Cabo Verde

Lista dos presos cabo-verdianos enviados para o Tarrafal

Aderiu a um grupo clandestino do PAIGC, orientado por Pedro Martins, na zona de Santa Catarina, trabalhando na mobilização e aliciamento de quadros para a luta.

Nasceu em Santa Catarina, Santiago, Cabo Verde, em 1951. Aderiu ao PAIGC em finais da década de 60. É preso aos 19 anos, acusado de mobilizar participantes no desvio do «Pérola do Oceano»: «Estive na Cadeia Civil da Praia, praticamente seis meses a ser torturado pela PIDE, e como não se conseguiu uma acusação coerente contra mim, mandaram-me para o Tarrafal». «Tivemos dois ou três meses sem sol, só mais tarde começaram a dar-nos meia hora de sol por dia e no fim meia hora de manhã e meia hora à tarde».

Ligado a elementos que, na clandestinidade, e na zona de Santa Catarina, Santiago, procuravam mobilizar pessoas para a luta de libertação de Cabo Verde conduzida pelo PAIGC, fez parte do grupo que em agosto de 1970 tentou o desvio do navio «Pérola do Oceano» para Dacar, a fim de se juntar à luta armada de libertação conduzida pelo PAIGC. Preso na sequência dessa ação, passou cerca de seis meses na Cadeia Civil da Praia, sendo depois, com os seus companheiros de aventura, transferido para o Campo de Concentração do Tarrafal, então rebatizado e Campo de Trabalho de Chão Bom, de onde só sairia n
«Luisinho» Nasceu a 13 de março de 1944, em Santa Catarina, Santiago, Cabo Verde. Mobilizado por Pedro Martins e Ivo Pereira para o PAIGC em 1968/1969, integrou o grupo que tentou desviar o «Pérola do Oceano»: «Veio um senhor, José dos Reis Borges (…), disse-nos que era da direção do PAIGC e passou a trabalhar connosco também. Conseguimos arranjar fardas, armas, etc., fomos para a Praia, embarcámos para o Fogo e Brava, e, no meio do caminho, conseguimos tomar o Pérola do Oceano.
Nasceu na Ponta do Sol, Santo Antão (Cabo Verde), a 17 de maio de 1947. Durante parte da infância e juventude viveu em S. Vicente. Aderiu ao PAIGC na década de 60. Preso alguns dias pela PIDE em 1966, e de janeiro a março de 1967, é preso em dezembro, na sequência das prisões de Lineu Miranda, Carlos Dantas Tavares e Jaime Schofield. Aguardam, na Cadeia Civil da Praia, o julgamento, que tem lugar em julho de 1969.
«Dissanto» Nasceu em Santa Catarina, ilha de Santiago, Cabo Verde, em junho de 1927. Aderiu à luta inspirado por um texto de Amílcar Cabral. Tendo participado em agosto de 1970 na tentativa de desvio do «Pérola do Oceano», esteve três meses preso na Praia, e foi depois enviado para o Tarrafal. Foi no Campo que, com Lineu Miranda, Luís Fonseca, Jaime Schofield e Carlos Dantas Tavares como professores, aprendeu a ler e a escrever e fez a quarta classe. Mas foi um conflito com Lineu a levá-lo à cela de castigo, a «holandinha»: «Um quarto com 70 cm de altura e 70 de largura.
«Zéqui» Nasceu em Santa Catarina, Santiago, Cabo Verde, em 8 de dezembro de 1940. Marcado pela fome de 1947 e pela ligação a um deportado português amigo do pai, cedo entendeu que a luta pela independência era o único caminho. No final da década de 50, frequentando em Portugal o curso de regente agrícola, manteve contactos com a Oposição portuguesa, mas regressou a Cabo Verde por influência de Amílcar Cabral: «O nosso trabalho era ‘desbravar’ o chão para os que vinham depois.
«Djoca» Nasceu a 31 de março de 1945, em S. Miguel, na ilha de Santiago, Cabo Verde. Em agosto de 1970, participou na tentativa de desvio do «Pérola do Oceano». O projeto consistia em que, já perto da Ilha do Fogo, rumassem para Dakar. Mas o capitão declarou não ter combustível e foi ancorar em Rincão para o chefe dos assaltantes, Reis Borges, ir buscar à Assoamada dois bidões de gasóleo. Quando Reis Borges desembarcou, temendo ter sido traídos, «Djoca» e outros desembarcaram também, entregando-se à Polícia três dias depois.
Nasceu na Cidade da Praia, ilha de Santiago, em 1952. Tem 17 anos quando José Reis Borges, seu tio por afinidade, que se diz militante do PAIGC, o desafia para uma deslocação a Conacri, para prepararem a luta de libertação no arquipélago. Desviam um barquinho de ligação entre ilhas, «Pérola do Oceano». Embarcam na Praia, na noite de 19 para 20 de agosto de 1970. Mas quando Reis Borges ordena que o barco se dirija para Dakar, falta combustível para lá chegar. José sai com Juvêncio da Veiga para comprar combustível. Como não regressem, Divo desembarca para os procurar.
Nasceu em S. Vicente a 27 de maio de 1939. Interrompeu os estudos liceais por morte do pai, empregando-se como professor primário. Em 1966, organiza com Carlos Dantas Tavares e Lineu Miranda uma célula do PAIGC em Santo Antão. A PIDE prende-os em 8 de outubro de 1967 e, pouco depois, outro elemento, Luís Fonseca. Aguardaram julgamento cerca de dois anos na Cadeia Civil da Praia (Santiago): «Éramos de Barlavento mas fomos julgados em Sotavento, na Praia.