Cinquentenário da Libertação dos Presos Políticos, 1.º de Maio de 2024
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril concebeu a Exposição «Tarrafal, da repressão à liberdade», em instalações do antigo Campo de Concentração do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, com o intuito de contribuir para preservar a memória histórica da repressão que ali se abateu sobre quase 600 presos políticos de Portugal, Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, durante mais de 30 anos.
Esta iniciativa assinala os 50 anos da libertação destes detidos, que teve lugar no 1.º de maio de 1974.
A Exposição foi desenvolvida em cooperação com a Embaixada de Portugal em Cabo Verde e o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., em conexão com o Instituto do Património Cultural de Cabo Verde.
O projeto foi inaugurado na manhã do dia 1.º de maio com a presença do Presidente da República Portuguesa, do Presidente da República de Cabo Verde e do Ministro da Defesa Nacional da República de Angola. Esteve também presente a Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril. A exposição ficará patente ao público a partir dessa data.
O Campo de Concentração do Tarrafal, mais tarde crismado de Campo de Trabalho de Chão Bom, permanece como o símbolo mais significativo do sistema prisional da ditadura implantada em Portugal em 1926 e que só foi derrubada em 25 de Abril de 1974. As condições do espaço e a forma como os detidos eram tratados fez com que fosse conhecido como ‘Campo da Morte Lenta’.
Passados 50 anos sobre a libertação dos presos aqui detidos, esta Exposição pretende contribuir para a preservação e divulgação da memória histórica do Tarrafal, introduzindo os visitantes do Campo no seu universo histórico, político e social.”
«Tarrafal, da repressão à liberdade» contempla a musealização de três espaços na entrada do Campo, recorrendo a materiais audiovisuais e fotográficos, e a depoimentos sobre diferentes aspetos da vida prisional nas duas fases do Campo, abordando questões essenciais como a violência, a censura, o trabalho forçado e os castigos e, também, a cultura e instrução e a resistência dos presos.
O projeto inclui ainda a musealização do espaço de acesso aos pavilhões, com telas (ver imagens) abordando aspetos essenciais da criação e funcionamento do Campo e o reforço da biblioteca do Campo com cerca de uma centena de livros de memórias de antigos presos, livros proibidos em Portugal e nas suas antigas colónias, durante a ditadura, estudos e dicionários sobre aquele período.
No âmbito desta evocação, foi também publicado o livro «Tarrafal-Presos Políticos e Sociais (1936-1954 e 1961-1974)» e criado um Centro de Documentação online sobre o Tarrafal (www.tarrafal-cdt.org), aberto à consulta pública a partir de 1 de maio de 2024.
No edifício da Biblioteca do Campo, serão ainda instalados dois computadores com acesso à Internet e foram oferecidos uma centena de livros, reunindo obras memorialísticas de presos no Tarrafal, estudos sobre o Campo e livros proibidos durante a ditadura.
Entretanto, estamos a publicar gradualmente nestas páginas aspetos principais da exposição - que pode consultar no menu colocado à direita.