Texto IPC:
O Museu do Campo de Concentração do Tarrafal, denominado de Museu da Resistência, aquando da sua inauguração em dezembro de 2000, encontra-se instalado no Ex. Campo de Concentração do Tarrafal, antiga prisão portuguesa construída no ano de 1936 para receber numa primeira fase, de 1936 a 1956, os presos portugueses antifascistas e numa segunda fase, de 1962 a 1974, os presos anticolonialistas.
Assim, para preservar e perpetuar parte da memória histórica desse período, o período salazarista, e da luta pela independência das ex-colónias portuguesas em África, nomeadamente Angola, Guiné Bissau e Cabo Verde foi criado este espaço de memória coletiva transnacional.
A musealização, do Campo passou por fases distintas, sempre com o objetivo de retratar a história e a vivência do complexo. Numa primeira fase, de 2000 a 2009, financiado pela Secretaria de Estado da Cooperação Portuguesa, o museu tinha apenas uma sala de exposição, na antiga Secretaria do Campo, dedicada sobretudo há 1ª fase do funcionamento enquanto Colónia Penal.
Na 2ª fase, inaugurado a 1 de maio de 2009, na sequência do Simpósio sobre “Tarrafal”, o museu passou a ter dois espaços expositivos, um destinado ao período enquanto Colónia Penal de Cabo Verde (1936-1956) e um outro destinado ao Campo de Trabalho de Chão Bom (1962-1974). Numa 3ª fase, inaugurado a 20 de janeiro de 2016, fez-se uma redefinição museológica e museográfica abarcando toda a parte externa e interna do Campo, musealização in situ, com a criação de um circuito que se inicia desde a “porta de arma”, logo à entrada do Campo, passando pelos anexos (antigas moradias dos funcionários, dos oficiais e guardas do Campo, caserna, casa de armas, secretaria, etc.) e culminando no interior do complexo prisional.
Todavia, a mais recente intervenção realizada neste espaço museológico sucedeu no início do ano de 2021, na sequência dos trabalhos de reabilitação no complexo prisional enquadrado no projeto PRRA. Assim, realizou-se um novo projeto museológico e museográfico, que procurou trazer ao museu uma grande diversidade de conteúdos e maior funcionalidade do mesmo, fazendo com que este seja um espaço de promoção cultural, de lazer, mas sobretudo um espaço de memória e de emoção.
Esta requalificação permitiu dignificar ainda mais este espaço de memória dos povos da “África portuguesa”, que é Património Nacional desde 2006 e que se encontra inscrito na Lista Indicativa de Cabo Verde para a Unesco, e, por conseguinte, um potencial candidato a Património da Humanidade.
O Museu do Campo de Concentração hoje não deixa de ser, um espaço de referência capaz de transmitir e muito mais do que isso, educar o seu público para que se sinta engajado na conservação e preservação e valorização da memória coletiva dos povos de Cabo Verde, da Guiné, Angola e Portugal, na sua luta incansável pelo bem comum, a liberdade e a paz.