressou ao primeiro presídio em 19-06-1942 e embarcou, em 20-06-1942, para o Tarrafal. Libertado em 11-06-1943, o ex-soldado foi admitido como guarda auxiliar, passando de preso a carcereiro: «o célebre guarda Pinto».

Inácio Francisco das Neves

Inácio Francisco das Neves
Nasceu em 26-02-1906, em Lisboa. Carpinteiro, preso pela PIDE em 31-03-1947 e enviado para o Forte de Caxias, embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou incriminado, provavelmente por estar envolvido na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Tarrafal, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar embarque para Lisboa. Regressou, em 07-11-1947, no vapor «Guiné», e apresentou-se na sede da PIDE.

Isidro Felisberto Canelas

Isidro Felisberto Canelas
Nasceu em 01-02-1898, em Arronches. 2.º sargento de Caçadores 2, participou, em 20-07-1928, na «Revolta do Castelo», foi preso e deportado, em 21-08-1928, para o «Campo de Concentração de Angola». Nos primeiros meses de 1929, embarcou, clandestinamente, de Angola para o Funchal, apresentou-se no Governo Militar e ficou à disposição do ministério do Interior. Preso pela Delegação da PVDE do Porto em 03-10-1936, «acusado de organizar grupos civis destinados a atuar num movimento revolucionário» com ligações à Maçonaria. Era, então, empregado de praça e residia no Porto. Transferido, em 15-10-1936, para Caxias, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde fez parte do grupo dos republicanos e se tornaria num defensor do regime: incluído no grupo dos «rachados», prestou serviços à direção do Campo, informando-a do que se passava entre os deportados, e colaborava com os carcereiros. Requereu, em 17-12-1937, a libertação, a qual foi indeferida pelo ministro do Interior em 02-02-1938. Regressou em 08-02-1940 e saiu em liberdade. Detido em 09-11-1965 e levado para Caxias, seria solto no dia seguinte.

Jacinto de Melo Faria Vilaça

Jacinto de Melo Faria Vilaça
Nasceu em 04-05-1914, em Lisboa. Antigo marinheiro, assentou praça na Armada em 1936 e aquando da «Revolta dos Marinheiros», em 08-09-1936, era aluno de manobras no navio «Bartolomeu Dias». Entregue pelas autoridades de Marinha à PVDE, acusado do crime de «insubordinação», recolheu ao 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», seguiu, em 18-09-1936, para a Penitenciária e, em 15-10-1936, seria condenado pelo TME a 4 anos de prisão, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde era visto sem preparação política e vivia fora do Campo, por se ter mostrado arrependido em requerimento dirigido às autoridades. No entanto, embora viesse a integrar o grupo denominado «porta-aviões», nunca terá prejudicado deliberadamente os outros presos, sendo, por isso, respeitado aquando da sua morte. Faleceu em 03-01-1941, com 26 anos, por alegada «icterícia grave».

Jaime Augusto de Carvalho

Jaime Augusto de Carvalho
Nasceu em 23-02-1909, em Aveiro. Alfaiate, foi entregue, em 09-05-1938, pelas autoridades espanholas no Posto de Galegos, por «indesejável». Seguiu para o Posto de Marvão e, no dia 10-05-1938, para a cadeia de Castelo de Vide, de onde foi solto em 22-05-1938. Detido novamente em 05-02-1939, recolheu ao Aljube, constando no seu Registo Geral de Presos que «exerceu vários cargos nas organizações avançadas espanholas» e «concebeu um atentado contra Sua Ex.ª o Presidente do Conselho, chegando a trabalhar no fabrico da bomba com que tencionava realizá-lo». Deportado, em 01-04-1939, para o Tarrafal, onde exerceu a sua profissão, foi punido algumas vezes com dias de internamento na «frigideira» e tentou evadir-se em 06-08-1944. Por integrar o grupo dos «rachados», gozava de certa liberdade e conseguiu andar cerca de duas semanas fugido, até que «exausto, famélico, quase morto de cansaço, com os pés ensanguentados, foi entregar-se», sendo-lhe aplicados 30 dias na «frigideira», a pão-e-água, embora em condições mais benévolas do que sucedera a outros. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 03-11-1945, regressou em 01-02-1946.

Jaime da Fonseca e Sousa

Jaime da Fonseca e Sousa
Nasceu em 1902, em Lisboa ou Tondela. Impressor da Casa da Moeda, era militante do PCP. Preso em 25-04-1932, chegou a ser-lhe fixada residência obrigatória em Cabo Verde ou Timor, o que não sucedeu. Passou dezanove meses na Penitenciária de Lisboa, seguiu para Peniche e, em 19-11-1933, embarcou para Angra do Heroísmo. Julgado, em 24-08-1934, pela Secção dos Açores do TME, acusado de, em 1932, «ter tomado parte no fabrico, transporte, detenção e uso, para experiência, de bombas explosivas», seria condenado a doze anos de degredo. Com graves problemas hepáticos e internado no Hospital Militar de Angra, requereu, em janeiro de 1935, ao ministério do Interior, a transferência para Lisboa, acabando por ser intervencionado de urgência ao fígado (20-05-1935). Solicitou ao ministro do Interior, em 15-07-1935, que lhe fosse dada por expiada a pena, alegando falta de saúde e a sua adesão à União Nacional, pretensão negada pela PVDE em 14-08-1935. Deportado, em 23-10-1936, para o Tarrafal, os problemas de saúde agravaram-se. Faleceu em 07-07-1940, após alguns dias em coma.

Jaime Ferreira

Jaime Ferreira
Nasceu em 28-08-1907, em Lisboa. Compositor tipográfico, foi preso em 02-05-1937, «para averiguações», e levado, incomunicável, para uma esquadra. Transferido, em 11-05-1937, para a 1.ª esquadra, entrou, no dia seguinte, na Cadeia do Aljube e, em 05-06-1937, embarcou para o Tarrafal, onde adoeceu com a febre biliosa. Regressou em 20-02-1945 e seria conduzido para Caxias. Condenado pelo TME de 06-03-1945 a três anos de prisão, pena dada por expiada. Libertado em 07-03-1945.

Jaime Francisco

Jaime Francisco
Nasceu em 03-04-1914, em Lisboa. Grumete artilheiro, aderiu, em 1934, à ORA e, nesse mesmo ano, controlou a célula do Corpo de Marinheiros. No ano seguinte, integrou o Secretariado da ORA e participou na «Semana de Agitação» organizada pelo PCP entre 25 de fevereiro e 2 de março. Preso em 30-04-1935, durante uma reunião no Jardim do Campo Santana, foi conduzido para uma esquadra, onde ficou incomunicável, e seguiu, em 25-05-1935, para o Aljube, a aguardar julgamento pelo TME. Condenado, em 14-12-1935, a 23 meses de prisão, entrou, em 17-01-1936, na 1.ª esquadra, passou, em 19-01-1936, para Peniche e, em 14-10-1936, foi transferido para Caxias, a fim de embarcar, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Embora tenha terminado a pena em 25-03-1937, continuou em prisão preventiva e, em 1945, ficou confinado ao Pavilhão C4, reservado aos prisioneiros que desenvolveram perturbações mentais, devido ao constante agravamento do seu estado de saúde emocional. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 10-11-1945, ficou a aguardar embarque para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, ao fim de quase dez de deportação.

Jaime Tiago

Jaime Tiago
Nasceu em 1899, em Pampilhosa da Serra. Litógrafo da Casa da Moeda, desenvolveu atividade na CGT durante a I República. Tornou-se militante do PCP no início da década de 1930, sendo preso em 21-05-1932, «por estar envolvido em trabalhos de organização comunista» e «ser portador de bombas explosivas». Embarcou, em 19-11-1934, para Angra do Heroísmo. Julgado em 18-08-1934, o TME condenou-o a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Transferido, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira», integrou a Organização Comunista Prisional e, devido a divergências, transferiu-se para o Grupo dos Comunistas Afastados. Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério de Justiça. Em janeiro de 1946, subscreveu a exposição dirigida por tarrafalistas à Comissão Executiva do Movimento de Unidade Democrática, na qual se apoiava as resoluções tomadas na sessão de outubro de 1945. O Tribunal de Execução das Penas, de 13-08-1948, concedeu-lhe a liberdade condicional por quatro anos sob determinadas condições. Obteve a liberdade definitiva em 28-07-1952.

João António Pires

João António Pires
Nasceu em 13-08-1917, em Alvito, distrito de Beja. Motorista (soldado), em 19-05-1942, foi entregue na sede da PVDE, por ordem do ministério da Guerra, a fim de ser «internado» durante um ano no Tarrafal, conforme despacho do subsecretário de estado da Guerra, Santos Costa. Enviado para o Aljube e transferido, em 18-06-1942, para o Forte de Caxias, embarcou, em 20-06-1942, para Cabo Verde. Regressou em 12-08-1943 e saiu em liberdade nesse mesmo dia.

João Batista Garrido

João Batista Garrido
Nasceu em 08-04-1891, em Matela, Vimioso. Estofador, a viver e a trabalhar no Porto, foi detido nesta cidade em 01-10-1931, «por fazer parte de um grupo civil que tinha a missão de levar a efeito atentados pessoais», sendo libertado em 18-11-1931. Preso novamente em 25-08-1936, também no Porto, «para averiguações de carácter revolucionário», já que desenvolvia «vasto trabalho nos aliciamentos de indivíduos simpatizantes com as ideias marxistas» e «afirmava publicamente que desejava o mesmo fim de Calvo Sotelo aos componentes do Governo Português», numa alusão ao assassinato, em 13-07-1936, do político direitista espanhol José Calvo Sotelo. Sem nunca ter sido julgado, seguiu, em 15-10-1936, para o Forte de Caxias e, em 17-10-1936, embarcou para o Tarrafal, onde integrava o grupo dos republicanos. Regressou em 08-02-1940 e saiu em liberdade.

João Batista Machado

João Batista Machado
Nasceu em 04-07-1907, em Monte Pedral, Lisboa. Motorista, com atividade no Sindicato Unitário da Indústria de Transportes Automóveis, foi detido em 03-08-1935, «por ordem superior», acusado de, em 30-07-1935, ter distribuído manifestos no Poço de Borratém. Levado, incomunicável, para a 1.ª esquadra, passou, em 27-08-1935, para o Aljube e, em 10-09-1935, seguiu para Peniche. Regressou a Lisboa em 17-12-1935, para ser julgado pelo TME no dia seguinte, tendo sido absolvido e libertado. Preso de novo em 16-09-1936, «por continuar a desenvolver propaganda subversiva no sindicato clandestino de orientação comunista da classe dos motoristas», o qual integrava a Comissão Intersindical e publicava «O Profissional do Volante». Levado, incomunicável, para a 25.ª esquadra (Ajuda), seguiu, em 13-10-1936, para a Cadeia do Aljube e, em 17-10-1936, embarcou para o Tarrafal. Regressou, por transferência, em 08-02-1940, recolheu a Caxias e seguiu, em 16-02-1940, novamente para o Aljube. Julgado pelo TME no dia subsequente e condenado em vinte e dois meses de prisão, dada por cumprida, foi libertado em 18-02-1940. Detido, mais uma vez, em 22-12-1944, seria libertado do Aljube no dia seguinte.

João Conceição da Rocha

João Conceição da Rocha
«O Rancolho» Nasceu em 16-01-1916, em Lisboa. Servente, foi entregue pela PSP de Lisboa à PIDE em 09-04-1947, «para averiguações», e enviado para o Forte de Caxias. Transferido, em 11-04-1977, para o Tarrafal, provavelmente por estar envolvido na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Libertado em 20-05-1947, ficou com residência fixa na Cidade da Praia a aguardar transporte para Lisboa. Embarcou em 10-09-1947, apresentou-se, em 18-09-1947, às autoridades e saiu em liberdade condicional. Passou à situação de liberdade definitiva em 01-08-1948.

João Cruz Cebola

João Cruz Cebola
Nasceu em 21-09-1886, em Nisa, distrito de Portalegre. Detido em 16-05-1928, quando comerciante a residir no Barreiro, «acusado de ter tomado parte nas reuniões do «comité revolucionário» ultimamente descoberto», e levado para os calabouços do Governo Civil, desconhecendo-se a data da sua libertação. Preso em 21-07-1937, «para averiguações», recolheu, incomunicável, a uma esquadra e, em 06-11-1937, embarcou para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou condenado, onde foi punido com dezenas de dias de internamento na «frigideira». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 27-12-1945, regressou a Lisboa, no navio «Guiné», em 01-02-1946.

João da Silva

João da Silva
Natural de Lagos, desconhecia a sua data de nascimento. Trabalhador, entregue pelo TME em 28-02-1939, recolheu à 1.ª esquadra e, em 04-03-1939, seguiu para Caxias. Regressou à 1.ª esquadra em 12-05-1939, a fim de ser julgado, no dia seguinte, pelo TME. Condenado na pena de 4 anos de degredo, embarcou, 26-06-1939, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviados para o Campo como «presos comuns». Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade. Do seu cadastro consta a menção de «ser portador e fazer uso contra um indivíduo de avançada idade, de uma pistola de calibre 7.65».

João da Silva Campelo

João da Silva Campelo
Nasceu em 08-08-1912, em Oliveira de Azeméis. Alistou-se na Armada em 1931 e, em 1935, tornou-se militante do PCP. 2.º torpedeiro do navio «Bartolomeu Dias» e ativista da Organização Revolucionária da Armada, esteve envolvido na «Revolta dos Marinheiros», sendo entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE em 08-09-1936, «por insubordinação». Enviado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, seguiu, em 18-09-1936, para a Penitenciária de Lisboa e o TME, em sessão de 13-10-1936, condenou-o na pena de 4 anos de prisão maior celular, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira» e chegou a estar muito doente com a biliosa. Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça, seria libertado em 22-09-1952, «por ter terminado a pena a que havia sido condenado».

João Faria Borda

João Faria Borda
Nasceu em 18-11-1912, em Alcobaça. Assentou praça na Armada em 1932, como voluntário, tornou-se militante do PCP e dirigente da ORA. 2.º artilheiro no navio «Bartolomeu Dias», encabeçou a sublevação, em 08-09-1936, de grumetes, marinheiros e cabos dos navios de guerra «Bartolomeu Dias», «Afonso de Albuquerque» e «Dão». Preso, recolheu à 1.ª esquadra, ficou, em 10-09-1936, em regime de incomunicabilidade e, em 18-09-1936, passou para a Penitenciária. Julgado pelo TME em 13-10-1936, assumiu responsabilidades na «Revolta dos Marinheiros» e seria condenado em 6 anos de prisão, seguidos de 10 de degredo ou, em alternativa, em 20 anos de deportação. Embarcou para o Tarrafal em 17-10-1936, de onde procurou evadir-se em 02-08-1938 e seria castigado com internamento na «frigideira». Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério da Justiça e, em 23-12-1952, seria transferido para Peniche, sendo libertado em 24-12-1953. Preso novamente em 28-10-1959, por «atividades subversivas», recolheu ao Aljube e, em 09-06-1960, deu entrada no Depósito de Presos de Caxias. Foi absolvido pelo Tribunal Plenário de Lisboa, por ter «sido improcedente e não provada a acusação», sendo libertado no dia seguinte. Faleceu em 30-05-1985, no Hospital da Marinha.

João Galo Gomes

João Galo Gomes
Nasceu em 07-06-1913, em Lisboa. 1.º Artilheiro no navio de guerra «Bartolomeu Dias», foi entregue pelo comando da Marinha à PVDE em 08-09-1936, acusado do crime de «insubordinação» por estar envolvido na «Revolta dos Marinheiros». Recolheu ao 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», foi transferido, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa e, em 13-10-1936, seria condenado pelo TME na pena de 4 anos de prisão maior, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira». Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério da Justiça, desconhecendo-se o percurso posterior.

João Garcia Ribeiro

João Garcia Ribeiro
Nasceu em 25-05-1901, em Peso da Régua. Marceneiro em Lisboa, foi detido em 05-03-1938, recolhendo, incomunicável, a uma esquadra. Nos oito meses seguintes, passou pelo Aljube (16-03-1938), Caxias (07-06-1938), Peniche (13-08-1938) e, por fim, regressou à capital para ser julgado. Condenado, em 22-10-1938, a oito meses de prisão, dada por expiada, seria libertado em 31-10-1938, após ter alta da enfermaria do Aljube. Preso pela PSP de Lisboa em 06-06-1940, circulou entre a 1.ª esquadra (17-06-1940), Caxias (01-07-1940), onde em 03-11-1940, foi encaminhado para o isolamento, em virtude de se ter «insubordinado» durante a distribuição do jantar e ter agredido um guarda, 1.ª esquadra (11-01-1941), Caxias (11-01-1941) e novamente a 1.ª esquadra (07-02-1941). Condenado, em 08-02-1941, a 4 anos de prisão, retornou, em 10-02-1941, a Caxias, e embarcou, em 27-02-1941, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira» e se revelou como um dos «dois exímios construtores de instrumentos musicais». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 16-11-1945, regressou a Lisboa, no barco «Guiné», em 01-02-1946.

João Gomes Jacinto

João Gomes Jacinto
Nasceu em 02-06-1890, em Coimbra. Pedreiro, com residência em Lugar de Fala, freguesia de São Martinho do Bispo, integrou o Comité Sindicalista Revolucionário e foi em sua casa que se realizaram algumas das reuniões preparatórias da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, nela se guardando bombas de dinamite a utilizar nas sabotagens em Coimbra. Preso e enviado para Lisboa em 26-01-1934, seria julgado em 09-02-1934 e condenado a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Interpôs recurso, mas o Tribunal, em sessão de 10-03-1934, confirmou a pena. Embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa em 01-02-1946, saindo em liberdade.

João Lopes Diniz

João Lopes Diniz
«João da Pedrinha» ou «João da Facadinha» Nasceu em 1904, em Sintra. Canteiro, militava no PCP desde o início da década de 1930. Preso, na serra de Monsanto, em 24-04-1932, seria condenado, em 20-10-1934, a 10 anos de degredo, pena confirmada em 03-11-1934, por interposição de recurso. Entrou no Aljube em 04-12-1934, acusado de «bombista», foi transferido, em 19-12-1934, para Peniche, e regressou, em 20-03-1935, à Cadeia do Aljube, para ser deportado, em 23-03-1935, para Angra do Heroísmo. Seguiria, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde construiu, a partir de pedras vermelhas, porosas e leves, de origem vulcânica, filtros que tornassem a água que os presos bebiam menos impura. Canteiro de profissão, também lhe coube esculpir muitas das inscrições que constam nas lápides das sepulturas dos que iam morrendo. Faleceu em 12-12-1941, com 37 anos de idade. Manuel Francisco Rodrigues refere-se-lhe como «um pobre já velho apesar de não ter ainda quarenta anos» e «havia dez anos que a violência e a arbitrariedade o haviam separado da família», deixando filhas e mãe.

João Manuel Gil

João Manuel Gil
Nasceu em 02-06-1898, em Cuba, distrito de Beja. Sapateiro em Aljustrel, foi entregue pelo Comando da PSP de Beja à PVDE em 15-03-1942 e enviado para o Aljube. Militante comunista, integrava a rede de espionagem anglo-portuguesa do «SOE» (Special Operations Executive, Seção H), mais conhecida por «Rede Shell», sendo o agente H.527. Transferido, em 09-06-1942, para o Depósito de Presos de Caxias, embarcou, em 10-09-1942, para o Tarrafal, ficando alojado fora do Campo. Regressou, em 27-01-1944, levado para o Hospital Júlio de Matos e, em 02-02-1944, seguiu para Caxias. Condenado pelo TME, em sessão de 05-04-1944, na pena de 20 meses de prisão, dada por expiada uma vez descontado o tempo de prisão preventiva cumprido de 2 anos e 23 dias. Passou, em 23-05-1944, para Peniche, de onde foi libertado em 29-05-1944.

João Maria

João Maria
Nasceu em 03-01-1910, em Vidago, município de Chaves. Grumete de manobras no navio de guerra «Bartolomeu Dias», foi entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE em 08-09-1936, por «insubordinação», acusado de estar envolvido na «Revolta dos Marinheiros» que eclodira nesse mesmo dia. Enviado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», passou, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa e, por sentença de 13-10-1936, seria condenado pelo TME na pena de 4 anos de prisão maior celular, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo. Enviado para o Tarrafal em 17-10-1936, seria transferido para Peniche, tendo embarcado na Cidade da Praia em 06-07-1949. Obteve a liberdade definitiva em 01-09-1951.

João Maria Pereira da Anunciação

João Maria Pereira da Anunciação
Nasceu em 25-02-1915, em Lisboa. Serralheiro, foi entregue pela PSP de Lisboa na PIDE em 09-04-1947, «para averiguações», e levado para Caxias. Transferido, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou incriminado, provavelmente devido à sua participação na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, preparada pelo PCP. Vigiado por guardas da PIDE, permaneceu, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa instalação diferente daqueles que já se encontravam no Campo. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar transporte para Lisboa. Desembarcou em 07-11-1947 e apresentou-se na sede da PIDE.

João Martins Leitão

João Martins Leitão
Nasceu em 23-09-1917, em Penamacor. Vidraceiro, a residir em Lisboa, foi preso em 01-05-1936. Referenciado como «extremista» e levado para uma esquadra, seguiu, em 07-06-1936, para o Aljube e, em 17-10-1936, embarcou para o Tarrafal, sem ter sido julgado e onde foi castigado com internamento na «frigideira». Regressou em 20-02-1945, recolheu a Caxias e, em 07-03-1945, seria condenado pelo TME a 10 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Começou, então, a circular entre o Aljube, Caxias e a enfermaria do Aljube, entrando em Peniche em 22-12-1945. Passou, no último dia do ano, para a tutela do ministério da Justiça e, em 05-09-1949, o Tribunal de Execução das Penas concedeu-lhe, sob determinadas condições, a liberdade condicional por três anos, ficando sob vigilância da PIDE. Foi-lhe revogada aquela por ter sido condenado a um mês de prisão pelo Tribunal da Relação de Lisboa (04-05-1953), devido a ofensas corporais, sendo detido em 23-05-1953. Concedida, por sentença de 08-09-1953, a liberdade condicional por três anos, obteve, em 24-08-1955, a definitiva.

João Paulino de Sousa

João Paulino de Sousa
Nasceu em 03-03-1903, em Serra d’El-Rei, Peniche. Empregado comercial, seria comunista, combateu em Espanha, esteve internado em campos de concentração em França, onde se refugiara, e foi preso em Vilar Formoso em 04-07-1940, ao reentrar em Portugal, por «ser combatente nos marxistas espanhóis». Enviado para a cadeia da localidade, entrou na sede da PVDE em 13-07-1940, seguiu para o Aljube e iniciou a transferência sucessiva de cárcere: Caxias (21-12-1940), Aljube (06-02-1941), Caxias (13-03-1941) e Peniche (04-08-1941). Embarcou, em 04-09-1941, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou condenado. Libertado em 01-01-1946, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, ficou a aguardar embarque e regressou em 01-02-1946.

João Pedro Leitão

João Pedro Leitão
Nasceu em 25-12-1902, em Santa Bárbara de Padrões, Castro Verde. Mineiro, foi entregue pelo Delegado do Procurador da República na Comarca de Beja à PVDE, em 09-01-1940, ficando à ordem do TME. Levado para a Cadeia do Aljube e julgado no dia seguinte, acusado de ser detentor de um punhal, seria condenado na pena de 3 anos de degredo. Transferido, em 16-01-1940, para Caxias, embarcou, em 23-02-1940, para o Tarrafal, de onde regressou em 20-02-1945, sendo restituído à liberdade. Novamente preso pela PIDE, em 09-04-1960, por «paralisação de trabalho», na sequência da luta travada no dia anterior contra o despedimento, em 09-05-1959, de 23 trabalhadores da Mina de Algares, em Aljustrel. Enviado, em 10-04-1960, para Caxias, foi solto em 11-05-1960. Faleceu em 25-12-1977, em Aljustrel.

João Rodrigues

João Rodrigues
Nasceu em 07-10-1921, no Funchal. Ajudante-serralheiro, foi entregue à PIDE pela PSP de Lisboa em 09-04-1947, «para averiguações», e levado para o Forte de Caxias. Transferido, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou condenado, provavelmente por estar associado à greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, dinamizada pelo PCP. Tal como os outros presos na mesma circunstância, ficou numa seção diferente daqueles que já se encontravam no Campo, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 20-05-1947, ficou com residência fixa na Cidade da Praia, a aguardar transporte para Lisboa, o que apenas aconteceu em 10-09-1947. Desembarcou em 18-09-1947, apresentou-se na sede da PIDE e ficou em liberdade condicional. Obteve, em 01-08-1948, a definitiva.

João Rodrigues

João Rodrigues
«O João da Quinta» Nasceu em 09-05-1911, em Vila Real de Santo António. Desenhador litógrafo na sua terra e militante do PCP desde 1933, esteve envolvido nos preparativos locais da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Preso e entregue pela PSP de Faro à PVDE em 03-02-1934, seria levado para a 1.ª esquadra, em Lisboa. Condenado, em 07-04-1934, a 14 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, acusado de ter participado em reuniões e transportado bombas. Interpôs recurso, mas a sentença seria confirmada em 16-04-1934. Embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde integrou a OCP, desenhou, voluntariamente, as letras das lápides dos companheiros falecidos e trabalhou na «brigada brava». Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça, entrou, em 19-08-1950, em Peniche. Em 17-03-1951, foi-lhe permitida a liberdade condicional por quatro anos, com residência fixada na sua terra e sob vigilância da GNR. Em 28-05-1955, aquela foi prorrogada por três anos e a definitiva só lhe seria concedida em 31-03-1958. Emigrou para França, país onde permaneceu depois de 1974.

João Rodrigues da Silva ou João Rodrigues

João Rodrigues da Silva ou João Rodrigues
«O João da Varina» Nasceu em 17-02-1893, em Lisboa. Serralheiro e, após 1940, mecânico. Preso três vezes durante a I República. Detido em 15-08-1927, por distribuir panfletos, e solto em 19-08-1927. Preso em 15-02-1928, por cooperar com Américo Vilar no fabrico de bombas, ter ideias avançadas e guardar na algibeira uma bomba carregada, seria deportado, em 04-05-1928, para a Guiné, de onde fugiu. Preso em 28-12-1928, por possuir 40 bombas. Deportado, em 04-04-1929, para S. Tomé, passou, em 19-05-1929, para Luanda e, em 20-10-1930, para a Madeira, participando na «Revolta das Ilhas». Enviado, em 12-05-1931, para Cabo Verde, evadiu-se, fixou-se em Barcelona, «auxiliou os «marxistas espanhóis» e, finda a guerra, «foi internado no Campo de Concentração de Gurs». Pediu para ser repatriado, seria preso pela PVDE em Vilar Formoso, em 14-03-1940, e seguiu, em 16-03-1940, para a 1.ª esquadra. Esteve no Aljube (02-04-1940), em Caxias (24-04-1940) e, por despacho do Diretor da PVDE, de 22-04-1940, embarcou, em 21-06-1940, para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 16-11-1945 e regressou em 01-02-1946.

Joaquim Amaro

Joaquim Amaro
Nasceu em 26-04-1904, no Crato, distrito de Portalegre. Servente da construção civil, participou na revolta de 26 de agosto de 1931 e, em 02-09-1931, foi deportado para Timor. Abrangido pela amnistia de 05-12-1932, regressou em 1933 e, em 1935, passou a militar no PCP. Detido em 22-07-1936, «por criticar os acontecimentos de Espanha», recolheu à 7.ª esquadra, sendo solto no dia seguinte. Preso novamente em 16-04-1937, recolheu, incomunicável, a uma esquadra, seguiu, em 02-05-1937, para a 1.ª esquadra e entrou, em 02-06-1937, na Cadeia do Aljube. Embarcou em 05-06-1937, sem julgamento, para o Tarrafal, onde integrou a «brigada brava» e adoeceu com a biliosa. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e saiu em liberdade. Preso, mais uma vez, em 22-04-1963, seria levado para Caxias. Condenado, em 18-02-1964, a 2 anos de prisão maior e medida de segurança de internamento, prorrogável, entrou, em 24-03-1964, em Peniche. Iniciou, em 24-11-1965, o cumprimento da medida de segurança, circulando entre esta cadeia, a Prisão-Hospital S. João de Deus e Caxias. Foi-lhe concedida a liberdade condicional em 24-07-1968 e, só 4 anos depois, a 14-09-1972, é que obteve a definitiva.

Joaquim da Cruz Dias

Joaquim da Cruz Dias
Nasceu em 22-02-1903, em Vila Viçosa. 1.º fogueiro, foi entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE em 08-09-1936, «por insubordinação», devido a estar envolvido na «Revolta dos Marinheiros». Enviado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», seria condenado, em 14-10-1936, a 4 anos de prisão maior celular, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo. Transferido, em 17-10-1936, para a Penitenciária de Lisboa, interpôs recurso e a sentença seria confirmada pelo TME, em sessão de 21-10-1936, quando já tinha embarcado a caminho do Tarrafal, onde foi castigado com dias de internamento na «frigideira» e era tratado por outros marinheiros como o «tio». Libertado 16 anos depois, em 26-09-1952, «muito envelhecido», por ter terminado a pena a que havia sido condenado, regressou num navio da marinha mercante.

Joaquim de Sousa Teixeira

Joaquim de Sousa Teixeira
Nasceu em 02-01-1916, em Vila Real. Grumete artilheiro no NRP «Bartolomeu Dias», foi entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE em 08-09-1936, «por insubordinação», devido à participação na «Revolta dos Marinheiros». Enviado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», e transferido, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária, seria condenado, em 13-10-1936, a 5 anos de prisão, seguidos de 10 de degredo ou, em alternativa, a 17 anos e meio de degredo. Interpôs recurso, mas o TME, em sessão de 21-10-1936, confirmou a sentença. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira» e permaneceu até agosto de 1944. Transferido, em 24-08-1944, para a Cadeia do Aljube, deu entrada no Hospital de S. José em 25-04-1945, a fim de lhe ser extraído um rim. Posto à disposição do ministério da Justiça, evadiu-se numa tarde de agosto de 1948, tendo passado a viver de forma clandestina, com falsa identidade, para escapar à PIDE. Faleceu em 02-10-2009, no hospital Militar da Estrela, com 93 anos.

Joaquim Diogo

Joaquim Diogo
«O Vigarista» Nasceu em 1910/1911, em Lisboa. Ajudante de motorista, foi preso pela PVDE em 03-03-1939, «para averiguações», enviado para o Aljube e transferido, sucessivamente, para a 1.ª esquadra (30-03-1939), Aljube (01-04-1939), Caxias (11-04-1939) e, novamente, Aljube (04-12-1939). Condenado pelo TME, em 09-12-1939, na pena de 11 anos de degredo, reentrou em Caxias (10-12-1939) e interpôs recurso, tendo o mesmo tribunal, em sessão de 20-12-1939, confirmada a sentença. Embarcou, em 23-02-1940, para o Tarrafal, onde adoeceu com a febre biliosa. Passou, em 31-12-1945, para a dependência do ministério da Justiça. Saiu em liberdade condicional em 07-05-1953, ficou a residir em Cabo Verde até 35-06-1953, data da sua liberdade definitiva, e regressou a Lisboa. Apresentou-se na PIDE em 06-07-1953, indo residir para Sacavém.

Joaquim dos Santos

Joaquim dos Santos
Nasceu em 29-05-1906, na Lourinhã. 2.º fogueiro do NRP «Dão», foi entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE em 08-09-1936, «por insubordinação», acusado de participação na «Revolta dos Marinheiros» desencadeada naquela data. Enviado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra» e transferido, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa, foi condenado, em 13-10-1936, a 5 anos de prisão maior celular, seguidos de 10 de degredo ou, em alternativa, a 17 anos e meio de degredo. Deportado, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde era conhecido por «o Peniche» e foi castigado com dias de internamento na «frigideira». Permaneceu em Cabo Verde até 30-07-1953, data em que embarcou no vapor «Ana Mafalda», sendo internado, em 06-08-1953, na Fortaleza de Peniche. Libertado em 22-09-1953.

Joaquim Duarte ou Joaquim Duarte Ferreira

Joaquim Duarte ou Joaquim Duarte Ferreira
Nasceu em 1911, em Póvoa de S. Martinho do Bispo. Pedreiro-estucador, anarcossindicalista, participou nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934 em Coimbra, colaborando no transporte de dez bombas de choque desde Bencanta. Preso e entregue pela PSP de Coimbra à PVDE em 25-01-1934, seguiu para a Casa de Reclusão da Trafaria. Condenado, em 09-02-1934, a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, recorreu, mas a sentença seria confirmada em sessão do TME de 10-03-1934. Passou, em 13-10-1934, da 1.ª esquadra para o Aljube, seguiu, em 19-12-1934, para Peniche e reentrou, em 20-03-1935, no Aljube, a fim de ser deportado, em 23-03-1935, para Angra do Heroísmo. Transferido, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde era elemento de destaque da Organização Libertária Prisional e aprendeu a escrever e a tocar viola. Sob a tutela do ministério da Justiça desde em 31-12-1945, foi-lhe concedida, em 08-08-1949, a liberdade condicional por três anos mediante condições, nomeadamente a de abster-se de atividades políticas. Regressou em 11-11-1949 e obteve a liberdade definitiva em 27-10-1952.

Joaquim Faustino de Campos

Joaquim Faustino de Campos
«Faustino das Fragatas» Nasceu em 23-09-1900, em Rio de Moinhos, Abrantes. Marítimo, foi preso em 18-10-1935 e levado para uma esquadra: «motivo, comunista». De seguida, transitou entre diferentes cárceres: Aljube (19-10-1935), esquadra (08-11-1935), Aljube (04-02-1936), 1.ª esquadra (05-03-1936) e, em 23-03-1936, embarcou, no vapor «Carvalho Araújo», para Angra do Heroísmo. Condenado, em 31-07-1936, a 540 dias de prisão, seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde era conhecido por «Faustino das Fragatas». «Homem possante, um marinheiro que calejou as mãos nas barcaças do Tejo e no leme dos navios», segundo as palavras de Pedro Soares, foi regularmente espancado com violência e tornou-se num dos recordistas em dias de internamento na «frigideira», onde chegou a estar dez dias em greve de fome. Joaquim Ribeiro descreve-o como «alma boa e um tanto ingénuo», «muito sensível e intransigente para com os carcereiros», tendo uma «robustez de gorila». Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade. Novamente detido em 26-05-1958, «para averiguações», permaneceu em Caxias até 24-09-1958, quando foi libertado.

Joaquim Fernandes da Rocha

Joaquim Fernandes da Rocha
Nasceu em 19-08-1891, em Macieira, Vila do Conde. Eletricista – «picheleiro», deu entrada na delegação do Porto da PVDE em 04-03-1939, ido de Vila do Conde, e ficou à ordem do TME. Condenado, em 11-09-1939, a 6 anos de degredo, seria transferido, em 26-10-1939, para a diretoria da PVDE, em Lisboa, e enviado para o Aljube. Passou, em 30-10-1939, para Caxias, onde ficou até embarcar, em 23-02-1940, para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa em 01-02-1946, reentrou no Aljube e, em 02-02-1946, foi entregue às Cadeias Civis Centrais de Lisboa, «ficando à disposição da Comarca de Vila do Conde, por quem havia sido solicitado».

Joaquim Fernandes Teixeira

Joaquim Fernandes Teixeira
Nasceu em 06-07-1906, em Coimbra. Polidor, com residência em Lisboa, foi preso em 10-03-1937, «por extremista», recolhendo, incomunicável, a uma esquadra. Transferido, em 05-04-1937, para a Cadeia do Aljube, seguiu, em 05-06-1937, para o Tarrafal. Regressou em 15-07-1940, entrou no Forte de Caxias e, no dia 30-07-1940, seria condenado pelo TME em 24 meses de prisão, dada por expiada. Libertado em 02-08-1940.

Joaquim Ferreira

Joaquim Ferreira
«O Joaquim da Pedra» Nasceu em 16-04-1892, em Sé, Lamego. Jornaleiro, seria julgado, à revelia, em 02-09-1938 e condenado a 4 anos de degredo. Enviado pelo Juíz de Direito da Comarca de Vila Real, deu entrada na sede da PVDE em 15-09-1939, por ter sido acusado pelo TME de «ser portador e ter feito uso de um punhal». Enviado para o Aljube, embarcou, em 19-09-1939, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações políticas prisionais, tendo sido enviados para o Campo acusados de possuírem proibidas. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Joaquim Gomes Casquinha

Joaquim Gomes Casquinha
Nasceu em 13-02-1911, em Linda-a-Velha. Alistou-se, como voluntário, na Armada, era militante do PCP e integrou a ORA, sendo considerado pelo TME um dos dirigentes da «Revolta dos Marinheiros». Marinheiro artilheiro no NRP «Afonso Albuquerque», foi enviado pelo Comandante da PSP de Lisboa à PVDE em 08-09-1936, por estar «implicado no movimento revolucionário de 8 de setembro». Recolheu à 1.ª esquadra, passou, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária e, em 13-10-1936, foi condenado a 6 anos de prisão maior celular, seguidos de 10 de degredo ou, em alternativa, a 20 anos de degredo. Seguiu, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde se revelou um artista em construir animais em chifre como forma de passar o tempo. Passou para a tutela do ministério da Justiça em 31-12-1945 e, por ter sido transferido para Peniche, embarcou no vapor «Ana Mafalda» em 30-07-1953. Entrou naquela prisão em 06-08-1953 e saiu em liberdade em 24-12-1953.

Joaquim Jacinto

Joaquim Jacinto
Nasceu em 11-02-1911, em Tomar. Grumete artilheiro no NRP «Bartolomeu Dias», foi entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE em 08-09-1936, «por insubordinação», acusado de ter participado na «Revolta dos Marinheiros» que eclodiu nesse dia. Recolheu ao 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», seguiu, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa e, em 14-10-1936, seria condenado na pena de 4 anos de prisão maior celular, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, de onde regressou por motivo de doença e deu entrada, em 06-12-1950, na Fortaleza de Peniche. Transferido, em 22-12-1950, para a enfermaria da Cadeia Penitenciária de Lisboa, «para tratamento».

Joaquim Luís Machado

Joaquim Luís Machado
«O Tamanqueiro» Nasceu em 18-02-1901, em São Paio de Carvalhal, Barcelos. Jornaleiro e/ou tamanqueiro, a residir e a trabalhar em Tuy, Espanha, de onde foi expulso por indocumentado. Preso na fronteira de Valença em 11-04-1935, passou para a cadeia da Comarca de Vila Nova de Cerveira e seria solto em 08-05-1935. Regressou clandestinamente a Espanha e expulso, sendo detido, em 27-09-1935, pelo Posto fronteiriço de Valença. Levado para a cadeia desta Comarca, seria transferido, em 02-10-1935, para os calabouços da Comarca de Vila Nova de Cerveira e libertado em 05-10-1935. Retornou a Espanha, sendo expulso como indesejável e «suspeita de ter tomado parte, ao lado dos comunistas, no movimento revolucionário espanhol». Preso em 31-08-1936, seria transferido, em 05-09-1936, para a Delegação do Porto da PVDE. Entrou, em 15-10-1936, em Caxias, a fim de embarcar, em 17-10-1936, para o Tarrafal, sem julgamento. Acabou incluído no grupo dos «rachados», prestando informações à direção do Campo. Regressou em 08-02-1940 e foi libertado. As detenções, sempre pelo mesmo motivo, continuaram: 21-08-1946, 25-09-1946 e 12-09-1952.

Joaquim Manuel da Costa

Joaquim Manuel da Costa
Nasceu em 23-03-1899, em Montemor-o-Novo. Carpinteiro, com residência em Lisboa, estava, em setembro de 1933, referenciado pela PVDE como sócio da Gráfica Artística (ou tipografia Futurista Gráfica segundo o seu Cadastro), na Rua Antero de Quental, a qual fazia, com a sua colaboração, a impressão de manifestos e impressos clandestinos para a Confederação Geral do Trabalho. Esteve, em março de 1935, associado ao início da publicação clandestina da 4.ª série do jornal «A Batalha». Preso em 04-11-1936, «para averiguações», recolheu, incomunicável, à 4.ª esquadra. Iniciou, então, o circuito pelos diferentes cárceres: 1.ª esquadra (30-01-1937), Cadeia do Aljube (13-03-1937), Peniche (02-04-1937) e, de novo, Aljube (01-06-1937). Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem ter sido julgado e onde foi castigado com a «frigideira». Regressou, em 20-02-1945 e seguiu para Caxias. Julgado pelo TME em 07-03-1945, seria amnistiado ao abrigo do Decreto-lei 34377, de 12-01-de 1945, e libertado em 09-03-1945.

Joaquim Marques

Joaquim Marques
Nasceu em 19-01-1913, em Alenquer. Trabalhador, com residência na Aldeia Gavinha, foi preso e entregue, em 07-07-1937, pela Administração daquele concelho à PVDE. Recolheu à 1.ª esquadra, dando início ao habitual périplo pelas diferentes prisões: Aljube (03-08-1937), 1.ª esquadra (20-10-1937), Caxias (06-12-1937), uma esquadra (31-03-1938), 1.ª esquadra (01-04-1938), Caxias (06-05-1938) e, novamente, 1.ª esquadra (06-12-1938). Julgado pelo TME em 07-12-1938 e condenado a 4 anos de degredo, entrou, em 08-12-1938, em Peniche, passou, em 31-03-1939, para o Aljube e, em 01-04-1939, embarcou para o Tarrafal, «por mau comportamento e atitudes ameaçadoras e rebeldes no Depósito de Presos de Peniche». Durante a permanência no Campo, foi punido com dias de internamento na «frigideira». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, seria libertado em 12-11-1945, ficando a aguardar transporte para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Joaquim Marreiros

Joaquim Marreiros
Nasceu em 27-07-1910, em Lagos. Grumete de manobras no navio «Bartolomeu Dias» e militante do PCP, participou, em 08-09-1936, na «Revolta dos Marinheiros» planeada pela ORA. Acusado do crime de «insubordinação», foi entregue, nesse mesmo dia, pelas autoridades da Marinha à PVDE, sendo levado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra». Transferido, em 18-09-1936, para a Penitenciária de Lisboa, seria condenado, em 13-10-1936, a 4 anos de prisão, seguidos de oito de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde, apesar de sofrer de uma úlcera péptica, nunca recebeu qualquer tratamento. Faleceu em 03-11-1948, com 38 anos, em condições prisionais terríficas e depois de doze anos de cativeiro. Foi o penúltimo preso a morrer nesta primeira fase de funcionamento do Tarrafal.

Joaquim Montes

Joaquim Montes
Nasceu em 11-09-1912, em Almada. Corticeiro, membro da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e anarquista, participou na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Preso em 30-01-1934, acusado de ter procedido à «distribuição de bombas para serem utilizadas em Lisboa e outras localidades do País» e ter provocado, «com outros, a paralisação do trabalho em Almada», foi condenado, em 08-03-1934, a 14 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Deportado, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde foi punido com dezenas de dias de internamento na «frigideira». Faleceu em 14-02-1943, atacado pelo paludismo e com febre biliosa, depois de estar três dias na enfermaria. Tinha 30 anos de idade. Manuel Francisco Rodrigues retrata-o como um jovem de olhos azuis e cabelos louros e um apaixonado pelo seu ideal: um «partidário da Liberdade e da Justiça Social» que «resistiu a sete anos deste clima de inferno».

Joaquim Pais

Joaquim Pais
«O Varino» Nasceu em 10-01-1904, em Estarreja. Quando eletricista, com residência em Lisboa, foi preso por diversas vezes durante a I República, nomeadamente em 23-05-1925, «como suspeita de ser agitador e como conhecido sindicalista», e em 30-07-1925, «por suspeita de querer atentar contra a vida do 2.º Comandante da P.S.P.», tendo sido deportado para Luanda por fazer parte das Juventudes Sindicalistas e integrar a Legião Vermelha. Já como ajudante de caldeireiro, seria preso em 07-01-1934, por ser um dos responsáveis pela distribuição de manifestos clandestinos relacionados com o 18 de janeiro, da autoria da Federação Anarquista da Região Portuguesa. Condenado, em 24-03-1934, a cinco anos de desterro, embarcou, em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde foi castigado com dias de internamento na «frigideira». Regressou em 15-07-1940, por ter sido amnistiado, continuando a residir em Lisboa. Foi acusado de colaborar com a direção do Campo.

Joaquim Pedro

Joaquim Pedro
Nasceu em 29-06-1911, em Portimão. Servente de Pedreiro, anarcossindicalista, esteve envolvido nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934 em Portimão. Preso e entregue, em 10-03-1934, pelo Comando da PSP de Faro, acusado de, em dezembro de 1933, ter sido portador de bombas explosivas. Condenado, em 18-08-1934, a 10 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, embarcou em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde foi castigado com dias de internamento na «frigideira». Integrou a Organização Libertária Prisional e, em 09-01-1946, subscreveu a exposição dirigida por presos políticos no Tarrafal à Comissão Executiva do MUD, apoiando as resoluções tomadas na sessão de outubro de 1945. No dia seguinte, assinou, com António Gato Pinto, o comunicado dirigido à Federação Anarquista da Região Portuguesa, onde se solicitava informação sobre a sua posição oficial perante o momento político e se transmitia o agrado perante o manifesto publicado pela CGT em apoio ao MUD. Passou, em 31-12-1945, para a jurisdição do ministério da Justiça. Terá falecido em 2000.

Joaquim Ribeiro

Joaquim Ribeiro
Nasceu em 08-11-1910, em Ferreira do Zêzere. Alistou-se na Armada em 1930, aderiu ao PCP em 1934 e integrou a ORA, fazendo parte do núcleo que preparou a «Revolta dos Marinheiros» em 08-09-1936. 1.º artilheiro do NRP «Bartolomeu Dias», foi entregue nesse mesmo dia pelas autoridades da Marinha à PVDE, acusado de «insubordinação». Levado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», seria transferido, em 18-09-1936, para a Penitenciária de Lisboa. Condenado, em 13-10-1936, a 4 anos de prisão maior celular, seguidos de oito de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi castigado com a «frigideira» e adoeceu com a biliosa. Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério do Interior. Libertado em 22-09-1952, por ter terminado a pena a que havia sido condenado, regressou, com mais quatro companheiros, no navio de passageiros «Ana Mafalda», pertencente à Marinha Mercante Portuguesa. Seria novamente preso em março de 1952 e julho de 1966. Joaquim Ribeiro, No Tarrafal, prisioneiro, A Opinião, 1976.

Joaquim Roque

Joaquim Roque
Nasceu em 08-11-1887, em Lisboa. Polidor, com residência na capital, foi entregue pelo TME à PVDE em 24-10-1940, recolhendo à 1.ª esquadra. Seguiu, em 26-10-1940, para Caxias e regressou àquela esquadra em 22-11-1940, a fim de ser julgado no dia seguinte. Condenado a 14 anos de degredo, acusado de ser detentor de uma pistola «Colt» e respetivos cartuchos, regressou a Caxias em 24-11-1940. Novamente julgado em 21-12-1940, por ter interposto recurso, viu confirmada a pena e embarcou, em 27-02-1941, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviado para o Campo por possuir uma arma proibida. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 06-01-1946, regressou a Lisboa, no vapor «Guiné», em 01-02-1946. Levado para o Aljube, foi entregue ao 1.º Juízo Correcional de Lisboa por já não interessar à PVDE.

Joaquim Zacarias

Joaquim Zacarias
Nasceu em 03-12-1904, em Alcácer do Sal. Guarda da PSP, foi por esta polícia entregue à PVDE em 04-12-1937, «para averiguações». Levado para a Penitenciária, iniciou o conhecido percurso pelos cárceres políticos: Cadeia do Aljube (28-01-1938), Forte de Caxias (15-03-1938) e Peniche (13-08-1938). Transportado para o Aljube em 22-10-1938, a fim de ser julgado pelo TME, seria condenado a 3 anos de desterro. Retornou a Peniche nesse mesmo dia e passou, em 31-03-1939, pelo Aljube, para ser transferido, em 01-04-1939, para o Tarrafal «por mau comportamento e atitudes ameaçadoras e rebeldes no Depósito de Presos de Peniche». Regressou em 15-07-1940, reentrou no Aljube e, por ter sido amnistiado, foi libertado no dia seguinte.

José Agostinho Cândido ou José Agostinho

José Agostinho Cândido ou José Agostinho
Nasceu em 30-01-1905, em Adão, Guarda. Jornaleiro, preso na fronteira de Beirã em 16-04-1941, foi enviado à PVDE no dia seguinte, recolhendo à 1.ª esquadra. Transferido para a Cadeia do Aljube em 01-05-1941 e, em 22-06-1941, para Peniche, embarcou, em 04-09-1941, para o Tarrafal, sem ter sido julgado, desconhecendo-se a acusação que lhe foi dirigida. Regressou em 20-02-1945, sendo entregue nessa data ao Governo Militar de Lisboa.

José Alexandre

José Alexandre
Nasceu em 29-10-1907, em Coimbra. Pedreiro, com residência no Lugar do Bordalo, esteve envolvido nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934 e integrou o trio de anarquistas responsável pela sabotagem dos transformadores de corrente da União Elétrica Portuguesa ocorrida naquela madrugada, deixando a cidade de Coimbra às escuras. Preso e enviado pelo Comando da PSP desta cidade para Lisboa em 26-01-1934, seria julgado pelo TME em 09-02-1934 e condenado a 18 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal. Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça, permaneceu no Campo até final de 1953, trabalhando, por fim, na padaria da vila do Tarrafal, de onde regressava para pernoitar. Transferido para Peniche em 31-12-1953, saiu em liberdade condicional em 14-03-1955. O Tribunal de Execução das Penas de Lisboa concedeu-lhe, em 30-03-1960, a liberdade definitiva.

José António Filipe

José António Filipe
Nasceu em 25-12-1913, em Alcobaça. 1.º marinheiro artilheiro no «Aviso Pedro Nunes», integrou a ORA, fazendo a distribuição de «O Marinheiro Vermelho» no seu barco, e participou na reunião de 07-09-1936, na qual se decidiu desencadear, na madrugada seguinte, o movimento que ficou conhecido como «Revolta dos Marinheiros». Enviado pelo ministério da Marinha à PVDE em 13-09-1936, ficou, incomunicável, numa esquadra e passou, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa. Condenado, em 13-10-1936, na pena de 2 anos de prisão maior celular ou, em alternativa, a 3 anos de degredo, interpôs recurso, tendo o TME, em sessão de 21-10-1936, confirmado a sentença. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Regressou em 15-07-1940 e saiu em liberdade.

José Barata Júnior

José Barata Júnior
Nasceu em 26-08-1916, em Lisboa. Alistou-se na Armada, como voluntário, em 1932, quando tinha 16 anos. Grumete artilheiro no NRP «Bartolomeu Dias», foi entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE em 08-09-1936, por estar envolvido na «Revolta dos Marinheiros» desencadeada nesse dia pela ORA, estrutura clandestina a que pertencia. Recolheu ao 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», foi transferido, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa e, julgado, em 13-10-1936, seria condenado pelo TME na pena de 4 anos de prisão maior, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério da Justiça e, em 10-09-1947, terá sido transferido para a «metrópole». Passou, depois, pela Penitenciária, Limoeiro e Peniche, sendo libertado ao fim de 14 anos, 4 meses e 8 dias. Reintegrado na Armada depois do 25 de Abril, como sargento-ajudante, faleceu em 07-06-2014, com 97 anos.

José Bernardo

José Bernardo
Nasceu em 1907 ou 1908, em Prados, Celorico da Beira. Soldador na Sociedade Mecânica Setubalense, integrou, em 1931-1932, a direção do Sindicato Único dos Trabalhadores das Fábricas de Conservas de Setúbal. Anarcossindicalista, participou nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, tendo sido preso pelo Comando Distrital de Setúbal da PSP uma semana antes, em 11-01-1934, por andar a testar explosivos. Entregue na PVDE em 23-01-1934, seguiu, em 05-02-1934, para a Casa de Reclusão do Governo Militar de Lisboa, na Trafaria e, em 29-09-1934, seria transferido para a Cadeia do Aljube. Condenado, em 10-10-1934, a três anos de desterro, acusado de, em dezembro de 1933 e janeiro de 1934, «fazer parte do Comité Grevista Revolucionário de Setúbal, tendo efetuado várias reuniões nos arredores daquela cidade». Enviado, em 19-12-1934, do Aljube para Peniche, seguiu, em 08-06-1935, para Angra do Heroísmo. Embarcou, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde integrou o Comité dos libertários e colaborou com Mário Castelhano e Tomás Aquino. Regressou em 15-07-1940 e libertado por ter sido amnistiado. Faleceu em 29-11-1987, em Setúbal.

José Borges Celeiro ou José Borges Seleiro

José Borges Celeiro ou José Borges Seleiro
Nasceu em 08-05-1900, em Serpa. Motorista da Companhia Carris de Lisboa e militante do PCP, desempenhou funções diretivas na Comissão Intersindical. Na clandestinidade, interveio nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934 e escapou às prisões efetuadas, apesar de ser procurado. Continuou ligado à CIS e, em 20-02-1935, seria julgado à revelia e condenado a 4 anos de desterro, pena confirmada em audiência de recurso de 20-03-1935. Manteve sucessivos contactos sindicais e partidários, para além de ligações ao SVI, sendo preso em 12-05-1935. Levado para uma esquadra, iniciou o circuito de transferências entre cárceres: Aljube (01-06-1935), 1.ª esquadra (17-08-1935), Aljube (20-12-1935). Embarcou, em 08-01-1936, para Angra do Heroísmo e, submetido a novo julgamento (31-07-1936), o desterro passou para cinco anos. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde sofreu dias de internamento na «frigideira» e se converteu ao regime: incluído no grupo dos «rachados», prestou serviços à direção do Campo, informando-a voluntariamente do que se passava entre os deportados. Regressou em 05-02-1941, entrou no Aljube e, em 07-02-1941, saiu em liberdade condicional.

José Correia Pires

José Correia Pires

Nasceu em 17-04-1907, em São Bartolomeu de Messines, Silves. Carpinteiro em Messines, integrou o núcleo das Juventudes Sindicalistas, militou na CGT e pertenceu ao Sindicato da Construção Civil. Detido em 1932, em Faro, permaneceu seis meses na Cadeia do Aljube, onde conviveu com anarquistas e anarcossindicalistas. Julgado pelo TME em 1933 e absolvido, participou na preparação da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934 na região algarvia, em que não participou por andar fugido. Exilou-se em Espanha e, em Madrid, integrou o secretariado da Federação Anarquista dos Portugueses Exilados. Regressou, clandestinamente, fixou-se em Lisboa e envolveu-se em conspirações reviralhistas. Preso em 05-11-1936, recolheu, incomunicável, à 32.ª esquadra, iniciando o circuito de transferências entre cárceres: 1.ª esquadra (09-01-1937), Aljube (01-03-1937), 28.ª esquadra (03-03-1937), 1.ª esquadra (16-03-1937), Aljube (23-03-1937). Deportado, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem ter sido julgado, passou dezenas de dias na «frigideira», integrou a «brigada brava» e construiu muitos caixões dos que faleciam. Regressou em 20-02-1945, entrou em Caxias e, amnistiado em 07-03-1945, seria libertado em 09-03-1945. Manteve atividade libertária e fixou residência em Almada. Faleceu, em 28-10-1976. 

Memória de um prisioneiro do Tarrafal
Memórias
Autor: José Correia Pires
Edição: Edições Dêagá, Lisboa, 1975
 

José de Almeida

José de Almeida
Nasceu em 13-03-1904, em São Vítor, Braga. Tipógrafo, foi entregue pela Comarca de Braga à Delegação do Porto da PVDE em 27-07-1941, ficando à ordem do TME. Julgado em 13-08-1941, foi condenado a 12 anos de degredo, levado, em 31-08-1941, para o Forte de Caxias e, em 04-09-1941, embarcou para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa, no vapor «Guiné», em 01-02-1946, saindo em liberdade. Voltou a residir em Braga.

José de Almeida

José de Almeida
Nasceu em 24-07-1893, na freguesia de S. Bartolomeu, Coimbra. Sapateiro, foi um influente ativista anarquista, libertário e anarcossindicalista de Coimbra desde o início da década de 1910. Funcionou na sua morada, durante a década de 1920, a redação e administração de jornais de orientação comunista-anarquista. Talvez em 1931, ter-se-á ligado ao SVI e ao PCP. Preso em 28-08-1932, seria enviado pelo Comando da PSP de Coimbra para Lisboa e levado para uma esquadra. Libertado em dezembro de 1932, terá sido afastado da atividade partidária devido a conduta privada, voltando às origens anarquistas. Preso em 26-01-1934, em Coimbra, no âmbito da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, seria condenado, em 09-02-1934, a seis anos de desterro. Seguiu, em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde se destacou na OLP. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e saiu em liberdade. Preso novamente em 06-11-1948, em Coimbra, recolheu aos calabouços da PSP. Enviado para Lisboa em 17-11-1948, entrou no Aljube. Libertado em 31-03-1949. Faleceu em 09-10-1962, com 69 anos.

José de Sousa

José de Sousa
Nasceu em 11-11-1895, em Alijó, distrito de Vila Real. Contínuo, foi entregue pela PSP de Lisboa na sede da PVDE em 06-04-1939 e levado, incomunicável, para uma esquadra. Transferido, em 26-04-1939, para a 1.ª esquadra, seria entregue ao juiz de turno do Tribunal da Boa-Hora em 05-05-1939. Regressou à sede da PVDE em 12-06-1939, enviado pelo 9.º Juízo Criminal de Lisboa, e entrou no circuito de transferências de cárcere: Aljube, Caxias (24-09-1939) e, de novo, Aljube (26-01-1940). Condenado, em 27-01-1940, a 14 anos de degredo, desconhecendo-se a acusação, regressou, em 31-01-1940, a Caxias e, em 23-02-1940, embarcou para o Tarrafal. O TME julgou, em 13-04-1940, o recurso apresentado, sem que houvesse alteração da pena. Libertado em 30-11-1945, abrangido pela amnistia de 18-10-1945, ficou a aguardar embarque para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

José de Sousa Coelho

José de Sousa Coelho
Nasceu em 17-08-1898, em Penacova, distrito de Coimbra. Torneiro, teve ação sindical e política na I República, como anarcossindicalista e no PCP, do qual foi um dos fundadores em 1921. Tornou-se, entre 1930 e 1933, o principal dirigente junto dos sindicatos, possibilitando a criação, em 1930, da Comissão Intersindical. Envolveu-se na eclosão da Greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, não a considerando, no entanto, um «movimento revolucionário insurrecional». Procurado, foi condenado à revelia, em 20-02-1935, a seis anos de desterro. Preso em 11-11-1935, seguiu para uma esquadra e, nesse mesmo dia, para o Aljube. Após dois meses em regime de incomunicabilidade, embarcou, em 08-01-1936, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, passou para o Tarrafal, onde foi castigado, por diversas vezes, com dias de internamento na «frigideira». Integrou a direção da Organização Comunista Prisional e, devido ao acentuar das divergências políticas com Bento Gonçalves, criou a Organização dos Comunistas Afastados. Regressou em 20-02-1945, saindo em liberdade. Procurou formar o Partido Social Operário, aderiu, em 1946, ao reativado PSP e evidenciou-se enquanto dirigente do movimento cooperativista. Faleceu em 1967.

José de Sousa Guerreiro

José de Sousa Guerreiro
Nasceu em 27-10-1915, em Alfarrobeira, Loulé. Trabalhador, foi preso no Posto fronteiriço de Beirã em 22-08-1940, «por o seu nome constar numa circular dos serviços secretos». Transferido, em 23-08-1940, para a sede da PVDE e entregue na 1.ª esquadra, foi sendo sucessivamente transferido de cárcere: Aljube (04-09-1940), Forte de Caxias (19-09-1940), 1.ª esquadra (6-03-1941), Caxias (13-03-1941) e, por fim, em 17-06-1941, embarcou para o Tarrafal, por ter vindo de Espanha. Regressou a Lisboa em 20-02-1945, tendo sido entregue, na mesma data, ao Governo Militar de Lisboa, tal como outros presos que tinham passado por Espanha.

José dos Santos Viegas

José dos Santos Viegas
«O Tavira» Nasceu em 01-11-1912, na freguesia de Santa Maria, Tavira. Litógrafo, a residir em Vila Real de Santo António, aderiu ao PCP em 1933 e participou nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Preso e entregue à PVDE pela PSP de Faro em 03-02-1934, seria condenado, em 16-04-1934, a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Circulou pelas prisões de Faro, Lisboa e Presídio Militar da Trafaria e, em 08-09-1934, embarcou para Angra do Heroísmo. Transferido, em 23-10-1936, para o Tarrafal, passou, em 31-12-1945, para a tutela do ministério da Justiça. Em 09-11-1949, foi-lhe concedida, por três anos, a liberdade condicional. Libertado em dezembro, só pôde regressar com o auxílio económico de Luís e Herculana de Carvalho. Desembarcou em 31-12-1949, devendo apresentar-se mensalmente na PIDE de Faro. A viver em Olhão, foi novamente preso em 26-05-1952, levado para Caxias e para o Aljube, alternando entre estas duas cadeias o novo ciclo de detenção. Solto em 11-05-1953, por ter sido absolvido em 08-05-1953. Foi-lhe concedida a liberdade definitiva em 11-05-1954.

José Duarte

José Duarte
«O José da Baloita» Nasceu em 15-04-1897, Baloita-Cepões, Lamego. Referenciado como trabalhador, terá sido preso em Lamego e deu entrada na Delegação do Porto da PVDE em 03-12-1938, ficando a aguardar julgamento do TME. Condenado, em 29-08-1939, a três anos de degredo, seria, em 21-02-1940, transferido da Delegação do Porto para a Cadeia do Aljube de Lisboa e, no mesmo dia, para Caxias. Embarcou, em 23-02-1940, para o Tarrafal, de onde regressou em 20-02-1945, saindo em liberdade.

José Ferreira

José Ferreira
«José do Porquito» Nasceu em 09-04-1900, em Zambujal. Pedreiro, foi detido pela PVDE em 28-01-1939, «para averiguações», enviado para o Aljube e libertado dias depois, em 02-02-1939. Voltou a ser preso pela PVDE em 09-06-1939, «para averiguações», permaneceu no Aljube até 22-07-1939, data em que seria transferido para Caxias e, em 04-12-1939, reingressou no Aljube, onde ficou enquanto decorreu o julgamento no TME, desconhecendo-se a respetiva acusação. Condenado, em 09-12-1939, na pena de 11 anos de degredo, viu-a confirmada em 20-12-1939 e reingressou em Caxias. Embarcou, em 23-02-1940, para o Tarrafal, sendo libertado em 07-05-1953. Terá ficado a residir no Tarrafal.

José Ferreira Galinha

José Ferreira Galinha
Nasceu em 20-12-1897, em Arcos, Anadia, ou em Coimbra. Detido em 19-11-1927, «por suspeita de conspirar contra a situação», e solto em 02-12-1927. Serralheiro mecânico em Coimbra, militou no PCP e era o representante dos partidários da CIS no Comité Sindicalista Revolucionário daquela cidade aquando da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Preso em 17-01-1934 e enviado para Lisboa em 26-01-1934, seria condenado, em 09-02-1934, a 12 anos de degredo, acusado do transporte de explosivos e participação em reuniões. Em audiência de recurso, realizada em 10-03-1934, a pena passou para 10 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, por se considerar «que teve uma ação menos ativa nos acontecimentos do que os seus corréus». Embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde sofreu dias de internamento na «frigideira», revelou-se hábil mecânico e integrou o grupo republicano. Libertado em 03-11-1945, ficou a residir em Cabo Verde, a seu pedido, regressando nos anos sessenta. Depois do 25-04-1974, terá aderido ao PS. Já octogenário, sobrevivia em condições precárias.

José Filipe Piçarra

José Filipe Piçarra
Nasceu c. 1891, em Lisboa. Ex-tenente de infantaria, estava deportado nos Açores quando se apresentou, em 11-05-1929, no ministério da Guerra. Preso em julho de 1930, foi-lhe fixada residência nos Açores, para onde seguiu em 08-08-1930. Participou no movimento militar da Madeira, passou, em 09-06-1931, para Cabo Verde e, abrangido pela amnistia de 05-12-1932, apresentou-se em 18-01-1933. Preso em 12-07-1933, seguiu, em 14-07-1933, para Peniche, onde lhe foi fixada residência e aí continuou, mesmo quando libertado em 26-07-1933. Evadiu-se em 27-10-1933, exilou-se em Espanha, regressou e seria capturado pela Delegação do Porto da PVDE em 06-10-1934. Passou, então, por Peniche (14-10-1934), Aljube (22-02-1935) e enfermaria do Limoeiro, até regressar ao Porto (25-04-1935). Condenado, em 02-05-1935, a 3 anos de desterro, retornou, em 04-05-1935, a Peniche, de onde se evadiu em 02-05-1936. Capturado e entregue pela PSP de Beja em 07-01-1937, seguiu para o Aljube e, em 05-06-1937, embarcou para o Tarrafal, onde foi espancado e esteve, como castigo, encarcerado na prisão da Vila, antes de sofrer dias de internamento na «frigideira». Integrou o restrito núcleo dos republicanos mas, almejando a libertação, teve comportamentos impróprios para com os correligionários e outros deportados, o que fez com que fosse «desprezado» e ficasse isolado. Regressou em 15-07-1940, seguiu para Caxias e foi solto em 24-12-1940.

José Francisco dos Santos Malarranha ou José Trovisco

José Francisco dos Santos Malarranha ou José Trovisco
«Malarranha» Nasceu em 18-03-1906, em Évora. Em 1932, estava deportado em Cabo Verde. Abrangido pela amnistia de 05-12-1932, regressou e apresentou-se na SVPS em 17-01-1933. Empregado de escritório, com residência em Évora, foi preso em 30-09-1936, «para averiguações», e recolheu à 7.ª esquadra. Entrou, de seguida, no circuito de transferência de cárcere: Aljube (25-10-1936), uma esquadra (14-11-1936), incomunicável, Aljube (28-11-1936), Peniche (19-12-1936) e 1.ª esquadra (19-02-1937). Condenado, em 20-02-1937, a seis anos de degredo, passou para a Cadeia do Aljube (23-03-1937), seguiu para Peniche (02-04-1937) e retornou ao Aljube (01-06-1937). Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde sofreu espancamentos, foi castigado com dias de internamento na «frigideira» e seria acusado de estabelecer contactos com o cabo-verdiano Miguel Óscar de Oliveira, que viria a ser encarcerado no mesmo local em 31-08-1941. Libertado em 15-11-1945, permaneceu, a seu pedido, em Cabo Verde, acabando por regressar de S. Vicente em 05-07-1949, viajando no navio «Serpa Pinto».

José Gilberto Florindo de Oliveira

José Gilberto Florindo de Oliveira
Nasceu em 13-08-1915, em Lisboa. Preso em janeiro de 1933, enquanto dirigente da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas, seria deportado para Angra do Heroísmo, onde chegou em 22-11-1933. Condenado, em 20-08-1934, a 540 dias de prisão correcional, saiu em liberdade em 23-02-1935, integrando o Secretariado da FJCP. Enviado pelo Comando da PSP de Lisboa à SPS da PVDE em 12-07-1936, acusado de «comunista», ficou detido na Cadeia do Aljube. Referenciado como empregado de comércio, foi transferido, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde integrou a OCP e tentou evadir-se, com outros três militantes, em 02-08-1938, sendo castigado com dias de internamento na «frigideira». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e saiu em liberdade. Antes da viagem para Lisboa, devidamente autorizado, escalou, juntamente com Sebastião Torrie e Artur Paquete, o Monte Graciosa que há muito avistava do Campo. Participou, em 1946, no II Congresso Ilegal do PCP (1946) e passou à clandestinidade durante vários anos. Preso em 02-10-1965, «por atividades contra a segurança do Estado», seguiu para Caxias, de onde foi libertado em 19-04-1966. Gilberto de Oliveira, Memória Viva do Tarrafal, Edições avante!, 1987

José Gomes

José Gomes
«O José Dourador» Nasceu em 05-12-1893, em Palmela. Pintor, foi preso em 14-04-1928, acusado de ser «agitador e fabricante de explosivos» e deportado para Angola em 07-06-1928. Evadiu-se em 09-06-1928, quando o vapor «Moçambique» aportou no Funchal, sendo recapturado em 22-07-1928. Apresentou-se, em 20-10-1930, no Quartel-General do Governo Militar da Madeira, teve residência fixada nos Açores e, em março de 1931, embarcou para Cabo Verde. Abrangido pela amnistia de 05-12-1932, apresentou-se em 26-04-1933 e saiu em liberdade. Preso novamente em 17-04-1937, «para averiguações», recolheu a uma esquadra. Levado, em 07-05-1937, para a esquadra do Governo Civil, passou, em 02-06-1937, pelo Aljube e seguiu, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem ter sido julgado. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 16-11-1945.

José Gomes

José Gomes
Nasceu em 19-07-1889, em Lisboa. Torneiro mecânico, trabalhou em Évora, onde conviveu com o operário tipógrafo Sertório Fragoso, que muito o influenciou quanto às suas ideias libertárias, na Catalunha, onde terá aprendido música no Conservatório de Barcelona e convivido com anarcossindicalistas, e em França, regressando a Espanha. Terá sido no regresso a Portugal que foi detido pela PVDE, «para averiguações», em 28-11-1941, e enviado para a Cadeia do Aljube. Entrou, então, no circuito de transferência entre cárceres: Forte de Caxias (04-02-1942), 1.ª esquadra (23-03-1942) e Caxias (24-03-1942). Embarcou, em 10-09-1942, para o Tarrafal, por ter vindo de Espanha, sem ter sido julgado e quando já tinha mais de 50 anos. Assumia-se como «vegetariano e pacifista» e dedicava o tempo a tocar um velho violino encontrado no Campo, já que o seu teria ficado em França. Regressou em 20-02-1945 e levado para a Cadeia do Aljube, foi entregue, em 24-02-1945, ao 8.º Juízo Criminal.

José Gomes da Silva

José Gomes da Silva
Nasceu em 21-07-1913, em Lisboa. Enfermeiro, foi detido pela PVDE em 17-05-1943, «para averiguações», e enviado incomunicável para uma esquadra. Seguiu, em 15-06-1943, para o Aljube, e embarcou, em 28-09-1943, para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 13-11-1945, ficando a aguardar embarque para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné», e voltou a residir no Dafundo. Segundo Manuel Francisco Rodrigues, dirigira «os serviços de saúde no forte de Caxias» e teria sido enviado para o Campo, segundo o próprio, «por ser demasiado anglófilo». Acácio Tomás de Aquino refere que estava instalado na «célebre caserna dos provocadores», o que não impedia de ter sido castigado com dias de internamento na «frigideira».

José Jacinto de Almeida

José Jacinto de Almeida
«O Al Capone» Nasceu em 16-02-1910, em Lisboa. Grumete de manobras no NRP «Dão», participou na «Revolta dos Marinheiros», organizada pela ORA em 08-09-1936. Entregue, nesse mesmo dia, pelas autoridades da Marinha à PVDE, «por insubordinação», e levado para o 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra». Transferido, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária, seria condenado, em 13-10-1936, a 6 anos de prisão maior celular, seguidos de 10 de degredo ou, em alternativa, a 20 anos de degredo. Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi castigado com dezenas de dias de internamento na «frigideira». Transferido, «por determinação superior», para a Fortaleza de Peniche, onde entrou em 10-03-1950. Em ofício datado de 19-07-1950, a direção daquela prisão comunicou a sua passagem para a Cadeia Penitenciária de Lisboa, com vista à sua hospitalização.

José Júlio Ferreira

José Júlio Ferreira
Nasceu em 06-11-1900, em Lisboa. Trabalhador, com residência em Lisboa, foi preso em 31-10-1927, «por conspirar contra a Ditadura Militar e ter ligações revolucionárias». Deportado, em 15-11-1927, para África, seguiu, em 10-09-1930, para os Açores, indo a bordo do vapor «Mouzinho». Em dezembro de 1932, quando abrangido pela amnistia do dia 5, encontrava-se com residência obrigatória em Cabo Verde, «por motivos políticos». Regressou e apresentou-se em 17-01-1933, indo residir no Porto. Preso em 26-07-1937, em Lisboa, recolheu, incomunicável, a uma esquadra e, em 06-11-1937, embarcou para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou condenado. Libertado em 31-12-1945, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945. Regressou a Lisboa em 01-02-1946, no barco «Guiné», e declarou ir residir para Figueiró dos Vinhos.

José Lopes

José Lopes
Nasceu em 30-04-1908, em Lisboa. Serralheiro, foi detido pela PIDE em 10-04-1947, «para averiguações», e enviado para o Aljube. Embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou incriminado, provavelmente devido à greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Vigiado por guardas da PIDE, ficou numa instalação diferente dos presos que já se encontravam no Campo. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar viagem para Lisboa na Cidade da Praia. Regressou em 07-11-1047 e apresentou-se na sede da PIDE, tendo sido solto.

José Luiz Marques Lebroto

José Luiz Marques Lebroto
Nasceu c. 1899, em Santarém. Integrou, como 1.º cabo, o Corpo Expedicionário Português. Funcionário público, estava, em 1932, com residência obrigatória em Cabo Verde. Abrangido pela amnistia de 05-12-1932, regressou e apresentou-se na Secção de Vigilância Política e Social em 19-01-1933. Novamente preso em 1933, seria deportado, em 19-11-1933, para Angra do Heroísmo, «acusado de estar implicado na preparação de um movimento revolucionário prestes a eclodir». Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde estava conotado com os presos de tendências republicanas, encontrando-se, por vezes, alojado numa barraca fora do Campo. Regressou em 08-02-1940 e saiu em liberdade.

José Manuel Alves dos Reis

José Manuel Alves dos Reis
Nasceu em 17-02-1894, em Setúbal. Residia no Montijo, onde foi marceneiro e, mais tarde, proprietário de uma taberna. Libertário, terá tido ligações com ativistas da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Entregue, em 13-12-1936, pelo Administrador do Concelho do Barreiro à PVDE, recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Transferido, em 30-12-1936, para a 1.ª esquadra, entrou, no dia seguinte, no Aljube, passou, em 17-03-1937, para Peniche e, em 01-06-1937, regressou ao Aljube. Embarcou para o Tarrafal em 05-06-1937, sem ter sido julgado ou condenado, nem perceber a razão da detenção. Durante os sete anos que ali sobreviveu, passou dias na «frigideira» e a sua saúde degradou-se: «dependia da ajuda dos companheiros, para se recostar nos travesseiros, para comer, para lhe lavarem a roupa, os pratos, as colheres». Com problemas de estômago, passou oito meses na enfermaria e, apesar das constantes queixas, não obteve do médico qualquer intervenção clínica atempada. Faleceu em 11-06-1943, com 49 anos. José Severino de Melo Bandeira foi um dos deportados que o tratou até ao fim, auxiliando-o nas suas necessidades.

José Manuel Cardoso

José Manuel Cardoso
Nasceu em 15-11-1899, em Almaceda, Castelo Branco. Levado de Castelo Branco para a sede da PVDE em 16-05-1939, à ordem do TME. Entregue na 1.ª esquadra, seguiu para o Aljube no próprio dia e, em 03-06-1939, seria condenado na pena de 2 anos de degredo «numa das colónias». Transferido, em 10-06-1939, para Caxias, embarcou, em 20-06-1939, para o Tarrafal, de onde regressou em 02-09-1940 sendo restituído à liberdade.

José Maria de Almeida Júnior

José Maria de Almeida Júnior
Nasceu em 12-03-1899, em Segões, Moimenta da Beira. Funcionário público, estava deportado na Guiné quando participou na revolta de 1931, iniciada na Madeira em 4 de abril e alastrada aos Açores e à Guiné. Falhada aquela, partiu para o Senegal, embarcou, em Dacar, para Las Palmas, seguiu para Cádis e fixou-se, temporariamente, em Sevilha. Regressou, clandestinamente, continuou a conspirar, e acabou por ser capturado, acusado de estar ativamente envolvido num atentado contra Salazar, que se encontrava no Caramulo. Preso em meados de 1933, seria deportado, em 19-11-1933, para Angra do Heroísmo. Condenado, em 21-08-1934, a 18 anos de degredo, ficando entregue ao Governo, embarcou, em 23-10-1936, para o Tarrafal. Conotado com os presos de tendências republicanas, encontrando-se, por vezes, alojado numa barraca fora do Campo, veio a colaborar com as autoridades, não sendo bem visto por outros deportados devido a atitudes tomadas, nomeadamente quando trabalhava no armazém de géneros. Regressou em 08-02-1940, deu entrada em Caxias e seria libertado em 03-06-1940 por ter sido amnistiado. Faleceu em 24-11-1983, em Odivelas.

José Maria de Alpoim

Nasceu em 27-06-1893, em São Miguel de Fontoura, Valença. Em 04-01-1934, quando 1.º cabo da Guarda Fiscal, era procurado pela PVDE por estar envolvido na «Sublevação de Bragança», de caráter reviralhista, ocorrida na madrugada de 27-10-1933. Julgado no Porto, à revelia, em 09-07-1934, acusado de estar envolvido no assalto ao quartel do Regimento de Infantaria 10, em Bragança, e na preparação do movimento revolucionário que ali devia eclodir, seria condenado a 6 anos de desterro. Capturado pelo Posto de Bragança em 02-11-1937, por andar fugido e ter a cumprir 4 anos de degredo, foi transferido, em 07-11-1937, para a Delegação do Porto da PVDE e entregue, em 29-11-1937, à PVDE. Identificado como lavrador, entrou, em 26-07-1938, em Caxias e, no dia seguinte, seria condenado a 8 anos de degredo. Embarcou, em 01-04-1939, para o Tarrafal, onde foi penalizado com dias de internamento na «frigideira» e veio a colaborar com as autoridades, não sendo bem visto por outros deportados devido a atitudes tomadas, nomeadamente quando trabalhava no armazém de géneros. Libertado em 28-04-1945.

José Maria Videira

José Maria Videira
Nasceu em 26-04-1896, em Bendada, Sabugal. 1.º sargento, integrou a Organização Revolucionária dos Sargentos, da qual foi dirigente. Em abril de 1929, estava detido e, em fevereiro de 1932, encontrava-se na esquadra de Alcântara, tendo transitado para o Forte de S. Julião da Barra, de onde se evadiu. Recapturado em outubro, seguiu para a Cadeia do Aljube, de onde foi deportado para Santa Cruz da Graciosa, Açores, e, enviado, em 22-11-1933, para Angra do Heroísmo. Demitido, em 1934, do Exército, seria condenado, em 27-08-1934, a mais um ano de desterro. Novamente julgado em 31-07-1936 e sentenciado a 6 anos de desterro, embarcou, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde integrou o grupo dos republicanos e passou dezenas de dias na «frigideira». Apesar do mandado de soltura datar de 06-09-1939, o Diretor da PVDE determinou que se mantivesse em prisão preventiva por «se tratar de um elemento perigoso e indesejável». Regressou em 15-07-1940 e, por ter sido amnistiado, libertado. Detido, mais uma vez, em 15-03-1947, entrou em Caxias e foi solto em 18-04-1947, sendo absolvido em 07-03-1949. Faleceu em 16-06-1976, em Lisboa.

José Marques

José Marques
Nasceu em 1906, em Carlão, Alijó. Levado de Alijó para a Delegação do Porto da PVDE em 18-10-1938, para ser julgado pelo TME. Restituído à liberdade condicional em 27-05-1940, foi entregue pela Comarca de Murça àquela Delegação em 27-08-1940, ficando à ordem do TME. Condenado, em 28-08-1940, a 4 anos de degredo, «por ser portador dum punhal», seguiu para Caxias em 10-11-1940. Embarcou, em 14-11-1940, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, mas eram acusados de possuir arma proibida. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, saindo em liberdade.

José Neves Amado

José Neves Amado
Nasceu em 16-01-1911, em Aveiro. Marinheiro da Armada desde 1932, sendo, em 08-09-1936, 2.º artilheiro no navio «Afonso de Albuquerque», foi um dos dirigentes da «Revolta dos Marinheiros» organizada pela ORA naquela data. Entregue pelo Comando da PSP de Lisboa à PVDE, seguiu para a 1.ª esquadra e, em 18-09-1936, passou para a Cadeia Penitenciária de Lisboa. Condenado, em 13-10-1936, a 5 anos de prisão maior celular, seguidos de 10 de degredo ou, em alternativa, a 17 anos e meio de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde adoeceu com a febre biliosa e foi castigado, por várias vezes, com dias de internamento na «frigideira», alimentado, em dias alternados, a pão e água. Transferido por motivo de doença, devido ao seu estado grave, deu entrada, em 13-05-1951, na enfermaria da Penitenciária de Lisboa, quando já tinha 15 anos de cárcere. Libertado em 1953, era considerado discreto, reservado e simples. Faleceu em 03-05-2004, em Aveiro, com 93 anos.

José Pinheiro Barbosa

José Pinheiro Barbosa
«O Pepe» ou «Pepe da Castanheira» Nasceu em 23-01-1922, em Sanfins da Castanheira, Chaves. Associado aos acontecimentos ocorridos na aldeia fronteiriça de Cambedo da Raia, Chaves, em 20-12-1946, envolvendo guerrilheiros galegos antifranquistas, foi julgado à revelia pelo Tribunal Militar Territorial do Porto em 12-12-1947 e condenado a 4 anos de degredo. Preso posteriormente e entregue, em 31-01-1949, pela GNR de Chaves à Delegação do Porto do PIDE, seria posto à disposição daquele Tribunal em 28-07-1949. Por despacho de 10-08-1949, o ministro da Justiça determinou que fosse deportado para Cabo Verde, devendo embarcar no porto de Leixões. Dos 63 presos indiciados no processo, foi, com Demétrio Alves, um dos dois a ser enviado para o Tarrafal, onde entrou em 27-09-1949.

José Ramos dos Santos

José Ramos dos Santos
Nasceu em 20-11-1901, em Tavira. Marceneiro, preso em 04-02-1934 e entregue pela PSP de Faro à PVDE, acusado de ter assistido, em novembro de 1933, em Castro Marim, a «uma reunião preparatória do Movimento do 18 de janeiro de 1934» e guardar «em sua casa (Tavira) duas malas com bombas que se destinavam a Vila Real de Santo António e a serem aplicadas no referido movimento». Condenado, em 07-04-1934, a 12 anos de degredo, ficando entregue ao Governo, seguiu, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo. Embarcou, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde estava incluído no grupo dos libertários. Foi-lhe concedida liberdade condicional em 04-06-1949, pelo prazo de 3 anos, sob determinadas imposições. Com residência fixa no próprio Campo e sem dinheiro para regressar a Lisboa, as organizações prisionais e vários camaradas realizaram uma subscrição para que tal se tornasse possível. Por sentença do Tribunal de Execução de Penas, de 30-06-1952, foi-lhe concedida a liberdade definitiva.

José Ramos Vargas

José Ramos Vargas
«O Cavalaria 7» Nasceu em 1899, em Lisboa, variando nomes e apelidos da filiação consoante os documentos consultados. Estivador e marítimo, esteve detido onze vezes entre 26-02-1919 e 15-09-1924. Acusado de pertencer à Legião Vermelha, foi preso, em 25-05-1925, por tomar parte no atentado contra Ferreira do Amaral, comandante da Polí cia Cívica de Lisboa) e deportado, em 29-05-1925, para a Guiné, de onde se terá evadido. Capturado em 06-10-1933, em Lisboa, seguiu, em 10-11-1933, para Angra do Heroísmo. Em agosto de 1935, requereu ao Governo que lhe fosse fixada residência em Cabo Verde, «sem dispêndio para a Fazenda Nacional», o que foi recusado pela PVDE, com o argumento de que «o requerente é «O Cavalaria 7», célebre membro da Legião Vermelha. […] e é um dos espectros de vulto no capítulo do crime, sob pretexto de causa social». Embarcou, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde foi castigado com a «frigideira». Libertado em 03-11-1945, ficou a residir em Cabo Verde. Tmbém foi conhecido como José Cândido Vargas Júnior ou ainda José da Conceição Alves Júnior ou José da Conceição Vargas Júnior ou José Vargas Júnior.

José Ricardo do Vale

José Ricardo do Vale
Nasceu em 14-02-1891, em Silves. Corticeiro, residia no Barreiro e esteve envolvido na organização local da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, sem que tenha sido detetado na altura. Entregue pelo Administrador do Concelho do Barreiro à PVDE em 14-12-1936, recolheu, incomunicável, a uma esquadra, seguiu, em 29-12-1936, para o Aljube e, em 17-03-1937, para Peniche. Reentrou, em 01-06-1937, no Aljube, a fim de ser deportado, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde integrou a Organização Libertária Prisional. Regressou em 15-07-1940, entrou em Caxias e seria condenado, em 30-07-1940, a 10 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Voltou a ser transferido para o Tarrafal em 14-09-1940, de onde voltou em data desconhecida, transferido para Peniche. Apesar de já ter terminado o cumprimento da pena a que fora condenado, iniciou em 24-11-1950, o cumprimento da medida de segurança a que havia sido sentenciado. O Tribunal de Execução das Penas de Lisboa concedeu-lhe, em 29-06-1951, a liberdade condicional por três anos, fixando-lhe, sob vigilância, a residência na freguesia de Palhais, Barreiro.

José Rodrigues Reboredo

José Rodrigues Reboredo
Nasceu em 19-07-1891, perto de Barcelos. Confeiteiro, envolveu-se na ação sindical no Porto, cooperando no âmbito da CGT, e tornou-se importante propagandista dos ideais anarquistas enquanto editor, administrador e redator de publicações. Detido em 14-05-1925, «por ser anarquista», seria solto dois dias depois. Em julho de 1932, andava fugido. Exilou-se em Espanha, radicando-se em Barcelona, onde desenvolveu atividade de âmbito anarquista e era a principal figura portuguesa: filiou-se na Confederação Nacional do Trabalho, sendo o representante da CGT portuguesa, e impulsionou a Federação dos Anarquistas Portugueses Exilados, dirigindo o Secretariado. Por fim, atravessou os Pirenéus e refugiou-se em França, ficando encarcerado nos campos de internamento de Argelès-Sur-Mer e de Gurs. Voltou a Portugal, foi detido em 15-12-1940, no posto fronteiriço de Beirã, Marvão, e passou, no dia seguinte, para a 1.ª esquadra de Lisboa. Seguir-se-á o Aljube (20-12-1940), Caxias (21-02-1941), 1.ª esquadra (06-03-1941), Caxias (13-03-1941) e Peniche (22-06-1941). Deportado, sem qualquer julgamento, para o Tarrafal em 04-09-1941, integrou a Organização Libertária Prisional. Regressou em 20-02-1945, sendo libertado. Faleceu em 17-06-1952, no Porto.

José Salazar

José Salazar
Nasceu em 10-08-1902, no Bombarral. Limpador da Companhia Carris de Ferro de Lisboa, pertencia ao Sindicato Unitário da Indústria de Tração Elétrica, federado na Comissão Intersindical, e militava no PCP. Considerado «como agitador na preparação revolucionária do pessoal da Carris», foi detido, «para averiguações», em 10-03-1936, levado, incomunicável, para uma esquadra, e transferido, em 18-03-1936, da 1.ª esquadra para a Fortaleza de Peniche. Regressou a Lisboa em 08-07-1936 e recolheu à 7.ª esquadra, a fim de ser julgado pelo TME: condenado em três meses de prisão, dada por expiada, saiu em liberdade nesse dia 8. Preso em 13-03-1937, «por extremista», recolheu, incomunicável a uma esquadra e entrou no circuito de transferência entre cárceres: 1.ª esquadra (01-04-1937), Caxias (14-05-1937), Peniche (18-05-1937) e Aljube (01-06-1937), embarcando, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem ter sido julgado e condenado. Regressado a Lisboa em 20-02-1945, seguiu para o Forte de Caxias e, em 28-03-1945, seria condenado a quatro anos de prisão, dada por expiada com a prisão sofrida de oito anos e dezasseis dias. Libertado em 03-04-1945.

José Salgado Ferreira

José Salgado Ferreira
«O Pepe» Nasceu em 28-07-1920, em Lisboa. Serralheiro civil, foi entregue pela PSP de Lisboa na PVDE em 28-07-1943, «para averiguações». Recolheu à 1.ª esquadra (Governo Civil), seria transferido, em 09-09-1943, para Caxias e, em 21-09-1943, foi entregue ao 4.º Esquadrão da GNR, a fim de ser incorporado no «Batalhão de Trabalhadores». Aquele Esquadrão encaminhou-o, em 05-11-1943, para a PVDE, que o enviou para o Aljube e, em 21-01-1944, seguiu para Caxias. Libertado em 21-06-1944. Preso, de novo, em 03-04-1947, «para averiguações», e enviado para Caxias, embarcou, em 11-04-1947 para o Tarrafal, sem ter sido julgado, provavelmente devido à greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, preparada pelo PCP. Vigiado por guardas da PIDE, permaneceu, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente daqueles que já se encontravam no Campo. Libertado em 30-09-1947.

José Severino de Melo Bandeira

José Severino de Melo Bandeira
Nasceu em 1909, no Porto. Empregado de escritório, foi entregue pela PSP de Setúbal em 28-02-1931, acusado da autoria do manifesto «Ao Povo Faminto». Condenado a 90 dias de prisão na Cadeia do Aljube, seria solto em 30-05-1931. Detido em 26 de agosto de 1931, por participar nessa revolta, foi deportado, em 02-09-1931, para Timor, de onde regressou em 09-06-1933. Preso em 29-05-1934, por manter as ligações anarquistas, integrar o núcleo dirigente da FARP, deter armas, participar na impressão do jornal «A Batalha» e ter colaborado na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934: redigiu e imprimiu propaganda na tipografia clandestina da CGT e, na noite de 17 para 18, assumiu o corte de três cabos telegráficos do Gravato e de Monsanto. Entrou no Aljube em 13-11-1934 e, em 23-03-1935, seria condenado a 12 anos de degredo. Embarcou, em 23-04-1935, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, passou para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e saiu em liberdade. Foi um dos presos que tratou José Manuel Alves dos Reis, gravemente enfermo durante meses.

José Simão

José Simão
Nasceu em 17-01-1910, em Albufeira. Padeiro, deu entrada na PVDE em 03-04-1941, ido de Almodôvar, e recolheu à 1.ª esquadra à ordem do TME. Transferido, sucessivamente, para Caxias (05-04-1941), 1.ª esquadra (22-05-1941) e, novamente, Caxias (24-05-1941), foi condenado, neste dia, a 4 anos de degredo, acusado de «ter sido detentor desde data indeterminada e portador em 24-03-1941 dum revolver de calibre 9 mm e de 4 balas para a mesma arma». Embarcou, em 17-06-1941, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviados para o Campo por possuírem armas proibidas. Libertado em 03-11-1945, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, ficou a aguardar viagem para Lisboa. No entanto, faltou ao embarque, vindo a entrar, mais tarde, a 19-04-1946, no Aljube, passando, em 20-04-1946, para as Cadeias Centrais Civis de Lisboa.

José Soares

José Soares
«O Malatesta» Nasceu em 05-01-1901, em Lisboa. Exerceu várias profissões, pertenceu às Juventudes Sindicalistas e, ligado à Legião Vermelha, envolveu-se em atentados. Deportado, em 30-04-1925, para Angra do Heroísmo, terá seguido para a Guiné, de onde se evadiu. Capturado em outubro de 1928, no Porto, e reenviado para aquele território, participou na revolta de 17 de abril de 1931 e integrou a Junta Governativa Revolucionária. Fracassada aquela, viajou para Dakar e daí para Las Palmas. Veio a ser detido em 17-09-1932. Embarcou, em 19-11-1933, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde foi espancado e castigado com a «frigideira» aquando da tentativa de fuga de 02-08-1937. Regressou em 15-07-1940, saiu em liberdade e interveio na reorganização do PCP. Preso em 29-04-1942, passou pelo Aljube e Caxias. Condenado, em 05-04-1944, a 24 meses de prisão, retornou, em 26-07-1944, ao Tarrafal: abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou e apresentou-se em 06-12-1945. Retomou a militância e presidiu ao Sindicato Nacional dos Fragateiros do Porto de Lisboa. Abandonou, em 1947, qualquer atividade, devido a um compromisso com a PIDE.

José Tavares de Almeida

José Tavares de Almeida
Nasceu em 1911, no Montijo. Telegrafista da Marinha Mercante, foi detido em 22-01-1934, por um tenente da GNR, «por andar a inutilizar os cartazes de propaganda do Estado Novo», e libertado em 25-01-1934. Emigrou para Espanha, onde esteve encarcerado na prisão provincial de Badajoz, «por suspeita de revolucionário agitador» e «onde se relacionou com vários presos por questões sociais». Libertado em 19-02-1935, entrou legalmente em Portugal e, no dia seguinte, foi preso pela PSP de Lisboa, acusado de andar a distribuir exemplares do jornal espanhol «Bandera Roja». A polícia apurou que mantinha correspondência com espanhóis considerados revolucionários, enviou-o para a 1.ª esquadra e, acusado de insubordinação, seria transferido, em 16-05-1935, para a Fortaleza de Peniche. Voltou, em 28-06-1935, aos calabouços do Governo Civil e entrou, em 06-07-1935, no Aljube, a fim de ser julgado nesse mesmo dia pelo TME. Considerado «extremista», seria condenado a 22 meses de prisão e regressou, em 11-07-1935, a Peniche. Transferido, em 14-10-1936, para Caxias, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

José Ventura

José Ventura
Nasceu em 28-05-1890, em Olhão. Comerciante, foi entregue na delegação do Porto da PVDE, em 20-05-1939, pelo Comandante do vapor «Pero de Alenquer». Transferido, em 23-05-1939, para a PVDE de Lisboa, seguiu para o Aljube e, em 20-06-1939, embarcou para o Tarrafal. Segundo registo na ficha prisional: «Do seu cadastro consta que viveu em França e em Marrocos francês misturado nas organizações revolucionárias que auxiliou. Sempre «feito» em várias conspirações e algumas delas de carácter terrorista, procurou a breve trecho comer a dois carrinhos. Fez-se «Amigo» da Polícia e foi servindo a «Frente Popular». Vigarizou miseravelmente o nosso Cônsul em Marselha e munido de um passaporte falso fugiu para a Bélgica onde foi preso. Em França cumpriu uma condenação por falsificação. «É elemento perigoso»». Regressou em 20-02-1945 e seria libertado nessa data.

José Ventura José Ventura Paixão

José Ventura José Ventura Paixão
Nasceu em 19-01-1901, em São Martinho do Bispo, Coimbra. Pedreiro, anarquista, com residência em Lugar da Fala, esteve envolvido, na sabotagem dos transformadores de corrente da União Elétrica Portuguesa ocorrida na madrugada de 18 de janeiro de 1934, deixando a cidade de Coimbra às escuras. Preso e enviado para Lisboa em 26-01-1934, seria condenado, em 09-02-1934, a 18 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Novamente submetido a julgamento em 10-03-1934, por ter interposto recurso, o TME manteve a sentença anteriormente aplicada e, em 08-09-1934, seguiu para Angra do Heroísmo. Dois anos depois, em 23-10-1936, teve como destino o Tarrafal, onde integrou a Organização Libertária Prisional. Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça, permaneceu no Campo até final de 1953, trabalhando, por fim, na padaria da vila do Tarrafal e regressava para pernoitar. Deu entrada em Peniche em 31-12-1953 e, depois de mais de 21 anos encarcerado, saiu em liberdade condicional em 14-03-1955. Por sentença do Tribunal de Execução das Penas de Lisboa, foi-lhe concedida, em 30-03-1960, a liberdade definitiva.

Josué Fernandes

Josué Fernandes
Nasceu em 10-02-1918, em Paranhos, Porto. Sapateiro, estaria, então, a cumprir serviço militar. Entregue pela Casa de Reclusão do Governo Militar de Lisboa à PVDE em 28-03-1942. Enviado para o Aljube, foi transferido, em 24-04-1942, para Peniche e, em 19-06-1942, passou para Caxias, a fim de seguir, em 20-06-1942, para o Tarrafal. Entregue, em 11-02-1945, «na repartição Militar daquela Região».

Josué Martins Romão

Josué Martins Romão
Nasceu em 27-04-1918, em Moita do Ribatejo. Grumete clarim no navio «Bartolomeu Dias», participou, em 08-09-1936, na «Revolta dos Marinheiros» organizada pela ORA. Enviado, em 19-09-1936, pelo Comando da PSP de Lisboa à PVDE, permaneceu no 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra», até ser transferido, em 12-10-1936, para a Cadeia Penitenciária. Condenado, em 13-10-1936, a 4 anos de prisão maior seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira» e se filiou, em 1939, no PCP. «Alto, espadaúdo e de aspeto resoluto», tinha apenas dezoito anos. Entregue ao ministério da Justiça em 31-12-1945, foi libertado em 22-09-1952, por ter terminado a pena que lhe fora imposta. Regressou com 34 anos e faleceu em 30-10-2006, setenta anos após ter entrado no Campo de Concentração. No centenário do nascimento, o NRP «Cassiopeia» atirou as suas cinzas ao mar.

Júlio de Mascarenhas Júnior

Júlio de Mascarenhas Júnior
Nasceu em 02-11-1908, no Vimeiro, Alcobaça. Empregado de escritório, foi detido no posto fronteiriço de Vilar Formoso, em 09-04-1941, por ter sido «expulso de Espanha», e entregue, em 09-05-1941, no Comando Militar da Guarda. Preso pela PVDE em 22-11-1941, «para averiguações», e levado para a Cadeia do Aljube, embarcou, em 08-01-1942, para o Tarrafal, integrando o grupo dos anarquistas. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa em 01-02-1946, no vapor «Guiné», tendo saído em liberdade.

Júlio de Melo Fogaça

Júlio de Melo Fogaça
Nasceu em 10-08-1907, em Alguber, Cadaval. Empregado bancário e dirigente do PCP com responsabilidades políticas e ideológicas. Preso em 11-11-1935, permaneceu meses no Aljube e, em 08-01-1936, embarcou, para Angra do Heroísmo. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, apesar de terminada a pena imposta pelo TME, onde foi espancado e castigado com a «frigideira» aquando da tentativa de fuga em 02-08-1937. Transferido para Angra, em regime de «prisão preventiva», em 14-02-1940, seria libertado em 24-06-1940. Preso novamente em 01-08-1942, passou pelo Aljube, Caxias e Peniche. Condenado, em 04-06-1943, a 4 anos de prisão, retornou ao Tarrafal em 12-06-1943, onde dirigiu a OCP e enfrentou a «frigideira». Libertado em 16-12-1945, abrangido pela amnistia de 18-10-1945, retomou a sua militância política. Detido em 28-08-1960, na Nazaré, percorreu o Aljube, Caxias (21-02-1961) e Peniche (16-12-1961). Condenado, em cúmulo jurídico, a 9 anos, para que foi também alegada a sua homossexualidade, só saiu em liberdade condicional, em 08-07-1970. Totalizou cerca de 18 anos de cárcere, mantendo comportamento exemplar na PIDE e quando torturado. Faleceu em 28-01-1980.

Júlio de Sousa Marques

Júlio de Sousa Marques
Nasceu em 01-03-1905, na Marinha Grande. Operário vidreiro, registado na PVDE como «O filho do mestre Gervásio», interveio nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934 na Marinha Grande e, em 18 de janeiro de 1934, participou no assalto ao posto local da GNR. Preso e entregue, em 05-02-1934, à PVDE, foi condenado pelo TME, reunido na Trafaria em 24-02-1934, a 5 anos de degredo. Interpôs recurso, a sentença seria confirmada e, em 08-09-1934, embarcou para Angra do Heroísmo. Dois anos depois, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal. Regressou em 15-07-1940 e libertado, ficou a residir em Engenho, freguesia da Marinha Grande. Detido pelo Delegado Policial do concelho da Marinha Grande em 01-10-1941 e entregue à PVDE no dia 09-10-1941, passou, incomunicável, por uma esquadra (23-10-1941) e pela 1.ª esquadra (30-10-1941). Solto em 03-11-1941. Faleceu em 1967, com 61 anos de idade.

Júlio Ferreira

Júlio Ferreira
Nasceu em 29-08-1904, em Coimbra. Pedreiro, sindicalista, teve participação ativa nos preparativos da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, colaborando no transporte, entre o apeadeiro de Bencanta e Coimbra, cidade onde vivia e trabalhava, de dez bombas de choque conseguidas em Lisboa. Entregue pelo Comando da PSP de Coimbra à PVDE em 26-01-1934, seria condenado, em 09-02-1934, a 12 anos de degredo, ficando à disposição do governo, acusado do transporte de explosivos e da sabotagem na Central Elétrica dos Serviços Municipalizados daquela cidade, pondo-a às escuras. Embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde sofreu com a biliosa e se revelou poeta, músico, tocador de bandolim e compositor de marchas, como a «Hora H» e «Muito sofremos, mas venceremos». Libertado em 12-01-1946, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Júlio Jorge dos Santos Diogo

Júlio Jorge dos Santos Diogo
Nasceu em 03-02-1928, em Lisboa. Ajudante traçador, foi entregue pela PSP de Lisboa à PIDE em 09-04-1947, «para averiguações», e levado para o Forte de Caxias. Embarcou, dois dias depois, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou incriminado, provavelmente por estar envolvido na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Tarrafal, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 20-05-1947, ficou com residência fixa na Cidade da Praia até embarcar, em 10-09-1947, para Lisboa. Apresentou-se, em 18-07-1947, na sede da PIDE e obteve a «liberdade condicional», situação em que se manteve até 01-08-1948, data em que obteve a «liberdade definitiva».

Júlio Marques

Júlio Marques
Nasceu em 26-07-1907, em Lisboa. Pedreiro, foi preso pela PVDE em 23-03-1939, «para averiguações», e levado, incomunicável, para uma esquadra. Transferido, em 10-04-1939, para a 1.ª esquadra, seguiu, em 13-04-1939, para Caxias e, em 04-12-1939, entrou no Aljube. Condenado, em 09-12-1939, a 5 anos de degredo numa das colónias, interpôs recurso, tendo o TME, em sessão de 20-12-1939, confirmado a sentença. Regressou, em 10-12-1939, a Caxias e, em 23-02-1940, embarcou para o Tarrafal. Libertado em 20-12-1945, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, ficou a aguardar viagem para Lisboa. Regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Júlio Mateus Farinha

Júlio Mateus Farinha
Nasceu em 12-06-1904, em Figueiredo, Sertã. Jornaleiro, foi preso no Posto fronteiriço da Beirã, em 24-02-1941. Levado para a sede da PVDE em 25-02-1941, recolheu à 1.ª esquadra e, entrou no circuito de transferência entre presídios: Aljube (06-03-1941), Forte de Caxias (17-03-1941) e Peniche (26-06-1941). Embarcou, em 04-09-1941, para o Tarrafal, sem qualquer julgamento ou condenação, integrando o grupo daqueles que foram deportados sem acusação política. Regressou em 20-02-1945 e foi libertado nessa data.

Júlio Monteiro de Macedo

Júlio Monteiro de Macedo
Nasceu em 01-03-1906, em Lisboa. Oficial das alfândegas e militante comunista, foi preso pela PVDE em 02-03-1942, quando integrava a rede de espionagem anglo-portuguesa do «SOE» (Special Operations Executive, Seção H), mais conhecida por «Rede Shell», onde era o agente H.501. Enviado para o Aljube, foi transferido, em 18-06-1942, para Caxias. Embarcou para o Tarrafal em 20-06-1942, sem ter sido julgado, ficando alojado fora do Campo. Regressou em 27-01-1944, para dar entrada no Hospital Júlio de Matos. De seguida, passou, sucessivamente, por Caxias (02-02-1944), Aljube (15-03-1944) e Peniche (27-04-1944), de onde saiu, em liberdade condicional, em 29-05-1944.

Júlio Pereira da Silva

Júlio Pereira da Silva
Nasceu em 24-12-1922, em Lisboa. Ajudante-caldeireiro da CUF, foi preso pela PVDE em 11-05-1945, «para averiguações», enviado para a Cadeia do Aljube e solto em 22-06-1945. Preso pela PSP de Lisboa em 25-03-1947, entregue à PIDE e levado para a Cadeia do Aljube, embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido submetido a julgamento, provavelmente por estar envolvido na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Tarrafal, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 30-09-1947.

Leonido Assunção Felizardo

Leonido Assunção Felizardo
Nasceu em 27-03-1910, em Lisboa. Eletricista, foi detido em 12-06-1931, por ter sido denunciado, mediante carta anónima, que estaria envolvido com bombistas presos, sendo libertado no dia seguinte. Em 1932, estava filiado no PCP, realizando diversas atividades clandestinas, nomeadamente algumas que implicavam o recurso a engenhos explosivos. Preso em 04-08-1932 e julgado pelo TMT em 18-07-1934, seria condenado a 10 anos de degredo. Interpôs recurso e, em 25-07-1932, a pena passou para 4 anos de degredo, ficando à disposição do Governo. Embarcou, em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde colaborou assiduamente na prestação de serviços de enfermagem aos presos. Integrou, primeiro, a Organização Comunista Prisional e, depois, o Grupo dos Comunistas Afastados. Regressou em 20-02-1945 e, apesar de já há muito ter cumprido a pena a que fora condenado, não saiu em liberdade. Levado para o Aljube em 20-02-1945, foi entregue às Cadeias Civis Centrais de Lisboa em 03-03-1945 e solto em 21-06-1948. O nome próprio tanto aparece grafado como Leonido ou Leonildo.

Levindo Manuel da Costa

Levindo Manuel da Costa
Nasceu em 24-06-1915, em Santa Marinha, Ribeira de Pena. Ferreiro, foi levado de Vila Pouca de Aguiar para a Delegação do Porto da PVDE, em 24-07-1940, a fim de ser julgado no TME. Condenado, em 21-08-1940, a 8 anos de degredo, acusado de «no dia 9-06-1940, no lugar da sua residência, ser portador duma pistola automática «Savage» e de 5 cartuchos que lhe foram apreendidos». Transferido, em 10-11-1940, para o Forte de Caxias, embarcou, em 14-11-1940, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviados para o Campo por possuírem armas proibidas. Libertado em 20-02-1945, dia em que regressou a Lisboa.

Luís da Costa Figueiredo

Luís da Costa Figueiredo
Nasceu em 25-06-1897, em Sátão, distrito de Viseu. Advogado, foi preso em maio de 1928 e deportado, em 07-06-1928, para S. Tomé, de onde se evadiu em 01-07-1928. Envolvido na «Revolta do Castelo», seria preso em Contenças e levado para o Presídio Militar de Fontelo, de onde fugiu na noite de 15-08-1928. Capturado em 29-06-1929, seguiu, em 22-07-1929, para Ponta Delgada, de onde se escapou em agosto de 1929. Capturado em 15-06-1930, foi transferido, em 08-08-1930, para Angra do Heroísmo e, depois, para o Depósito de Deportados Políticos de Santa Cruz, na Ilha Graciosa. Escapuliu-se novamente em 04-11-1930 e seguiu para Vigo, sendo preso em 26-07-1932, ao regressar a Portugal. Tuberculoso, foi-lhe fixada, em 07-09-1932, residência em Sátão. Detido em 21-05-1935 e transferido, em 06-06-1935, para o Aljube, seria libertado em 19-10-1935. Preso em 24-11-1936, embarcou para o Tarrafal em 05-06-1937. Autorizado a viver no estrangeiro, saiu em 20-04-1939 com destino ao Brasil. Por despacho de 03-03-1940, concedeu-se-lhe o regresso, «por se encontrar em estado precário de saúde». Detido durante dois dias em 09-06-1942. Faleceu em 24-06-1974.

Luís da Cunha Taborda

Luís da Cunha Taborda
Nasceu em 1915, em Alcains, Castelo Branco. Grumete-artilheiro, pertencia, desde 1933, à ORA, desenvolvendo a sua ação na «Fragata D. Fernando», cuja célula organizou, reforçou e controlava. Foi preso em 04-03-1935, «acusado de estar filiado no PCP, de fazer parte das células organizadas dentro da Armada e de fazer distribuição de folhetos comunistas entre os seus camaradas», para além de manter ligações com civis. Levado para uma esquadra, entrou no primeiro circuito de transferência entre cárceres: Aljube (02-05-1935), esquadra (10-05-1935), Aljube (24-05-1935). Condenado, em 14-12-1935, a 23 meses de prisão, seguiu, em 18-03-1936, para Peniche e, em 14-10-1936, para Caxias, a fim de ser deportado, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde foi castigado com dias de internamento na «frigideira» e se revelou sempre solidário com os outros deportados. Terminada, em 27-01-1937, a pena imposta pelo TME, continuou em prisão preventiva. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa em 01-02-1946, saindo em liberdade. Faleceu em 1967.

Luís Ferreira Lima

Luís Ferreira Lima
Nasceu em 10-04-1908, em Lisboa. Motorista, com residência em Lisboa, foi preso em 02-05-1937, por ser considerado «extremista», e levado, incomunicável, para uma esquadra. Transferido, em 11-05-1937, para a 1.ª esquadra, entrou, no dia seguinte, na Cadeia do Aljube e, em 05-06-1937, seguiu para o Tarrafal, sem ter sido julgado. Regressou em 15-07-1940, entrou em Caxias e seria julgado pelo TME em 30-07-1940. Condenado a 24 meses de prisão, pena dada por expiada, foi libertado em 02-08-1940.

Luís Lourenço Pires

Luís Lourenço Pires
Nasceu em 07-08-1899, em Monção. Serralheiro, a residir e a trabalhar em Espanha, foi preso no posto fronteiriço do Peso-Melgaço em 07-09-1936, entregue pelas autoridades espanholas que o detiveram e o expulsaram por estar indocumentado, «ter tomado parte ativa, ao lado dos comunistas, nos recentes acontecimentos revolucionários do País vizinho» e ser filiado no Partido Socialista Espanhol. As autoridades portuguesas detetaram, também, que «era refratário às leis militares». Levado para a cadeia da Comarca de Melgaço e, transferido, no dia seguinte, para Valença, seguiu, em 09-09-1936, para a Delegação do Porto da PVDE. Entrou, em 15-10-1936, no Forte de Caxias, a fim de embarcar, em 17-10-1936, para o Tarrafal, sem ter sido submetido a julgamento. Regressou em 08-02-1940 e saiu em liberdade.

Luís Manuel Dizy Arguelles

Luís Manuel Dizy Arguelles
Nasceu em 22-12-1911, em Langreo, Astúrias, Espanha, sendo registado pela PVDE com a nacionalidade Holandesa, a que acrescentaram «apátrida». Industrial, deu entrada na Delegação do Porto da PVDE em 19-04-1940, «para averiguações», ido de Terras do Bouro. Segundo o registo prisional, constava do seu processo «ser apátrida e um elemento suspeito e indesejável», «mobilizado pelos vermelhos espanhóis na zona de Oviedo, sendo mais tarde expulso de Espanha pelas autoridades nacionalistas». Considerando não haver nenhum consulado que lhe concedesse visto na sua documentação, por despacho ministerial, de 04-05-1940, «foi determinada a sua transferência para Cabo Verde». Enviado para Lisboa em 10-06-1940, recolheu à 1.ª esquadra e, em 12-06-1940, seguiu para Caxias, tendo embarcado para o Tarrafal em 21-06-1940. Regressou em 01-02-1946, recolheu ao Aljube e passou, no mesmo dia, para o Forte de Caxias. Voltou ao Aljube em 04-03-1946 e, em 06-03-1946, seria expulso pelo Posto fronteiriço de Ficalho, ficando-lhe interdita a entrada em território nacional. O apelido pode ser Arguelles ou Arquelles.

Luís Marques Figueiredo

Luís Marques Figueiredo
Nasceu em 16-09-1911, em Lisboa. 2.º fogueiro no NRP «Dão», participou na «Revolva dos Marinheiros» despoletada pela ORA em 08-09-1936. Entregue, nesse mesmo dia, pelas autoridades da Marinha à PVDE, por «insubordinação», recolheu ao 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra». Transferido, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa e condenado, em 13-10-1936, à pena de 4 anos de prisão maior seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo, embarcou para o Tarrafal em 17-10-1936. Entregue, em 31-12-1945, à tutela do ministério da Justiça, seria libertado em 22-09-1952, por ter terminado a pena a que havia sido condenado. Regressou, com mais companheiros, num navio de passageiros pertencente à Marinha Mercante Portuguesa.

Luís Martins Leitão

Luís Martins Leitão
Nasceu em 29-09-1918, em Pedrogão Pequeno, Sertã. Alfaiate em Lisboa, era militante da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas, evidenciando-se na distribuição de material de propaganda. Detido em 18-05-1935, levado para a 1.ª esquadra e julgado, em 10-08-1935, seria condenado a noventa dias de prisão, por ser menor de idade, e libertado em 19-08-1935. Voltou a ser preso em 09-10-1935, acusado de comunista, levado para uma esquadra e enviado, em 27-12-1935, para a Fortaleza de Peniche. Transferido, em 15-03-1936, para uma esquadra de Lisboa, foi condenado, em 01-04-1936, a quatro anos de prisão, circulando, então, entre presídios: Aljube (11-04-1936), Peniche (17-04-1936) e Caxias (14-10-1936). Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde em 1937, na época mais grave do paludismo, chegou a ser dado como morto e transportado para a câmara mortuária. Regressou em 20-02-1945, quase seis anos depois de ter cumprido a pena a que fora condenado pelo TME, sendo libertado nessa data. Continuou a viver em Lisboa.

Luís Rebelo

Luís Rebelo
Nasceu em 08-11-1909, em São Pais, Melgaço. Pedreiro, foi preso pela Guarda Fiscal na fronteira de Peso-Melgaço em 02-09-1936 e entregue no respetivo Posto da PVDE, «sob a acusação de ter atravessado clandestinamente a fronteira», «suspeita de ter tomado parte, como comunista, no movimento revolucionário do País vizinho» e estar indocumentado. Levado para a cadeia da Comarca de Melgaço, seria transferido, no dia seguinte, para Valença e, depois, em 05-09-1936, para a Delegação do Porto da PVDE. Entrou, em 15-10-1936, em Caxias e, em 17-10-1936, embarcou para o Tarrafal, sem ter sido julgado. Regressou em 08-02-1940 e saiu em liberdade.

Luís Valente de Matos

Luís Valente de Matos
Português, nasceu em 05-01-1918, no Rio Grande do Sul, Brasil. Estudante a cumprir serviço militar, foi entregue pelo Grupo de Artilharia Contra Aeronaves n.º 1 à PVDE em 31-10-1941. Recolheu à 1.ª esquadra, passou por Peniche (02-11-1941) e Aljube (14-11-1941), tendo embarcado, em 17-11-1941, para o Tarrafal, em conformidade com o despacho do Subsecretário de Estado da Guerra. Libertado em 10-09-1943, data em que recebeu guia de marcha para se apresentar na Secretaria Militar da Praia.

Luiz Duarte

Luiz Duarte
Nasceu em 15-03-1902, em Penamacor. Manipulador, a residir em Lisboa, foi preso em 16-04-1937 e levado, incomunicável, para a 7.ª esquadra. Transferido, em 08-05-1937, para a 1.ª esquadra e, em 02-06-1937, para a Cadeia do Aljube. Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou formulada acusação. Regressou em 10-05-1943, continuou preso e passou pelo Aljube, onde entrou nesse mesmo dia, Caxias (02-07-1943) e, novamente, o Aljube (09-12-1943), a fim de ser julgado pelo TME em 10-12-1943. Condenado à pena de 24 meses de prisão, dada por expiada, reingressou, em 14-01-1944, em Caxias e seguiu, em 02-02-1944, para Peniche. Libertado em 02-03-1944.

Luiz Pires Mendonça ou Luís Pires Barbacena

Luiz Pires Mendonça ou Luís Pires Barbacena
Nasceu em 15-04-1915, em Portalegre. Trabalhador, foi enviado pelo Cônsul de Portugal em Rabat à PVDE em 12-08-1938. Recolheu à 1.ª esquadra, dando início ao circuito de transferências entre cárceres: Aljube (21-08-1938), Caxias (24-09-1939), Aljube (06-10-1939), Caxias (24-11-1939) e, novamente, Aljube (22-12-1939). Entregue no Juízo de Direito da Comarca de Castelo de Vide em 03-01-1940, regressou à sede da PVDE em 11-01-1940, enviado pelo Delegado do Procurador da República naquela Comarca. Voltou ao Aljube, passou para Caxias (12-01-1940) e, em 27-02-1941, embarcou para o Tarrafal, por constar no registo criminal que «Combateu na guerra de Espanha pelo lado dos vermelhos, com a graduação de cabo. Tendo sido feito prisioneiro pelos nacionalistas e conseguindo ludibriá-los, foi incorporado por estes na Legião Estrangeira, de onde desertou para os marxistas, onde foi ocupar o seu lugar na frente de combate». Abrangido pela amnistia de 18-11-1945, foi libertado em 20-12-1945 e regressou a Lisboa em 01-02-1946.

Manuel Afonso

Manuel Afonso
Nasceu em 07-11-1908, em Santa Maria, Lagos. Trabalhador, foi entregue pelo Delegado do Procurador da República da Comarca de Lagos na sede da PVDE em 11-05-1939. Enviado para a 1.ª esquadra, seguiu, no dia seguinte, para Caxias, e regressou àquele posto policial em 01-06-1939. Condenado, em 03-06-1939, na pena de 2 anos de degredo, embarcou, em 20-06-1939, para o Tarrafal. Fazia parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviado para o Campo por delito comum. Apesar de condenado a 2 anos, permaneceu em Cabo Verde 5 anos e oito meses. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Manuel Albino

Manuel Albino
Nasceu em 22-01-1905, no Crato. Pedreiro, participou na revolução de 26-08-1931 e, preso nesse mesmo dia por soldados do Batalhão de Caçadores 5, seguiu, em 02-09-1931, para Timor. Autorizado a regressar por estar abrangido pela amnistia de 05-12-1932, desembarcou em 09-06-1933 e continuou a residir em Lisboa. Detido, em 16-04-1937, «para averiguações», recolheu, incomunicável, a uma esquadra, passou, em 02-05-1937, para a 1.ª esquadra e, em 02-06-1937, entrou no Aljube. Deportado, em 05-06-1937, para o Tarrafal, «como medida de segurança» por ser considerado «bombista». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 16-11-1945 e regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Manuel Amado dos Santos

Manuel Amado dos Santos
Nasceu em 02-08-1912, no Porto. 1.º artilheiro no NRP «Bartolomeu Dias», participou, em 08-09-1936, na «Revolta dos Marinheiros» organizada pela ORA. Entregue, nesses mesmo dia, pelas autoridades da Marinha à PVDE, «por insubordinação», foi levado para o 3.º Posto da 14ª esquadra, Mitra, e enviado, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária. Condenado, em 13-10-1936, a 4 anos de prisão maior celular, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde trabalhou como magarefe. Transferido, em 27-01-1951, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa, entrou, em 08-02-1951, em Peniche. Libertado em 27-02-1952. Faleceu em novembro de 1966.

Manuel António Boto

Manuel António Boto
Nasceu em 26-04-1907, em Silves. Ferroviário anarcossindicalista do Barreiro, cultivou o esperanto e, no âmbito da CGT, envolveu-se na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Preso em 26-01-1934 e entregue à PVDE em 05-02-1934, passou pela 1.ª esquadra e Casa de Reclusão do Governo Militar de Lisboa, na Trafaria. O TME despronunciou-o em 06-03-1934, mas continuou detido. Entregue, em 08-03-1934, à PSP de Faro, por causa dos acontecimentos do 18 de janeiro em Silves, regressou à Diretoria da PVDE em 10-03-1934: julgado em 12-05-1934, seria absolvido e libertado da Trafaria. Refugiou-se em Espanha e interveio na Guerra. Em 16-05-1939, o Diretor dos Serviços de Informação da Legião Portuguesa enviou à PVDE a lista dos portugueses «residentes na zona vermelha, em Espanha», entre os quais constava o seu nome, sendo preso no Posto de Beirã em 01-10-1940. Seguiu para o Aljube, Caxias (20-12-1940) e, por fim, Tarrafal (17-06-1941), integrando o grupo dos libertários. Amnistiado em 18-10-1945 e libertado em 16-11-1945, regressou em 06-12-1945. Emigrou para São Paulo e faleceu em 18-01-1984, em Lisboa.

Manuel Augusto da Costa

Manuel Augusto da Costa
«Manuel da Horta» ou «Manuel da Amora» Nasceu em 21-05-1887, em São Martinho da Anta, Sabrosa. Militante anarquista e libertário, residia na Amora e trabalhava como servente de pedreiro na Fábrica da Pólvora. Participou na preparação do 18 de janeiro de 1934, em Almada. Preso em 30-01-1934, sendo ferido durante a captura, acusado de ter transportado «cerca de 100 bombas para serem utilizadas na greve revolucionária», possuir arma proibida e 20 munições. Condenado, em março, a 14 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde terá integrado a sua Organização Libertária Prisional até «rachar» em 1939. Sofria de diabetes e a sua morte, aos 58 anos, ocorreu em 03-06-1945, poucos dias depois de ter cumprido 30 dias de castigo na «frigideira», punição aplicada pelo teor de uma carta que teria escrito ao filho. Segundo Tomás de Aquino, «tomou posições bastante criticáveis» e teve «atitudes incontroladas», mas «nunca se bandeou com os carcereiros, nem atraiçoou a sua organização».

Manuel Augusto da Rosa Alpedrinha

Manuel Augusto da Rosa Alpedrinha
Nasceu em 08-04-1905, em Mação, Santarém. Diplomado, em 1926, pelo Instituto das Missões Civilizadoras Laicas, frequentou, depois, a Escola Superior Colonial. Esteve ligado ao PRP, foi maçon e tornou-se militante do PCP. Quando estudante, foi detido em 01-12-1927, por se manifestar contra a Ditadura, e solto no mesmo dia. Preso em 22-07-1928, por suspeita de envolvimento na «Revolta do Castelo», de 20-07-1928, seria libertado em 18-08-1928. Integrou, em 1931, o Secretariado do PCP, entrou na clandestinidade e, em 20-02-1933, seria preso. Passou pelo Aljube e Penitenciária, seguindo, em novembro, para Angra do Heroísmo. Condenado, em 25-08-1934, a 690 dias de prisão e mandado soltar pelo TME em 08-06-1935, pois a pena terminara em 11-01-1935, continuou em prisão preventiva à ordem da PVDE, por decisão do ministro do Interior. Enviado, em 23-10-1936, para o Tarrafal, de onde procurou evadir-se em 02-08-1938, seria castigado com a «frigideira». Organizava cursos de filosofia. Regressou em 01-02-1946, por estar abrangido pela amnistia de 18-10-1945. Trabalhou, então, como jornalista nas redações de vários diários. Faleceu em 30-12-1984, em Cascais.

Manuel Batista dos Reis

Manuel Batista dos Reis
Nasceu em 18-02-1908, em Lisboa. Militante do PCP, foi preso em 08-11-1932, quando estudante do 5.º ano de Medicina. Efetuou o exame final do curso na esquadra e foi solto em 24-11-1932. Partiu, em outubro de 1936, para Espanha, com o «aval» do PCP, a fim de auxiliar a causa republicana. Tornou-se médico nas Brigadas Internacionais, integrando a 86.ª, ficou gravemente ferido em 1937 e, com a vitória dos nacionalistas, refugiou-se em França, onde ficou detido num campo de internamento. Solicitou, em 1941, o repatriamento, regressou com passaporte falso e, preso na fronteira de Beirã, Marvão, em 16-04-1941, seguiu para Lisboa, recolheu à 1.ª esquadra e, em 01-05-1941, entrou no Aljube. Embarcou, em 17-06-1941, para o Tarrafal, sem julgamento ou culpa formada, arrostou duas vezes com a «frigideira» e tornou-se uma ajuda para os outros presos, atenuando o abandono médico a que estavam votados. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e fixou-se em Grândola. Detido em 11-02-1949 e levado para Caxias, foi libertado em 19-03-1949. Faleceu em 10-02-1992.

Manuel Batista Miranda

Manuel Batista Miranda
Nasceu em 23-04-1910, em Lousada, Famalicão. Serrador, a residir e a trabalhar em Espanha, foi preso no posto fronteiriço do Peso-Melgaço em 07-09-1936, entregue pelas autoridades espanholas que o detiveram e o expulsaram sob a acusação de, «ao lado dos comunistas, ter tomado parte ativa nos recentes acontecimentos revolucionários do País vizinho», estar indocumentado e ser filiado no Partido Socialista Espanhol. As autoridades portuguesas detetaram, ainda, ser «refratário às leis militares». Levado para a cadeia da Comarca de Melgaço, foi transferido, no dia seguinte, para Valença e, em 09-09-1936, para a Delegação do Porto da PVDE. Enviado, em 15-10-1936, para Caxias, a fim de embarcar, em 17-10-1936, para o Tarrafal, integrando o grupo de presos entregues pelas autoridades espanholas no início da Guerra Civil. Regressou em 08-02-1940 e saiu em liberdade, indo residir para o Porto.

Manuel Borges do Canto

Manuel Borges do Canto
Nasceu em 07-07-1906, na Vila do Topo, Calheta de S. Jorge, Açores. Serralheiro, com residência em Lisboa, foi preso em 18-04-1941 e transferido para a Delegação do Porto da PVDE, «para averiguações», por «suspeita de engajamento». Enviado, em 25-05-1941, para Lisboa, deu entrada numa esquadra, incomunicável, passou, em 28-05-1941, para a 1.ª esquadra e, em 17-06-1941, embarcou para o Tarrafal, sem ter sido julgado e onde foi punido com dias de internamento na «frigideira». Fazia parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviado para o Campo enquanto preso comum. Regressou em 27-01-1944, entrou no Hospital Júlio de Matos e, em 02-02-1944, seguiu para o Forte de Caxias. Libertado em 08-02-1944.

Manuel da Assunção Malaquias

Manuel da Assunção Malaquias
Nasceu em 01-11-1909, em Aguiar da Beira. Trabalhador, foi entregue pela PSP de Lisboa à PIDE em 09-04-1947, «para averiguações», e enviado para o Forte de Caxias. Embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido submetido a julgamento. Terá participado na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, preparada pelo PCP. Vigiado por guardas da PIDE, permaneceu, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa instalação diferente daqueles que já se encontravam no Campo. Libertado em 20-05-1947, ficou com residência fixa na Cidade da Praia até viajar para Lisboa. Regressou em 10-09-1947, apresentou-se na sede da PIDE em 18-09-1947 e obteve a liberdade condicional. Obteve a definitiva em 01-08-1948.

Manuel da Graça

Manuel da Graça
«O Juvenal» Nasceu em Setúbal, c. 1895/1896. Soldador, ter-se-á filiado no PCP em 1927 e, aquando da Greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, integrou o Comité Revolucionário de Setúbal. Julgado, à revelia, pelo TME, seria capturado em 08-02-1935, referenciado como «extremista». Levado para uma esquadra, entrou no ciclo de transferências entre cárceres: 1.ª esquadra, Aljube (20-03-1935), Peniche (05-04-1935) e Aljube (03-03-1936). Julgado pelo TME em 04-03-1936, viu a pena de três anos de desterro agravada para cinco. Continuou no Aljube, com passagens pela enfermaria provisória e, em 28-05-1936, «requereu para ser amnistiado». Embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, de onde regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Manuel dos Santos

Manuel dos Santos
Nasceu em S. Bartolomeu, Coimbra. Comerciante de cereais e legumes, foi preso quando teria 32 anos, por guardar material explosivo «destinado à revolução de 18 de janeiro». Deu entrada no Aljube em 12-01-1934 e passou por diversos cárceres: Peniche (20-03-1935), 1.ª esquadra (28-06-1935) e, de novo, a Cadeia do Aljube (06-07-1935). Condenado, em 06-07-1935, a 10 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, recorreu e, em 13-07-1935, foi-lhe reduzida a pena para 5 anos de deportação. Transferido, em 29-11-1935, para Peniche, requereu ser abrangido pela amnistia concedida pelo Decreto n.º 26636, mas foi-lhe negada por despacho do ministro do Interior (04-01-1937). Seguiu, em 30-10-1937, para o Aljube e, em 06-11-1937, embarcou para o Tarrafal, de onde regressou em 20-02-1945 e recolheu ao Aljube. Entregue, em 03-03-1945, às Cadeias Centrais da Comarca de Lisboa. Apresentou-se, em 02-04-1945, na PVDE, sendo portador de uma guia da Direção Geral dos Serviços Prisionais, por lhe ter sido concedida a liberdade condicional por despacho do ministro da Justiça de 09-03-1945. Voltou a residir em Coimbra. Manuel Firmo, Nas trevas da longa noite, Europa-América, 1975

Manuel Firmo

Manuel Firmo
Nasceu em 09-09-1909, no Barreiro. Serralheiro nas Oficinas Gerais dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, era anarcossindicalista e estudioso do esperanto. Em vias de ser detido, refugiou-se, em 07-06-1936, em Espanha, sendo preso em Badajoz por entrada ilegal. Instalou-se em Madrid, foi secretário da delegação da CGT portuguesa e, com a Guerra, aderiu ao batalhão de milícias da CNT/FAI, integrando a Brigada Internacional n.º 35. Ferido na frente de Guadarrama-Somosierra, cooperou na aviação republicana enquanto sargento mecânico. Em 1939, atravessou a pé os Pirenéus e, em França, ficou internado nos campos de concentração de Argelés-sur-Mer e no de Gurs. Preso em 06-08-1941, no posto fronteiriço de Beirã, e levado para o Aljube, seguiu, em 12-09-1941, para Caxias. Embarcou, em 20-06-1942, para o Tarrafal, sem julgamento e onde integrou o grupo dos libertários e continuou a ensinar o esperanto. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 16-11-1945 e regressou em 01-02-1946. Partiu para Angola, voltou em 1964 e fixou-se em Barcelona, onde faleceu em 30-01-2005, com 95 anos.

Manuel Fontes

Manuel Fontes
Nasceu em 06-11-1912, em Orvalho, Oleiros. Empregado de comércio, deu entrada no Forte de Caxias em 22-12-1939, por ter sido expulso de Espanha, onde terá feito parte das Brigadas Internacionais. Por despacho do Diretor da PVDE, de 10-05-1940, foi determinado que deveria aguardar no Tarrafal «a oportunidade para ser restituído à liberdade». Embarcou em 21-06-1940 e seria libertado do Campo em 30-12-1945, por estar abrangido pela amnistia de 18-10-1945. Em determinados momentos, integrou o grupo dos «rachados», embora punido com dias de internamento na «frigideira». Regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné».

Manuel Francisco Candeias

Manuel Francisco Candeias
Nasceu em 28-04-1898, em Elvas. Guarda da PSP, foi por esta polícia entregue à PVDE em 20-11-1937. Levado para a 1.ª esquadra, incomunicável, iniciou o habitual percurso pelos cárceres políticos: Aljube (27-11-1937), Caxias (15-06-1938), Peniche (13-08-1938) e, novamente, Aljube (22-10-1938). Condenado, em 22-10-1938, a 6 anos de desterro, com dois anos de prisão nesse local, regressou, nesse mesmo dia, a Peniche. Interpôs recurso mas, como habitualmente, o TME, de 04-03-1939, confirmou a sentença e, em 31-03-1939, reingressou no Aljube. Transferido para o Tarrafal em 01-04-1939, «por mau comportamento e atitudes ameaçadoras e rebeldes no Depósito de Presos de Peniche». Pedro Soares considera-o um «degenerado» e um denunciante que ajudou o diretor, o capitão João da Silva, a perseguir Gabriel Pedro, enquanto Manuel Francisco Rodrigues o referencia como «o grande admirador da Inglaterra e apaixonado amigo de Churchill». Libertado em 18-08-1945, regressou no vapor «Guiné» em 28-08-1945.

Manuel Francisco Rodrigues

Manuel Francisco Rodrigues

Nasceu em 12-02-1901, em Lisboa. Provavelmente, tratar-se-á de Manuel Francisco Rodrigues, «O ação direta», preso durante a I República. Partidário das ideias libertárias e cristãs, viajou pela Europa e, em 1936, estava em Espanha, onde colaborava com os anarquistas e a FAP. Lutou do lado republicano, perdeu a visão do olho esquerdo e, perante o avanço dos nacionalistas, refugiou-se em França, ficando internado nos campos de concentração de Argelès-Sur-Mer, Saint-Cyprien e Gurs. De regresso a Portugal, com passaporte passado pelo Consulado de Toulouse, foi detido no Posto de Beirã, Marvão, em 15-12-1940. Levado para a 1.ª esquadra, seguiu-se-lhe o Aljube (20-12-1940), Caxias (21-02-1941) e Peniche (02-07-1941). Deportado, em 04-09-1941, para o Tarrafal, sem julgamento e a acusação de ser um «perigoso anarquista». Considerando-se vítima de engano, escreveu missivas às diversas entidades, incluindo o Bispo de Cabo Verde, sem qualquer sucesso. Regressou em 20-02-1945 e foi libertado. Fixou-se no Porto e, em 1952, solicitou uma revisão do seu processo para poder lecionar no ensino oficial. Faleceu naquela cidade em 28-09-1977, praticamente invisual. 

Tarrafal, aldeia da morte - O Diário da B5
Memórias
Autor: Manuel Francisco Rodrigues
Edição: Brasília Editora, Porto, 03-07-1974

Manuel Gomes

Manuel Gomes
Nasceu em 15-11-1903, em Braga. Referenciado como trabalhador, a residir em Lisboa, foi preso em 14-04-1937, por ser «extremista», recolhendo, incomunicável, a uma esquadra. Transferido, em 02-06-1937, para o Aljube, seguiu, em 05-06-1937, para o Tarrafal, onde foi punido, por mais de uma vez, com dias de internamento na «frigideira», ficando a pão e água em dias alternados. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa em 01-02-1946, no vapor «Guiné», saindo em liberdade.

Manuel Gonçalves Rodrigues

Manuel Gonçalves Rodrigues
Nasceu em 02-01-1896, em Santiago, Monção. Canteiro/pedreiro, com residência em Pontevedra, Espanha, foi preso no posto fronteiriço do Peso-Melgaço em 07-09-1936, entregue pelas autoridades espanholas que o detiveram e o expulsaram por estar indocumentado e «ter tomado parte ativa nos recentes acontecimentos revolucionários do País vizinho». No seu Cadastro Político aparece referenciado como filiado no Partido Socialista Espanhol, enquanto no Registo Geral de Presos a filiação é no Partido Comunista. Levado para a cadeia da Comarca de Melgaço e transferido, no dia seguinte, para Valença, seguiu, em 09-09-1936, para a Delegação do Porto da PVDE. Enviado, em 15-10-1936, para Caxias, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Regressou em 08-02-1940 e saiu em liberdade.

Manuel Henriques Rijo

Manuel Henriques Rijo
Nasceu em 27-05-1897, em Arruda dos Vinhos. Envolveu-se ainda novo na ação sindical, sendo dos anarquistas e anarcossindicalistas com ação de destaque na CGT e no jornal «A Batalha». Preso em 06-06-1927, «por ser anarquista» e, em 26-10-1927, «por conspirar contra a Ditadura Militar» e estar referenciado como um dos «orientadores do movimento extremista», seria deportado, em 15-11-1927, para Novo Redondo, Cuanza Sul, Angola. Em 1931, encontrava-se com residência fixada na ilha do Pico, no Açores, e, em abril, envolveu-se na «Revolta das Ilhas». Regressou em junho, passou a trabalhar no Sindicato dos Manipuladores de Pão, reassumiu o seu papel no Comité Confederal da CGT e, em abril de 1933, andava fugido. Considerado um dos organizadores da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, foi preso em 15-08-1934. Entrou, 12-09-1934, no Aljube e condenado, em 23-03-1935, a 7 anos de desterro, embarcou, em 23-04-1935, para Angra do Heroísmo. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde integrou o grupo dos libertários e a sua saúde sofreu constantes sobressaltos. Regressou em 20-02-1945, saindo em liberdade. Faleceu em agosto de 1974, com 77 anos.

Manuel Maria

Manuel Maria
Nasceu em 08-07-1904, em Sobral da Lagoa, Óbidos. Trabalhador, foi entregue à PVDE pelo Tribunal Criminal das Caldas da Rainha em 10-03-1941, para responder no TME. Recolheu à 1.ª esquadra e entrou no ciclo de transferências entre cárceres: Caxias (11-03-1941), 1.ª esquadra (28-03-1941) e, de novo, Caxias (31-03-1941). Julgado em 29-03-1941, acusado de «ter sido detentor desde data indeterminada até 15 de maio de 1940 de uma navalha que pelas suas características é considerada arma proibida, com a qual ameaçava aqueles que lhe não agradavam e até sua própria mãe, uma pobre velha de 75 anos, que dele se queixou por já não poder suportar os seus maus-tratos. A própria autoridade administrativa diz que o réu é considerado homem perigoso, no local da sua residência, onde toda a gente o receia pelos seus maus instintos e constantes ameaças». Condenado a 4 anos de degredo, embarcou para o Tarrafal em 17-06-1941, fazendo parte daqueles deportados entrados no Campo por possuírem armas proibidas ou serem violentos. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Manuel Maria da Silva Pinho

Manuel Maria da Silva Pinho
Nasceu em 10-02-1907, em Albergaria-a-Velha. Padeiro, com residência em Lisboa, foi preso em 08-08-1937, «para averiguações». Levado incomunicável, para uma esquadra, iniciou o ciclo de transferências por vários cárceres: Diretoria da PVDE (21-08-1937), Penitenciária de Lisboa (23-08-1937), Penitenciária (27-08-1937), Aljube (14-09-1937), Penitenciária (25-10-1937), Aljube (19-01-1939), Caxias (05-04-1939l), Peniche (03-04-1940) e Aljube (25-01-1941). Condenado, em 25-01-1941, a 10 anos de degredo, acusado de colaborar no atentado contra Salazar e nas diligências levadas a efeito para o fabrico de explosivos. Reentrou, em 30-01-1941, no Forte de Caxias e embarcou, em 27-02-1941, para o Tarrafal, onde chegou a fazer de «barbeiro» e permaneceu anos consecutivos deitado dentro de um colete de gesso, devido ao estado da coluna. Sem a devida assistência médica e imobilizado, reconfortava-se «no convívio com os passarinhos, especialmente os que ainda não sabiam voar e os seus companheiros lhe traziam, quando os apanhavam. O seu mosquiteiro era uma autêntica gaiola onde eles se albergavam, esvoaçavam e pipilavam» (Tomás de Aquino). Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça.

Manuel Marques Nunes

Manuel Marques Nunes
«O chapéu pequenino» Nasceu em 06-03-1915, em Vila de Senhorim, Nelas. Trabalhador, foi entregue pela PSP de Lisboa à PIDE em 09-04-1947, «para averiguações». Enviado para Caxias, embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou incriminado, provavelmente devido à greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Vigiado por guardas da PIDE, ficou numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Campo. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar viagem para o Continente. Apresentou-se na sede da PIDE em 07-11-1947.

Manuel Molina Vailó ou Manuel Molina Bailão ou Manuel Molina Bailó

Manuel Molina Vailó ou Manuel Molina Bailão ou Manuel Molina Bailó
Nasceu em 27-05-1909, em Parada do Monte, Melgaço. Mineiro, com residência em Perpignan, França, foi preso pelo Posto de Beirã em 03-04-1941 e transferido, no dia seguinte, para a diretoria da PVDE. Recolheu à 1.ª esquadra e entrou no ciclo de transferências entre presídios: Aljube (10-04-1937), Forte de Caxias (20-06-1941) e Peniche (22-06-1941). Embarcou, em 04-09-1941, para o Tarrafal, por ter vindo de Espanha. Regressou em 20-02-1945 e foi entregue, de imediato, ao Governo Militar de Lisboa.

Manuel Moniz Bettencourt

Manuel Moniz Bettencourt
Nasceu em 11-12-1911, na ilha do Pico, Açores. Aprendiz de Carpinteiro, com residência no Faial, foi posto à disposição da PVDE pelo Comando da PSP da Horta em 28-07-1941. Enviado para Lisboa, recolheu, incomunicável, a uma esquadra, iniciando o percurso pelos diferentes cárceres políticos: Aljube (29-11-1941), Forte de Caxias (16-01-1942), Peniche (24-04-1942) e, novamente, Caxias (19-06-1942). Transferido, em 20-06-1942, para o Tarrafal, onde não era considerado como «antifascista», mas um «anglófilo e protestante». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, foi libertado em 14-12-1945 e regressou a Lisboa, no vapor «Guiné», em 01-02-1946.

Manuel Pereira dos Santos

Manuel Pereira dos Santos
«O Polim» Nasceu em 1896, em Vila da Feira. Sapateiro, com residência em Espinho, foi preso em 21-05-1931, pelo Comando da PSP de Aveiro, acusado de ser «comunista e bombista» e um «elemento agitador muito perigoso», tendo chefiado um grupo civil nos tumultos e manifestações realizadas em Espinho na noite de 1 de maio, na sequência do funeral do estudante João Martins Branco, assassinado pela polícia em abril de 1931. Considerado um elemento perigoso «pela facilidade com que maneja uma navalha» e já ter sido várias vezes preso em Aveiro, foi deportado, em 06-06-1931, para Cabo Verde. Por não estar abrangido pela amnistia de 05-12-1932, continuou com residência fixada naquele Arquipélago e, em 20-08-1937, foi enviado pelo Governador para o Tarrafal, onde era conhecido pela sua profissão e seria punido com dias de internamento na «frigideira». Considerado por Pedro Soares um «provocador», integrou o grupo dos «rachados», colaborando com a direção do Campo e prejudicando os deportados políticos. Regressou em 20-02-1945, sendo libertado no mesmo dia.

Manuel Pessanha

Manuel Pessanha
Nasceu em 27-07-1906, em Silves. Corticeiro, a residir e a trabalhar em Silves, teve intervenção ativa na organização da greve local de 18 de janeiro de 1934, integrando a fação anarcossindicalista. Além de participar em diversas reuniões, arranjou seis bombas que trouxera de Lisboa e, no dia aprazado, forçou a entrada na Associação de Classe Corticeira, entretanto encerrada pelas autoridades do Estado Novo, onde terá hasteado a sua bandeira, e percorreu as fábricas de Silves a incitar os operários à greve, tendo facilmente conseguido mobilizá-los. Fracassado o movimento, fugiu para a serra, esteve, temporariamente em Espanha e, depois, fixou-se, durante uns meses, até ser detido, numa vila do Alentejo. Condenado, em 04-06-1934, a doze anos de degredo, ficando à ordem do Governo, embarcou, em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, saindo em liberdade. Regressou a Silves, retomou a profissão de quadrador e abandonou a atividade política. Filiou-se no Partido Socialista após o 25-04-1974. Faleceu em 18-02-1985, em Silves.

Manuel Rodrigues da Silva Júnior

Manuel Rodrigues da Silva Júnior
Nasceu em 10-04-1909, em S. Luís do Maranhão, Brasil. Ativista sindical, aderiu, em 1932, ao PCP, integrando, em 1934, a Comissão Executiva da CIS e, em 1936, o Secretariado comunista. Preso em 23-09-1936 e levado para o Aljube, foi mantido incomunicável durante 23 dias. Em 17-10-1936, seguiu, sem julgamento, para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e mergulhou na clandestinidade, sendo eleito membro do Comité Central. Preso em 07-02-1950, permaneceu encarcerado três anos na mais insalubre cela do Aljube, sem recreio e visitas. Condenado, em 24-04-1951, a quatro anos de prisão maior, o Ministério Público recorreu da sentença e aquela passou para oito anos, acrescida de «medida de segurança». Entrou, em 01-06-1954, em Peniche, onde ficou até 08-01-1964, devido às sucessivas prorrogações daquela medida. As condições precárias de saúde e a pressão nacional e internacional contribuíram para a sua liberdade condicional. Retomou a militância e, em 1965, partiu para a União Soviética, onde faleceu, muito debilitado, em 22-07-1968, com 59 anos.

Mário Batista dos Reis

Mário Batista dos Reis
Nasceu em 14-11-1910, em Lisboa. Quando estudante, foi preso em 20-11-1932 e libertado em 28-11-1932. Eletricista, próximo do PCP, partiu para Espanha, onde chegou em novembro de 1936, a fim de ajudar a causa republicana. Alistou-se nas Brigadas Internacionais e integrou o restrito grupo de portugueses que recebeu formação na Escola de Artilharia N.º 2, em Lorca, Valência, reservada à formação de oficiais espanhóis. Comandou, em março de 1938, uma bateria da unidade de artilharia de Almansa e, em 30-10-1938, reconhecida a sua ação em combate, foi promovido a capitão. Finda a Guerra, refugiu-se em França, onde esteve internado nos campos de concentração de Argelès-Sur-Mer e de Gurs. Solicitou o repatriamento para Portugal, sendo preso em 16-04-1941, no posto fronteiriço de Beirã. Encetou, então, o ciclo de transferência de cárceres: 1.ª esquadra (17-04-1941), Aljube (01-05-1941), Caxias (15-05-1941), Peniche (22-06-1941) e, de novo, Caxias (19-06-1942). Embarcou, em 20-06-1942, para o Tarrafal, sem julgamento. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e saiu em liberdade. Irmão de Manuel Batista dos Reis.

Mário dos Santos Castelhano

Mário dos Santos Castelhano

Nasceu em 31-05-1896, em Lisboa. Empregado de escritório. Destacado dirigente anarcossindicalista e da CGT, participou, após o golpe militar de 1926, na reorganização do Conselho Confederal da CGT, sendo eleito responsável do novo secretariado e redator-principal de «A Batalha». Preso em outubro de 1927, seria deportado para Angola no mês seguinte, ficando em Vila Nova de Seles (atual Uku-Seles). Passou, em setembro de 1930, para os Açores e, em 06-04-1931, para a Madeira, participando na «Revolta das Ilhas». Regressou clandestinamente ao Continente e, no âmbito da CGT, integrou o grupo que preparou a greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934. Preso em 15-01-1934, foi condenado, em 08-03-1934, a 16 anos de degredo e, em 08-09-1934, embarcou para Angra do Heroísmo. Transferido, em 23-10-1936, para o Tarrafal, desempenhou papel preponderante na organização prisional dos libertários e na sua unificação ideológica, cabendo-lhe, ainda, estabelecer ações convergentes com os comunistas. Sofria, desde Angra do Heroísmo, de patologia intestinal e faleceu em 12-10-1940, com 50 anos, depois de quase duas semanas de sofrimento com febre e sem assistência médica e medicamentosa. 

Quatro Anos de Deportação
Memórias
Autor: Mário Castelhano
Edição: Seara Nova, Lisboa, 1975

Mário Castelhano - Esboço biográfico
Memórias
Autor: Manuel Henriques Rijo
Edição: Portal Anarquista

Mateus Pedroso

Mateus Pedroso
Nasceu em 04-11-1906, em Odivelas. Identificado como trabalhador, com residência no Senhor Roubado, foi levado pelo Comando da PSP de Lisboa à PVDE em 10-12-1937, «para averiguações», recolhendo à 1.ª esquadra. Com «largo cadastro no Arquivo Geral do Registo Criminal e Policial de Lisboa», seria libertado em 13-12-1937, «por não interessar a esta Polícia». Entregue, em 20-06-1941, pelo Juízo de Direito da Comarca de Castelo Branco à PVDE por ter uma arma de fogo proibida. Levado para o Aljube, ficando à ordem do TME, seguiu para o Forte de Caxias em 24-06-1941. Condenado, em 28-06-1941, a 3 anos de degredo, passou, em 02-07-1941, para Peniche. Embarcou, em 04-09-1941, para o Tarrafal, onde era referenciado como cavador e fazia parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviados para o Campo por possuírem, apenas, armas proibidas. Regressou em 20-02-1945 e saiu em liberdade.

Miguel Francisco Ramos

Miguel Francisco Ramos
Nasceu em 28-09-1916, em Borba. Trabalhador, foi preso na fronteira da Beirã em 26-09-1940 e transferido, no dia seguinte, para a sede da PVDE. Recolheu à 1.ª esquadra, dando início a sucessivas transferências entre cárceres: Aljube (21-12-1940), Caxias (06-02-1941), 1.ª esquadra (06-03-1941) e, de novo, Caxias (13-03-1941). Embarcou, em 17-06-1941, para o Tarrafal. Por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, no vapor «Guiné», e saiu em liberdade.

Miguel Óscar de Oliveira

«O Miguel Sapateiro» Nasceu em 21-01-1900, na ilha de S. Nicolau, Cabo Verde. Sapateiro, a residir no Tarrafal da ilha de Santiago, foi preso em 31-08-1941 e encarcerado no Campo de Concentração do Tarrafal por se corresponder clandestinamente, por intermédio da sua filha menor, com o preso José Francisco dos Santos Malarranha. Para além de submetido a interrogatórios, foi punido com dias de internamento na «frigideira» Libertado em 19-01-1942.

Miguel Wager Russel

Miguel Wager Russel

Nasceu em 01-02-1908, em Santarém. Militante do PCP e do SVI desde o início dos anos 30, foi detido, pela primeira vez, em dezembro de 1931. Destacou-se no SVI, contactando os presos, auxiliando as famílias e denunciando as prisões, violências e torturas. Escolhido para representar a Seção Portuguesa no I Congresso Mundial do SVI, realizado em setembro de 1932, em Moscovo, aí permaneceu vários meses e só reentrou em Portugal em 18 de janeiro de 1934. Integrou, em finais de 1935, o Secretariado comunista, chegou a ser responsável pela ORA, envolvendo-se na preparação da «Revolta dos Marinheiros», e manteve-se no apoio aos presos. Detido em 14-04-1937, seria levado para diversas esquadras, esteve no Aljube (27-05-1937) e, em 05-06-1937, seguiu, sem julgamento, para o Tarrafal, onde casou por procuração, seria punido com a «frigideira» e foi ensaiador de noites de teatro. Regressou em 01-02-1946, «precocemente envelhecido pelo sofrimento e com a saúde abalada». Partiu, em 1950, para Moçambique, de onde voltou depois de 25-04-1974. Faleceu em 19-02-1992, com 84 anos. Cunhado de Oliver Branco Bártolo. 

Recordações dos tempos difíceis
Memórias
Autor: Miguel Wager Russell
Edição: Edições avante!, Lisboa, 1976

Militão de Bessa Ribeiro

Militão de Bessa Ribeiro
Nasceu em 13-08-1896, em Murça, Vila Real, emigrando para o Brasil aos 13 anos. Expulso daquele país em abril de 1931, por militar no Partido Comunista Brasileiro. Evadiu-se quando o barco aportou a Lisboa, refugiou-se na sua terra e tornou-se militante do PCP. Preso em 13-07-1934, no Porto, incriminado por pertencer ao SVI. Condenado, em 06-04-1935, a 12 meses de detenção, seguiu, em 20-04-1935, do Aljube do Porto para Peniche. Acusado de «insubordinação», embarcou, em 08-06-1935, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde era elemento preponderante na OCP. Regressou em 15-07-1940, «por ter sido amnistiado», e participou na reorganização partidária. Preso em 22-11-1942, ficou detido no Aljube e condenado, em 05-04-1944, a 4 anos de prisão, reingressou, em 26-07-1944, no Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 16-11-1945, retomou a militância e seria preso em 25-03-1949, no Luso, com Álvaro Cunhal e Sofia Ferreira, levado para o Porto e transferido, em 10-05-1949, para a Penitenciária. Isolado numa cela individual e incomunicável, sem assistência médica, medicamentosa e alimentar, entrou em greve de fome. Faleceu em 02-01-1950, quando pesava 32 quilos.

Oliver Branco Bártolo

Oliver Branco Bártolo
Nasceu em 06-03-1909, em Ílhavo. Marinheiro, alistou-se na Armada em 1927 e era um dos dirigentes da ORA. Preso pela PVDE em 23-05-1935, deu entrada numa esquadra, seria levado para o Aljube (01-06-1935) e entrou no ciclo de transferência entre cárceres: 1.ª esquadra (07-10-1935), Peniche (23-10-1935), 1.ª esquadra (09-12-1935), Aljube (28-12-1935), Peniche (18-03-1936) e Caxias (14-10-1936). Condenado, em 04-12-1935, a 23 meses de prisão, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, onde participou na tentativa de fuga de 02-08-1938 e, por vezes, era tratado por o «Almirante» devido aos conhecimentos náuticos. Terminou a pena imposta pelo TME em 17-04-1937, mas continuou «em prisão preventiva». Requereu, em 09-12-1937, ser restituído à liberdade, pretensão indeferido pelo ministro do Interior em 02-02-1938. Por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, no navio «Guiné», e saiu em liberdade. Soube, então, do falecimento recente da mãe, muito considerada entre os tarrafalistas «pois nunca em sua casa fora negado auxílio às mulheres, mães e filhas de antifascistas». Cunhado de Miguel Wager Russel.

Patrício Domingues Quintas

Patrício Domingues Quintas
Nasceu em 16-06-1913, em Grijó, Vila Nova de Gaia. Estudante, vivia em Ferrol, Galiza, e foi entregue no posto fronteiriço de Valença à Guarda Fiscal e à PVDE em 28-08-1936. Recolheu à cadeia da Comarca de Valença e, em 05-09-1936, passou para a Delegação da PVDE do Porto e, de seguida, para Caxias. Foi transferido em 17-10-1936, com o pai e o irmão, para o Tarrafal, sem julgamento ou processo, onde não integrou nenhum dos grupos políticos, embora mais inclinado para os anarquistas. Visto como fazendo parte do grupo dos «Galegos», rejeitou o «indulto do Natal de 1939», recusando-se assinar o «termo de responsabilidade» que lhe fora apresentado. Amnistiado, regressou em 15-07-1940. Preso pela PVDE em 07-08-1940 e entregue na Casa de Reclusão da 1.ª Região Militar, recolheu à Companhia Disciplinar de Penamacor. Devolvido à PVDE em 07-06-1943, deu entrada na 1.ª esquadra e, depois, no Aljube. Reenviado para o Tarrafal por despacho do subsecretário de Estado da Guerra, Santos Costa, embarcou em 12-06-1943, voltando a ser castigado com períodos na «frigideira». Regressou em 01-02-1946.

Paulo José Dias

Paulo José Dias
Nasceu em 24-01-1904, em Lisboa. Fogueiro marítimo, com ligações aos libertários e ao PCP, foi preso em 07-07-1939, «para averiguações», e recolheu ao Aljube, acusado de ser «possuidor de uma credencial passada a seu favor pelo Comité Executivo da União Geral dos Trabalhadores de Barcelona» e «um elemento de absoluta confiança dos marxistas espanhóis». Transferido, em 22-07-1939, para Caxias, por despacho do diretor da PVDE, capitão Agostinho Lourenço, datado de 29-02-1940, «foi determinado que se mantivesse em prisão preventiva, devendo ser transferido para Cabo Verde até se esclarecer a situação internacional». Passou, então, por vários cárceres: Peniche (03-04-1940), 1.ª esquadra (04-06-1940), Caxias (07-06-1940), antes de embarcar, em 21-06-1940, sem julgamento, para o Tarrafal, onde era referenciado como tendo combatido em Espanha. Faleceu em 13-01-1943, com 38 anos, tuberculoso, muito magro e após quatro meses acamado e de grande sofrimento, deixando mulher e filhos.

Pedro da Cunha e Foios Teixeira

Pedro da Cunha e Foios Teixeira
Nasceu em 07-04-1899, em Lisboa. Funcionário da alfândega de Lisboa, foi preso pela PVDE em 27-03-1942, «para averiguações», quando integrava a rede de espionagem anglo-portuguesa do «SOE» (Special Operations Executive, Seção H), mais conhecida por «Rede Shell» (identificado como agente H.500). Levado para uma esquadra, incomunicável, foi transferido, em 05-05-1942, para Caxias, e embarcou, em 20-06-1942, para o Tarrafal, sem ter sido julgado, ficando alojado fora do Campo. Regressou em 01-01-1944, deu entrada no Hospital Júlio de Matos e, em 07-01-1944, seguiu para Caxias, entrando num ciclo de transferências entre cárceres: Aljube (13-01-1944), Caxias (02-02-1944) e Peniche (23-05-1944). Saiu em liberdade condicional em 29-05-1944.

Pedro de Matos Filipe

Pedro de Matos Filipe
Nasceu em 19-06-1905, em Almada. Estivador de porto e sindicalista, ligado ao movimento libertário e anarcossindicalista, foi preso em 30-01-1934, por estar implicado na greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934, ao promover a paralisação da fábrica Parry & Son, ter recebido uma bomba, que não chegou a utilizar, e fazer parte do grupo de apoio que protegeu os elementos que cortaram os cabos submarinos em Almada. Condenado pelo TME a 12 anos de degredo, ficando à disposição do Governo, embarcou, em 08-09-1934, para Angra do Heroísmo. Dois anos depois, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde faleceu em 20-09-1937, vítima de biliosa, menos de 4 meses após a sua chegada, sem qualquer assistência médica ou farmacêutica, apesar de se queixar há muito. Tinha 31 anos e foi o segundo deportado a morrer no Campo. Segundo Acácio Tomás de Aquino, Pedro Matos Filipe «era um dos rapazes mais fortes do Acampamento» e, quando morreu, «estava reduzido a pele e osso».

Pedro dos Santos Soares

Pedro dos Santos Soares
Nasceu em 13-01-1915, em Trigaches, Beja. Militante comunista entre 1933 e 1975, foi preso em 1934, 1935, 1954 e 1958, percorrendo os principais cárceres do regime: diversas esquadras da PSP, Cadeia do Aljube, Fortaleza de Peniche, Depósito de Presos de Caxias e celas privativas da Subdiretoria do Porto da PVDE. Evadiu-se duas vezes: do Porto (03-10-1954) e de Peniche (03-01-1960). Condenado, em 30-11-1935, a 22 meses de detenção, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal, quando terminara na véspera a pena imposta pelo TME e tinha 21 anos. Amnistiado, regressou em 15-07-1940, licenciou-se em Histórico-Filosóficas e participou na reorganização do PCP. Condenado, em 04-06-1943, a 4 anos de prisão, em 12-06-1943, retornou ao Tarrafal, onde era elemento preponderante da OCP e foi castigado várias vezes com a «frigideira». Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, saiu em liberdade e partiu para Moçambique. Com a última fuga (03-01-1960), a ação política exerceu-se no estrangeiro. Regressou a Portugal após o 25-04-1974. Faleceu em 10-05-1975 num acidente de viação. Pedro Soares, Tarrafal, Campo da Morte Lenta, Edições avante!, 1975.

Pedro José da Conceição

Pedro José da Conceição
Nasceu em 11-08-1899, em Lisboa. Sargento da Marinha de Guerra, foi preso em Vilar Formoso em 22-07-1940, por «estar pedida a sua captura em virtude de se ter evadido dos Serviços Auxiliares da Marinha», onde se encontrava detido à ordem da PVDE. Transferido, em 25-07-1940, para a sede da PVDE e entregue na Cadeia do Aljube, passou para a enfermaria entre 31-07-1940 e 15-08-1940. Considerado «um perigosíssimo elemento revolucionário e de agitação constante, mantendo numerosas e importantes ligações com elementos considerados organizados», foi «notificado a abandonar o País, no prazo de 30 dias, conforme despacho de S. Exª o Ministro do Interior». Como declarasse que não o faria, o Diretor da PVDE, em 15-02-1941, deliberou a sua transferência para Cabo Verde, embarcando, em 27-02-1941, para o Tarrafal, onde estava conotado com um dos grupos de republicanos. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou a Lisboa em 01-02-1946 e saiu em liberdade.

Pinkus Israelski ou Pinkus Isral Ski

Pinkus Israelski ou Pinkus Isral Ski
Nasceu em 06-04-1908, em Varsóvia, Polónia. Tecelão de malhas (técnico), este judeu polaco foi preso pela Delegação do Porto da PVDE em 07-12-1939, «para averiguações». Por constar do seu processo que tinha «sido expulso da Bélgica por suspeita de comunista e de ter entrado em Portugal com documentação falsificada», sendo, portanto, «um elemento indesejável», «foi proposto para que lhe fosse aplicável o Decreto nº 15946 de 23-5-1928», tendo o ministro, por despacho de 23-01-1940, aprovado essa decisão. Transferido, em 21-02-1940, para Caxias, embarcou em 23-02-1940, sem julgamento, para o Tarrafal. Regressou em 27-01-1944, entrou no Hospital Júlio de Matos e, de seguida, circulou entre vários cárceres: Caxias (02-02-1944), Peniche (09-02- 1944), Aljube (25-07-1945), Peniche (27-08-1945), Caxias (22-12-1945) e Aljube (25-03-1947). Libertado em 14-01-1948, foi-lhe fixada, provisoriamente, residência na Ericeira. Detido pela PIDE em 25-04-1948, por estar indocumentado, seguiu para Caxias. Libertado em 19-05-1948, continuou com residência fixada na Ericeira. Faleceu em 07-05-1993, com 85 anos.

Rafael da Silva Pires

Rafael da Silva Pires
Nasceu em 23-03-1912, em Lisboa. Servente, foi entregue pela PSP de Lisboa à PIDE em 09-04-1947, «para averiguações». Enviado para Caxias, seguiu, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido condenado, tenso provavelmente estado associado à greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, dinamizada pelo PCP. Tal como os outros presos na mesma circunstância, ficou numa seção diferente daqueles que já se encontravam no Campo, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 20-05-1947, ficou com residência fixa na Cidade da Praia até embarcar, em 10-09-1947, para Lisboa. Apresentou-se, em 18-09-1947, na diretoria da PIDE, ficando em liberdade condicional. Obteve a definitiva em 01-08-1948.

Rafael Tobias Pinto da Silva

Rafael Tobias Pinto da Silva
Nasceu em 14-12-1910, em Lisboa. Militante do PCP desde o início da década de 1930, foi detido, quando estudante, em 09-03-1934, por integrar um grupo de manifestantes que percorria «a Rua da Escola Politécnica dando gritos subversivos», empunhava «cartazes com palavras ofensivas para a atual Situação Política do País» e distribuía «manifestos clandestinos». Transferido, em 19-05-1934, para Peniche, seria libertado em 23-08-1934. Já referenciado como relojoeiro, foi preso em 07-11-1935, levado para uma esquadra, transferido, em 27-12-1935, para Peniche e, em 24-03-1936, entrou no Aljube. Julgado pelo TME em 03-04-1936 e absolvido, continuou preso à ordem da PVDE. Requereu, em 04-06-1936, para ser amnistiado, acabando, no entanto, por embarcar, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Faleceu em 22-09-1937, vítima da biliosa e em grande sofrimento, após ter sido levado para a morgue ainda com vida. Tinha 26 anos de idade e foi um dos seis tarrafalistas a morrer entre 20 e 24-09-1937, sem qualquer assistência médica, farmacêutica ou cuidados de higiene.

Raúl de Almeida

Raúl de Almeida
Nasceu em 01-02-1915, em Lisboa. Aprendiz de serralheiro, foi detido pela PSP de Lisboa em 30-05-1932, por suspeita de instigar outros operários à greve. Tinha, então, dezasseis anos e saiu em liberdade em 01-06-1932. Entregue pelas autoridades militares à PVDE em 30-11-1936, ficou preso no Presídio Militar da Trafaria e saiu em liberdade em 19-12-1936. Quando serralheiro de máquinas, seria preso em 31-03-1947, «para averiguações», e levado para Caxias. Embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem julgamento ou condenação, provavelmente devido à greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, preparada pelo PCP. Vigiado por guardas da PIDE, permaneceu, tal como os outros deportados na mesma circunstância, em instalações diferentes daqueles que já se encontravam no Campo. Libertado em 30-09-1947, regressou em 07-11-1947, no vapor «Guiné».

Reinaldo de Castro

Reinaldo de Castro
«O Monteiro» Nasceu em 06-06-1907, em Lisboa. Tomou parte na «Revolta Militar» de 26 de agosto de 1931, quando era empregado na Câmara Municipal de Lisboa, sendo deportado para Timor em 02-09-1931; abrangido pela amnistia de 05-12-1932, regressou em 09-06-1933. Em 1937, encontrava-se fugido à PVDE, por desenvolver militância comunista, tendo o TME emitido um mandado de captura. Refugiado em Espanha, participou, entre 1937 e 1939, na Guerra Civil ao lado das forças republicanas, combatendo na frente de Ocaña. Terminada aquela, esteve preso e seria entregue pelas autoridades franquistas no Posto de Beirã em 26-12-1940, seguindo para Peniche: passou, em 02-01-1941, para o Aljube e, em 30-01-1941, para Caxias. Depois, de condenado, à revelia, a 12 anos de degredo (15-06-1940), viu a pena ser aumentada para 15 anos em sessão do TME de 18-04-1941. Embarcou, em 17-06-1941, para o Tarrafal. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945 e libertado em 12-01-1946, ficou a aguardar transporte para Lisboa. Regressou em 01-02-1946.

Reinaldo Victor

Reinaldo Victor
«O Zambujal» Nasceu em 04-05-1904, em Sacavém. Trabalhador, foi preso pela PVDE em 04-03-1939, «para averiguações», e enviado para o Aljube. Passou, de seguida, por várias transferências de cárcere: 1.ª esquadra (30-03-1939), Aljube (01-04-1939), Caxias (12-04-1939) e, de novo, Aljube (4-12-1939). Condenado, em 09-12-1939, à pena de 10 anos de degredo, reentrou em Caxias (10-12-1939) e embarcou, em 23-02-1940, para o Tarrafal, onde foi punido com dias de internamento na «frigideira». Embora tenha interposto recurso, o TME, em sessão de 20-12-1939, confirmou a sentença. O Tribunal de Execução de Penas concedeu-lhe a liberdade condicional apenas em 16-10-1952, fixando-lhe residência no concelho de Loures e obrigatoriedade de apresentar-se na PIDE, sob cuja vigilância ficaria. Obteve a liberdade definitiva em 27-11-1957. Segundo Antónia Gato Pinto, era comunista e «rachou durante a clausura no campo».

Rodrigo Ramalho

Rodrigo Ramalho
Nasceu em 22-07-1909, em Alenquer. 2.º sinaleiro da Armada, participou, em 08-09-1936, na «Revolta dos Marinheiros» organizada pela ORA. Entregue pelas autoridades da Marinha à PVDE nesse mesmo dia, pelo crime de «insubordinação», deu entrada no 3.º Posto da 14.ª esquadra, «Mitra». Transferido, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa e condenado, em 13-10-1936, a 4 anos de prisão maior, seguidos de 8 de degredo ou, em alternativa, a 16 anos de degredo, seguiu, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Entregue, em 31-12-1945, ao ministério da Justiça, foi transferido para a Fortaleza de Peniche em abril de 1949, tendo embarcado na Cidade da Praia no dia 16. Libertado em 30-05-1949, devido a mandado de soltura entregue pela Superintendência dos Serviços da Armada ao Diretor de Peniche. Ficou a residir na Quinta do Jardim-Chão de Meninos, Sintra.

Rui Cardoso Gomes

Rui Cardoso Gomes
Nasceu em 1916, em Lisboa. Pertenceu à FJCP e, em novembro de 1933, já alistado na Armada, onde era grumete artilheiro, aderiu à ORA. Preso pela PSP de Lisboa em 26-02-1935, por ser um dos autores «do desenho comunista – «Foice e Martelo» – feito nas paredes» de Alcântara. Entregue, em 04-03-1935, pelo Comando Geral da Armada à PVDE, a pedido desta, seguiu, incomunicável, para uma esquadra e, em 02-05-1935, entrou na Cadeia do Aljube. Condenado, em 03-08-1935, a 493 dias de prisão, acusado de «propaganda dos princípios comunistas» e desenhar «o emblema comunista», circulou pela 1.ª esquadra (07-10-1935), Peniche (23-10-1935), 1.ª esquadra (10-12-1935) e, de novo, Peniche (26-12-1935), sendo libertado em 05-06-1936. Preso em 02-05-1937, na tipografia da Comissão Intersindical, passou, em 11-05-1937, para a 1.ª esquadra e, depois, para o Aljube, acusado de «continuar a desenvolver grande atividade dentro da organização comunista». Embarcou, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem julgamento, onde adoeceu com a biliosa. Regressou em 20-02-1945, entrando em Caxias. Libertado em 07-03-1945.

Rui Nunes de Azevedo

Rui Nunes de Azevedo
Nasceu em 18-02-1915, em Lisboa. Soldador, foi preso pela PIDE em 30-03-1947, «para averiguações», e enviado para Caxias. Embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado ou incriminado, provavelmente por estar envolvido na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, organizada pelo PCP. Ficou, tal como os outros deportados na mesma circunstância, numa seção diferente dos presos que já se encontravam no Tarrafal, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 30-09-1947, ficou a aguardar viajem. Apresentou-se na Diretoria da PIDE, em Lisboa, em 07-11-1947.

Saúl Gonçalves

Saúl Gonçalves
Nasceu em 27-11-1916, em Serra de El-Rei, Peniche. Vendedor ambulante e militante do PCP, a residir e a trabalhar em Peniche, foi preso pela PVDE em 19-12-1936, «para averiguações», por estar envolvido na celebração do 1.º de Maio naquela vila, com pinturas, afixação de propaganda e colocação de bandeiras vermelhas. Recolheu, incomunicável, a uma esquadra, seguiu, em 05-01-1937, para a 1.ª esquadra e, condenado, em 17-02-1937, a 5 anos de degredo, foi transferido, em 19-02-1937, para a Fortaleza de Peniche. Envolvido nos preparativos da tentativa de fuga de Augusto da Costa Valdez, de Artílio Baptista e de Veríssimo Sim-Sim, ocorrida em 18-11-1938, seguiu para o Forte de Caxias em 23-11-1938. A fim de dar cumprimento ao despacho do Diretor da PVDE, datado de 16-01-1939, regressou, em 24-03-1939, ao Aljube, a fim de ser transferido, em 01-04-1939, para o Tarrafal, onde foi barbaramente espancado, conheceu a «frigideira» e veio a sofrer de tuberculose. Libertado em 12-01-1946, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, no barco «Guiné».

Sebastião da Encarnação Júnior

Sebastião da Encarnação Júnior
Nasceu em 1895, em Alcoutim. Quando sargento-ajudante, participou na revolta de fevereiro de 1927, sendo-lhe fixada residência fora do Continente. Preso em dezembro de 1928, passou por Ponta Delgada, Açores e, em junho de 1932, encontrava-se na ilha do Sal, em Cabo Verde: abrangido pela amnistia de 05-12-1932, voltou a Lisboa em 1933. Entregue pela PSP de Beja à PVDE em 17-11-1936, circulou pelo Aljube (17-12-1936), Peniche (07-02-1937) e 1.ª esquadra (05-07-1937). Condenado, em 07-07-1937, a 4 anos de desterro, reentrou no Aljube (08-07-1937) e Peniche (13-09-1937), embarcando, em 23-10-1937, para Angra do Heroísmo: solto em 23-12-1938, devido a indulto. Preso e entregue, em 25-02-1942, pela PSP de Beja, por integrar a rede de espionagem anglo-portuguesa «SOE» – «Rede Shell», sendo-lhe apreendido instruções detalhadas e cartuchos de dinamite. Transferido, em 05-05-1942, para Caxias, embarcou, em 20-06-1942, para o Tarrafal, ficando alojado fora do Campo. Regressou em 27-01-1944, entrou no H. Júlio de Matos e seguiu para Caxias (02-02-1944) e Peniche (23-05-1944). Libertado em 29-05-1944. Novamente detido em Beja em 1949. Referenciado como comunista por Antónia Gato Pinto.

Sebastião de Jesus Palma

Sebastião de Jesus Palma
Nasceu em 20-06-1879, em Loulé. Antigo Comissário de Polícia de Beja. Referenciado como comerciante/agente comercial, foi detido naquela cidade e enviado, em 27-08-1928, para Lisboa, «por fazer parte do comité revolucionário» envolvido na revolta do Castelo, de 20-07-1928. Libertado em 29-09-1928. Preso e entregue pela PSP de Beja à PVDE em 10-11-1933, «por desenvolver grande atividade conspiratória», seria libertado em 09-12-1933. Preso pela PVDE em 31-10-1936, «por estar envolvido em ligações revolucionárias», foi levado, incomunicável, para uma esquadra e transferido, em 17-11-1936, para o Aljube. Solto em 24-05-1937, por ter sido despronunciado pelo TME. Preso em 05-03-1942, quando integrava a rede de espionagem anglo-portuguesa do «SOE», mais conhecida por «Rede Shell» (identificado como agente H.503). Entrou, em 05-05-1942, em Caxias e embarcou, em 05-08-1942, para o Tarrafal, sem qualquer julgamento ou acusação, ficando alojado fora do Campo. Regressou em 27-01-1944 e passou pelo Hospital Júlio de Matos, Caxias (02-02-1944) e Peniche (23-05-1944). Saiu em liberdade condicional em 29-05-1944. Referenciado como militante comunista por Antónia Gato Pinto.

Sebastião dos Ramos Viola Júnior

Sebastião dos Ramos Viola Júnior
Nasceu em 12-01-1915, em Silves. Militante comunista de Silves, seria momentaneamente preso aquando do 18 de janeiro de 1934. Partiu para o Barreiro e, em 1935, o PCP enviou-o para a escola de formação de quadros da Internacional Comunista, em Moscovo, de onde regressou em meados de 1938, entrando na clandestinidade. Preso em 27-05-1939, seguiu para o Aljube, passou, em 25-07-1939, para Caxias e, regressou, em 11-09-1939, ao Aljube. Por lhe terem sido apreendidos materiais das Juventudes Comunistas, conhecerem o seu percurso em Silves e a passagem por França, transferiram-no, em 19-09-1939, para o Tarrafal, sem julgamento. Permaneceu setenta e cinco meses preso preventivamente, integrou a OCP, conheceu a «frigideira» e, apesar das diligências, a família não foi autorizada a visitá-lo. Libertado em 13-11-1945, por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, voltou, temporariamente, para Silves. Mudou-se para Lisboa, onde trabalhou como empregado de escritório e manteve, durante alguns anos, ligação ao PCP. Os últimos dezoito anos de vida foram passados no Montijo, onde montou uma fábrica de cortiça. Faleceu em 17-01-1980, em Alcochete.

Sebastião Salvador Rosinha

Sebastião Salvador Rosinha
Nasceu em 10-03-1906, no Seixal. Ajudante de motorista, com residência no Montijo, foi preso em 21-12-1936, «por detentor de material explosivo», recolhendo à Cadeia do Aljube. Transferido, em 17-03-1937, para Peniche, retornou, em 01-06-1937, ao Aljube, a fim de seguir, em 05-06-1937, para o Tarrafal, sem ter sido julgado e onde foi incluído no grupo dos «rachados» por renegar as suas ideias e colaborar ativamente com a direção do Campo. Regressou em 20-02-1945, entrou no Forte de Caxias e, em 10-03-1945, foi condenado em dois anos de prisão correcional, dada por expiada com os 8 anos e 80 dias de prisão sofrida. Libertado em 22-10-1945, por estar abrangido pela amnistia de 18-10-1945.

Sérgio de Matos Vilarigues

Sérgio de Matos Vilarigues
Nasceu em 23-12-1914, em Routar-Torredeita, Viseu. Cortador de carnes verdes, era militante da FJCP desde 1932, integrou, em 1933-1934, o SVI e terá participado no 18 de janeiro de 1934. Preso pela PSP de Lisboa na madrugada de 23-09-1934, junto à Rocha de Conde de Óbidos, por colar tarjetas. Entregue à PVDE e levado, incomunicável, para a 20.ª esquadra, passou, em 27-09-1934, para a 1.ª esquadra e entrou no Aljube em 08-11-1934. Condenado, em 23-03-1935, a 23 meses de prisão, foi transferido, em 05-04-1935, para Peniche, aderindo ao PCP. Embarcou, em 08-06-1935, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, quando já cumprira a pena e onde integrou a OCP. Amnistiado, regressou em 15-07-1940, participou na reorganização comunista e, em 1942, entrou na clandestinidade, de onde só saiu em 1974. Tornou regular o funcionamento do aparelho partidário de passagem das fronteiras, permitindo-lhe sair e reentrar do país com frequência, e durante dezasseis anos – 1947-1954, 1955-1958, 1966-1972 - foi o responsável pelo funcionamento do jornal «Avante!». Faleceu em 08-02-2007, em Lisboa.

Silvino Leitão Fernandes Costa

Silvino Leitão Fernandes Costa
Nasceu em 1912, Monte Pedral. Ajudante de farmácia, integrava, desde 1931, a FJCP, encontrando-se referenciado pela polícia. Participou na reorganização daquela, assegurou a impressão de manifestos, procedeu à sua distribuição, garantiu ligações com a província, incentivou a formação de células no Exército e integrava as chamadas «Brigadas de Choque». Preso em 24-04-1932, na serra de Monsanto, o ministro do Interior fixou-lhe residência na ilha Terceira, por ser «elemento de uma atividade extraordinária e perigosíssima», ficando a aguardar o embarque na Penitenciária. Em 10-08-1932, foi decidido que seguisse para Cabo Verde ou Timor. Condenado, em 20-10-1934, a dez anos de degredo, acusado de, em 1932, participar no fabrico, transporte e uso, para experiência, de bombas. Interpôs recurso, mas a sentença seria confirmada em 03-11-1934. Levado para Peniche (19-12-1934) e Aljube (20-03-1935), embarcou, em 23-03-1935, para Angra do Heroísmo. Seguiu, em 23-10-1936, para o Tarrafal, onde adoeceu com a biliosa e se revelou um auxiliar precioso do enfermeiro Virgílio de Sousa. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, saindo em liberdade.

Tomás Garcia

Tomás Garcia
Nasceu em 10-03-1907, na Azambuja. Ajudante de motorista, com residência em Lisboa, foi preso em 26 de agosto de 1931, acusado de estar implicado na revolta contra a Ditadura Militar. Levado para o Quartel do Carmo por soldados da GNR, passou para a Penitenciária e, em 02-09-1931, e foi deportado para Timor. Abrangido pela amnistia de 05-12-1932, regressou em 09-06-1933. Libertado, terá ido viver para Tagarro, no concelho da Azambuja. Novamente a viver em Lisboa, onde era canalizador, foi detido em 16-04-1937 e mantido, incomunicável, numa esquadra. Seguiu, em 13-05-1937, para a 1.ª esquadra e daí, em 02-06-1937, para o Aljube, embarcando, em 05-06-1937, para o Tarrafal, quando estava em prisão preventiva a aguardar julgamento. Por ter sido abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, saindo em liberdade.

Tomaz Batista Marreiros

Tomaz Batista Marreiros
Nasceu em 22-08-1906, em Vila do Bispo. 1.º fogueiro da Armada, em serviço no contratorpedeiro «Dão», integrava o Secretariado da Organização Revolucionária da Armada e foi considerado um dos dirigentes da «Revolta dos Marinheiros» despoletada em 08-09-1936. Enviado, nesse mesmo dia, pelo Comando da PSP de Lisboa à PVDE, recolheu à 1.ª esquadra e, em 12-09-1936, foi transferido para o Aljube, seguindo, em 18-09-1936, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa. Condenado, em 13-10-1936, a 6 anos de prisão maior celular, seguidos de 10 de degredo ou, em alternativa, a 20 anos de degredo, embarcou, em 17-10-1936, para o Tarrafal. Saiu de Cabo Verde em 30-07-1953, no vapor «Ana Mafalda», por ter sido transferido para Peniche, onde deu entrada em 06-08-1953. Libertado em 24-12-1953.

Tomaz Ferreira Rato ou Tomaz Ferreira da Silva

Tomaz Ferreira Rato ou Tomaz Ferreira da Silva
Nasceu em 05-03-1909, na Marinha Grande. Ferroviário e militante do PCP, foi preso em 01-12-1935. Levado para uma esquadra, iniciou o rodopio entre cárceres: Delegação do Porto da PVDE (12-11-1935), Peniche (22-12-1935), esquadra (15-04-1936), Aljube (16-05-1936) e, novamente, o Porto (28-05-1936). Condenado, em 23-06-1936, a 20 meses de prisão, passou por Peniche (30-06-1936) e Caxias (14-10-1936), antes de embarcar, em 17-10-1936, para o Tarrafal, quando lhe faltava cumprir pouco tempo de prisão. Estudioso da matemática e várias vezes castigado com a «frigideira», integrou o grupo de cinco presos que procurou evadir-se do Campo em maio de 1943: capturado ao fim de uma semana a deambular pela ilha, esfarrapado, a cair de cansaço, de fome e de sede, seria cruelmente torturado. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946 e saiu em liberdade. Detido em 10-10-1947 e transferido para Lisboa, foi submetido às torturas do sono e da estátua. Voltou ao Aljube (14-10-1947), Caxias (05-12-1947) e Peniche (05-06-1948). Libertado em 16-08-1950, fixou-se na Marinha Grande. Exilou-se em França, onde faleceu em 03-08-1998.

Virgilio Bartolini

Virgilio Bartolini
Cidadão italiano foi capturado pela PVDE no posto fronteiriço de Beirã em junho de 1941, por ter entrado clandestinamente, estar indocumentado e fazer-se passar por português. Acusado de alegado envolvimento em redes que tentavam organizar a passagem de refugiados para Portugal e de afirmações contestadas pela PVDE, seguiu para o Tarrafal, onde deu estrada em 08-01-1942, sem ter sido julgado. Por despacho do Diretor Esmeraldo Pais Prata, de 27-01-1944, saiu em 27-01-1944, com destino à Diretoria da PVDE. Terá desembarcado em Lisboa em 14-02-1944 e seguiu para Caxias. Entretanto, a Embaixada Britânica em Lisboa dirigiu-se à PVDE, nessa mesma data, a solicitar autorização para que Virgílio Bartolini ali se pudesse dirigir para tratar das formalidades necessárias à sua partida.

Virgílio de Sousa

Virgílio de Sousa
Nasceu em 27-04-1903, em Lisboa. Enfermeiro dos Hospitais Civis de Lisboa e militante do PCP, foi preso pela PVDE em 02-05-1937, «para averiguações», e recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Transferido, em 12-05-1937, para o Aljube, ficou na sua enfermaria entre 21 de maio e 5 de junho de 1937, dia em que embarcou, sem qualquer julgamento, para o Tarrafal, onde integrou a OCP e, depois, a Organização dos Comunistas Afastados. Castigado com vários dias de internamento na «frigideira», revelou-se, durante oito anos e meio, um «bom profissional de enfermagem» e, como tal, uma preciosa ajuda aos presos que adoeciam e que não tinham, intencionalmente, outra assistência méF1a ou medicamentosa. Diligente, infatigável e prestável, era, frequentemente, o único recurso dos deportados enfermos, apesar dos meios escassos ou inexistentes que possuía. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1945 e saiu em liberdade. Manuel Francisco Rodrigues, que o conhecera «nos tempos da nossa mocidade, quando o idealismo nos lançou para o seio das organizações da juventude sedenta de justiça e de liberdade», reencontrou-o no Tarrafal.

Virgílio Martins ou Virgílio Celestino Oliveira Martins

Virgílio Martins ou Virgílio Celestino Oliveira Martins
Nasceu em 27-10-1907, em Lisboa. Preso pelo Comando da PSP de Lisboa e entregue à PVDE em 29-01-1934, acusado de ser militante do PCP e ter feito propaganda da greve revolucionária de 18 de janeiro de 1934 junto dos operários da Administração do Porto de Lisboa. Foi-lhe apreendida uma pistola e respetivas munições, pertença de um guarda da PSP, então desarmado, e «um pedaço de carvão com que nas paredes das escadas e prédios da cidade desenhava a foice e o martelo». Condenado, em 08-03-1934, a 4 anos de degredo, embarcou, em 23-09-1934, para Angra do Heroísmo e, em 23-10-1936, seguiu para o Tarrafal, onde integrou a OCP e, depois, a Organização dos Comunistas Afastados. Apesar de ter cumprido, em 1938, a pena a que fora condenado, continuou em prisão preventiva por decisão da PVDE (ofício da SPS de 08-03-1938). Regressou em 20-02-1945, saindo em liberdade. Há no Museu Nacional Resistência e Liberdade - Peniche, um par de tairocas por si feitas no Tarrafal para se defender da terra escaldante que lhe queimava os pés.

Vitorino Domingues

Vitorino Domingues
Nasceu em 04-03-1888, em Castro Laboreiro, Melgaço. Trabalhador, foi entregue pela Comarca de Melgaço à Delegação do Porto da PVDE em 12-07-1940, ficando à disposição do TME. Condenado, em 20-08-1940, a 8 anos de degredo, «pena esta que substitui a pena de prisão correcional imposta no cível», «por ser detentor de um revolver de calibre 9 mm, arma proibida por lei, e com o qual no dia 3-05-1939 fez uso, disparando-o contra o seu irmão Manuel José Domingues, a quem causou ferimentos». Transferido, em 10-11-1940, para Caxias, embarcou, em 14-11-1940, para o Tarrafal, fazendo parte daqueles deportados que não eram politizados, nem integravam nenhuma das organizações criadas por afinidades ideológicas, tendo sido enviados para o Campo por possuírem, apenas, armas proibidas. Abrangido pela amnistia de 18-10-1945, regressou em 01-02-1946, saindo em liberdade.

Willi Kalleske

Willi Kalleske
Natural de Berlim. Marinheiro, com 33 anos, foi preso pela PVDE em 28-09-1939, por estar indocumentado. Recolheu à 1.ª esquadra e, em 24-11-1939, passou para Caxias. Por ter «desertado do vapor «Las Palmas», de que era tripulante, encontrando-se indocumentado, tendo-se recusado a abandonar Portugal e embarcar para a sua Pátria» e ser «considerado um indivíduo suspeito e indesejável, tendo tido um péssimo comportamento no D. P. de Caxias», o ministro do Interior, Mário Pais de Sousa, por despacho de 02-05-1940, determinou «a sua transferência para a Colónia Penal de Cabo Verde». Embarcou, em 21-06-1940, para o Tarrafal, foi instalado no «porta-aviões», barraca onde os «rachados» gozavam de algumas concessões e, em 28-05-1941, intentou uma fuga por mar com Erich Willy Rindfleisch, por gozar de alguma liberdade fora do Campo. Capturado, seria, então, interrogado, selvaticamente espancado a cavalo-marinho e encerrado na «frigideira». Regressou em 27-01-1944, entrou no Hospital Júlio de Matos e seguiu, em 02-02-1944, para Caxias. Enviado para Peniche em 09-02-1944, foi libertado nesse mesmo dia. Ficou com residência fixa em Peniche.

Zeferino Soares

Zeferino Soares
Nasceu em 02-05-1905, em Belmonte. Soldador, foi preso pela PIDE em 04-04-1947, «para averiguações», e enviado para Caxias. Embarcou, em 11-04-1947, para o Tarrafal, sem ter sido julgado, tendo, muito provavelmente, participado na greve dos trabalhadores das construções e reparações navais dos estaleiros de Lisboa, dinamizada pelo PCP. Tal como os outros presos na mesma circunstância, ficou em instalações diferentes dos que já se encontravam no Campo, vigiado por guardas da PIDE. Libertado em 20-05-1947, ficou com residência fixa na Cidade da Praia, conservando-se ali até 10-09-1947, data em que embarcou para Lisboa. Apresentou-se na sede da PIDE em 18-09-1947 e saiu em liberdade condicional. Obteve a definitiva em 01-08-1948.

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