«Impossível não recordar Brecht, quando referem Amílcar Cabral, um nome marcante na História das lutas de libertação em África. Estes são alguns dos homens que lutaram por ele, com ele, que o ajudaram a conseguir a liberdade não só da Guiné e Cabo Verde, mas de todas as colónias portuguesas e, mesmo, de Portugal e nas antigas colónias, mas cujos nomes poucos recordam. Impõe-se-nos um dever de memória: inscrever na História – de que foram, também, autores – os seus nomes esquecidos.»
«Dever de memória que é, também, uma forma de perpetuar a luta contra o regime que os enviou para esse campo ermo na Ilha de Santiago, lugar longínquo, prisão e desterro em simultâneo, buscando conseguir, como escreve Fernando Rosas no Prefácio, “a morte cívica e política do condenado”. Separando-os do seu meio, do seu chão, da sua família […] o regime pretendeu eliminá-los, condená-los ao esquecimento, matá-los em vida.»
«Falar desses presos não é só devolver-lhes a identidade que quiseram roubar-lhes, nome, sempre que possível dados biográficos e fotografia, é sublinhar essa vitória, é derrotar de novo o colonial-fascismo, reforçando essa outra função do dever de memória, que é impedir que se repitam de novo, nos nossos países, desterros e prisões. É dizer que homens simples, muitas vezes pobres, por vezes incultos, presos e barbaramente torturados, se animados pela força da razão, podem vencer polícias e exércitos e derrubar ditaduras.»
«A história que se conta neste livro é a de homens a quem quiseram destruir toda a esperança e que souberam resistir até à vitória: […] Obrigada, Resistentes!»