«Em dezembro de 1949, treze anos depois da abertura do Campo, houve a inédita visita de familiares de um deles: Herculana de Jesus da Costa Dias e Luís Alves de Carvalho, pais de Guilherme da Costa Carvalho, enviado para o Tarrafal havia três meses. Chegaram de barco, via São Vicente, e hospedaram-se em casa dos comerciantes Eulália Cândida Fernandes Andrade, mais conhecida por Nha Beba, e José Freire Andrade, Nho Papacho.»
«Durante uma semana, Herculana e Luís contactaram com os deportados políticos, abraçaram-nos como se fossem filhos, fotografaram-nos, individualmente e em grupo, ouviram-nos, de forma a transmitir notícias às respetivas famílias, e homenagearam aqueles já falecidos, visitando e documentando cada uma das campas.»
«Depois percorreram o país, visitando as famílias, para lhes levar notícias e fotografias dos presos – e recolher informações e imagens para entregarem a estes, quando retornassem a Cabo Verde, os retratos dos entes queridos. Assim fizeram na sua segunda viagem, em junho de 1950.»
«Estas duas únicas visitas tiveram forte impacto afetivo, reforçaram laços solidários e perduraram na memória daqueles que as viveram “como um símbolo de coragem, de abnegação, de amor ao próximo”.»