«Foi num contexto europeu e mundial marcado pelo avanço dos autoritarismos e dos fascismos, num tempo de radicalização política do Estado Novo e no qual as oposições reviralhista, anarquista e comunista tinham sido profundamente atingidas, que eclodiu a Revolta dos Marinheiros.»
Aquela ocorreu na madrugada de 8 de Setembro de 1936, envolveu o contratorpedeiro Dão e os avisos Afonso de Albuquerque e Bartolomeu Dias e foi dirigida pela Organização Revolucionária da Armada, estrutura autónoma do Partido Comunistas Português fundada em 1932:
«Do conjunto de 82 marinheiros condenados, 48 foram enviados para a Fortaleza de Angra do Heroísmo (Açores), como tinha acontecido anteriormente com os seus camaradas da ORA já presos, e 34 seguiram para o campo de concentração do Tarrafal (Santiago, Cabo Verde).»
«Na Revolta dos Marinheiros de 1936, o principal desafio consiste em perceber aquilo que muitos homens da Armada queriam, sentiam, aquilo por que lutavam, e como actuaram naquelas circunstâncias.
Final de um ciclo de protesto e de intervenção naval no campo político, a Revolta dos Marinheiros enquadra-se também na história mais geral das oposições à Ditadura Militar e ao Estado Novo, enquanto expressão de uma cultura de resistência que marcou alguns grupos específicos, entre os quais os marinheiros.»